. Subo as escadas com receio e com Paige no colo,minhas pernas estavam bambas, logo chego a um corredor um pouco extenso que tinha algumas fotos e sempre a minha de recém-nascida estava ali, será que os filhos deles sabiam que eles eram os meus irmãos?Será que Caio, sabia que era meu irmão?Escuto a porta abrir e quando vejo, é ele saindo do quarto.
- O que está fazendo aqui, mandona?- ele diz grosso.
- Não interessa, sou mandona mesmo. – digo e entro com Guilherme no quarto que por sinal não era muito grande, tinha uma televisão um pouco velha, uma cama de casal grande algumas roupas em cima de um criado mudo, a cor das paredes era meio bege, só tinha o abajur ligado, as janelas fechadas e uma mulher que pela sua aparência, estava bem doente... Ela estava coberta e estava muito calor, me aproximo dela e Guilherme acende a luz, sento em uma cadeira que estava ali bem pertinho de sua cama.
- Oi. – não sabia por onde começar, ela me olha ergue as mãos e passa no meu rosto.
- Você é minha, filha? – ela dá um sorriso.
- É o que parece. – eu digo, eu não queria ser grossa.
- Você voltou, pra mim Heloíse? – ela abre outro sorriso.
- Não sei dizer, senhora. – respiro fundo.
- Me chama de mãe, porque você não me chama de mãe?- ela derrama uma lágrima, estava fraca.
- Não é fácil pra mim... Acabo de descobrir que não sou filha dos pais que me adotaram, tenta me entender. – seguro sua mão.
- Eu te entendo minha filha, eu te entendo sua mãe está morrendo. – ela tosse.
- Não diga isso, você vai ficar bem. – falo.
- Estou com câncer, sou uma depressiva tenho menos de três meses de vida, eu não podia morrer antes de te encontrar, agora eu sei que posso morrer em paz agora. – ela dizia.
- Você não vai morrer, a senhora não acredita em Deus? – eu digo com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu acreditei tanto, eu pedi todas as noites para que ele me trouxesse você no dia seguinte, e você nunca apareceu. – ela tosse.
- E eu não estou aqui? – seguro sua mão um pouco mais forte.
- Talvez agora, seja tarde filha. – ela diz, vira pro lado e vomita em um lixinho, olho pra Guilherme que derrama algumas lágrimas, eu não podia chorar eu tinha que ser forte por todas aquelas pessoas.
- Acredite nele, ele te ama tanto. – eu digo.
- Eu não consigo mais, filha. – ela derrama mais lágrimas.
- Qual é seu sonho? – pergunto.
- O meu sonho já está concretizado, era te encontrar, era te ver assim e quem é esse bebê? – ela olha pra Paige.
- É minha filha. – pergunto.
- Eu já sou avó. – ela sorri e eu assenti com a cabeça que sim.
- Deixe-me pega-la? – pede.
- Sim. – entrego Paige com cuidado a ela.
. Paige sorri no colo dela, elas brincam mesmo a senhora estando tão ruim.
- Qual é o seu nome? – pergunto.
- Roberta. – ela diz um pouco fraca.
- Vovó. – Paige dá um beijo em sua testa, vejo que ela chora mais ainda.
- Sim, vovó que está morrendo. – dona Roberta diz. – A pegue, preciso vomitar. – ela me entrega Paige correndo e vomita.
- Tenho que ir, embora. – eu digo levantando.
- Filha. – a escuto me chamando.
- Oi? – me viro.
- Não saia mais da minha vida, por favor, eu não suportaria perde-la de novo. - ela diz.
- Ok, mãe. – eu digo peraí eu a chamei de ‘’ mãe’’?
- É bom te ouvir, me chamando de mãe. – ela diz
. Volto dou um beijo em sua testa.
- Eu te amo. – ela me diz e eu sorrio agradecida.
. Ela dá um beijo na testa de Paige e eu saio, desço as escadas e Guilherme vem logo atrás.
- Ela está morrendo, Helô. – ele diz.
- Eu percebi Gui. – abaixo a cabeça, triste.
- Me perdoa? – ele pergunta.
- Não tenho o porquê de te perdoar, você só quis me salvar da pobreza. – eu digo e o abraço.
- Você será capaz de um dia me chamar de pai? – ele pergunta ainda me abraçando.
- Claro pai. – dou um sorriso fraco, um beijo em seu rosto. Ele dá um beijo na testa de Paige e nós vamos pra casa, é muita coisa para um dia só, estou confusa... Agora eu sei quem são meus pais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A garota do 169
RomanceCom a perda repentina dos pais em um acidente de ônibus quando tinha apenas dez anos de idade, Heloíse ou Helô como gosta de ser chamada teve que aprender com muita força de vontade a se virar sozinha. Com um grau de desastre aflorado, Helô era do...