. Entrei naquele negócio e as únicas coisas que vi foi muitas portas e muitos policiais fardados que além do mais eram lindos. Senti uma insegurança tomar conta de mim, não sei do que eu temia sendo que tinha a faca e o queijo na mão, talvez seja o amor que sinto pelo Pierre que me deixa assim tão desconcertada, mas ele merece um castigo por ter me feito entrar em desespero.
. Ao chegar à recepção eu ia perguntar pra secretária se ela havia visto a minha advogada, mas nem deu tempo porque quando ia abrir minha boca ela chegou.
- Olá. – ela sorri.
- Oi. – eu digo meio tenso.
- Relaxe, isso não é um bicho de sete cabeças. – ela tenta me acalmar, mais piora.
- Estou meio desconcertada. – eu digo abaixando a cabeça.
- Posso te fazer uma pergunta? – ela diz.
- Claro. – eu falo.
- Você gosta do pai da sua filha?- ela diz e foi como um soco na boca do estômago. Fiquei sem ar e nem soube o que dizer, resolvo, dizer a verdade.
- Sim. – foi somente o que eu disse.
- Então é normal mesmo o que você está passando, estranho seria se você não gostasse dele e estaria ai toda desconcertada. – ela tenta me fazer sorrir.
- É, faz sentido. - eu digo e ele aparece por outra parte , estava sóbrio dessa vez, gelei e seu advogado me encarou.
- Oi. – Pierre disse seco.
- Oi. – respondi seca também.
- Boa sorte. – ele disse.
- Eu já tenho a sorte. – eu digo com ar de vitória.
- Hum... Quero que saiba que não estou aqui pra uma disputa, eu sei que errei em tudo que fiz, mas eu adoraria que você não tivesse levado tão a sério. –ele diz parecia realmente arrependido.
- Pierre você seqüestrou a minha filha!- eu disse.
- Que é minha também. – ele disse acrescentando.
- Vem Heloíse, você não pode se estressar. – a advogada me tira dali.
- Nos vemos, lá dentro. – Pierre diz e eu só assento com a cabeça que sim.
. Ana Paula me leva pra tomar uma água e já consigo notar que meus olhos estão cheios de lágrimas, ela me abraça.
- Calma. – ela faz carinho na minha cabeça.
- É tudo muito complicado. – eu seco uma lágrima que ia molhar sua camiseta.
- Eu sei, é amor... Tem certeza que quer ir à diante com tudo isso Helô? – ela diz.
- Eu não sei. – suspiro e volto a chorar.
- Se estiver disposta a desistir, rasgamos aquele papel e saímos porta a fora sem olhar pra trás. – ela diz.
- Pierre merece um castigo Ana Paula, não posso voltar atrás com minhas decisões, sim... Eu quero por isso a diante. – eu agora estava mais confiante, uma secretária chega.
- O juiz as espera na sala dele. – ela diz, eu gelo.
- Obrigada. – Ana Paula sorri amigável.
- É agora ou nunca! – ela me diz.
- Socorro!- falei fitando o teto.
- Vou te fazer mais uma vez a pergunta: Tem certeza que quer levar isso à diante? – ela diz paciente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A garota do 169
RomanceCom a perda repentina dos pais em um acidente de ônibus quando tinha apenas dez anos de idade, Heloíse ou Helô como gosta de ser chamada teve que aprender com muita força de vontade a se virar sozinha. Com um grau de desastre aflorado, Helô era do...