. O dia passou sem muitas coisas interessantes, Pierre não me tirou mais do sério e ele passou o resto do dia com Paige, ele a alimentou, fez tudo o que quis quando deram seis horas da tarde era hora dele voltar pra Brasília, senti o mesmo aperto no peito quando senti há um mês atrás quando ele se foi, eu já não tinha mais esperanças se agora que ele resolveu voltar estava namorando, quando voltar novamente vai estar casado. Fiquei no quarto com Paige até que ele entrou, é ele ainda não tinha ido.
- Posso entrar?- ele pergunta.
- Já entrou. – falo seca e dou atenção pra Paige.
- Vim me despedir de vocês. – ele diz.
- Eu não preciso, disso. – eu falei.
- Só queria saber, porque não gosta que eu te fale um tchau, ou até um adeus. – ele pergunta.
- Vou te falar a mesma coisa que disse no velório do Gabriel pra mãe dele, eu não gosto de despedidas, sei lá não me sinto bem me dá uma aflição, parece que a pessoa nunca mais vai voltar e no seu caso, é bem provável. – eu digo.
- Eu vou voltar. – ele diz.
- Não preciso de promessas também, aliás, eu não preciso de nada que venha de você, só um mero respeito. – eu falo.
- Isso não é uma promessa e sim uma certeza. – ele fala.
- Mesmo assim, não preciso. Já se despediu? Pode ir agora. – ergo a alça da blusinha de Paige, ele a pegou no colo e deu um beijo bem demorado em sua bochecha.
- Papai te ama, e por você faço a promessa, que voltarei. – ele diz olhando em seus olhinhos.
- Coitada! – digo baixo, porém acho que ele ouve.
- Como disse? – ele diz tentando entender.
- Eu disse... Coitada, me dá ela e sai. – eu disse.
- Você não vai sentir minha – ele tosse- Falta? – enrosca nas palavras.
- Eu deveria sentir? – eu pergunto.
- Não sei acho que sim. – ele diz.
- Me dê um motivo pra sentir sua falta. – cruzo os braços.
- Nos amamos!- ele diz um pouco seco.
- Você me ama, porque eu não te amo, aliás, tirarei você do meu coração a partir do momento que sair pela aquela porta. – aponto pra porta entreaberta.
- Não faz isso comigo. – ele fala.
- Não só faço como já fiz!Tchau Pierre. – eu digo e ele me entrega Paige.
- Tchau Heloíse. – ele sai batendo o pé encosta a porta e eu fito o teto para não chorar, seria assim... Pierre Silver sairia da minha vida por bem ou por mal.
. Passo o resto da noite observando Paige, poderia parecer estranho, mas acho que e ela teria o mesmo gênio orgulhoso do pai, porque se derrubasse qualquer brinquedo ela não se esticava pra pegar, eu tinha que dar uma de empregada e pegar para a madame. Coloco a mão na sua barriga que está murcha, deveria estar com fome, desço com ela pra cozinha e não tem ninguém, com certeza ele já deveria ter partido, senti um pouco de arrependimento pelo o que disse, acho que o machuquei.
‘’ Que irônico, uma garota machucada, falando de machucados. ’’ – penso.
. Afasto os pensamentos de arrependimento e começo a preparar um miojo para nós.
- Se arrepender só do que não disse, Pierre merecia ouvir tudo que ouviu, chega de se lamentar por águas passadas. – eu digo olhando pra panela.
. Começo a pensar em tudo que andou me acontecendo esses últimos meses, em Gabriel, como ele faz falta. Não tenho mais coragem de ir à escola, porque eu sei que nas aulas de educação física não vai ser ele o professor, porque ele está agora enterrado naquele buraco escuro, que raiva de mim, que raiva de Taylor.
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A garota do 169
RomanceCom a perda repentina dos pais em um acidente de ônibus quando tinha apenas dez anos de idade, Heloíse ou Helô como gosta de ser chamada teve que aprender com muita força de vontade a se virar sozinha. Com um grau de desastre aflorado, Helô era do...