. Chegamos até o seu carro, ele colocou o Arthur na cadeirinha e como só tinha uma eu fui com Paige no meu colo, fomos conversando o caminho todo até o restaurante.
- Você me disse que ia pra sua casa chorar – ele tosse. – Posso saber o motivo?- ele pergunta preocupado.
- Pode sim, eu larguei do Pierre. – falei e ele freou sem querer.
- Desculpe. – ele diz. – Por quê? – perguntou.
- O peguei com outra hoje, tipo fui chamá-lo pra ir comigo dar a vacina em Paige e quando cheguei lá a porta estava aberta , eu entrei e peguei os dois. – falo e percebo que meus olhos já se enchem de lágrimas.
- Poxa vida, eu sinto muito. - ele me consola.
- A vida nem sempre, é do jeito que queremos. - eu falo.
- Deveria ser. – ele fala e estaciona o carro. – Chegamos. – ele sorri.
. Nós conversamos tanto que nem percebi que estávamos em um restaurante bem famoso que ficava de frente pro mar e o caminho foi tão rápido... Desci do carro com Paige, peguei sua bolsa, ele tirou o Arthur da cadeirinha e pegou as coisas dele, trancou o carro e entramos.
. Entramos ao restaurante e alguns olhares caíram sobre nós, o que será que estavam pensando?Que eu era sua esposa e tinha dois filhos com ele, que chato. Procuramos uma mesa um pouco afastada da gente, cada um com seu bebê no colo, e uma atendente chegou.
- Bom dia, o que vão querer de almoço?- ela diz toda sorridente.
- Eu quero uma lasanha. – me adianto.
- Duas, por favor. – Gabriel acrescenta.
- O que vão querer pra beber?- ela diz.
- Uma coca, pode ser?- ele me pergunta e eu assento com a cabeça que sim.
- Ok então, só repassando é uma coca , e duas lasanhas certo?- ela diz anotando.
- Isso. – Gabriel diz.
- Ok, e só pra constar vocês formam um casal muito lindo e seus filhos são fofos. – ela diz toda babona olhando pras crianças, eu olho assustada pra Gabriel que sorri.
- Obrigada. – ele diz e desfaz o sorriso.
- Só é a verdade. – ela diz e sai rebolando, entra na cozinha e eu ainda estou imóvel.
- O que foi isso. – depois de muito tempo respondo.
- Um elogio? – ele diz como se fosse óbvio.
- É eu sei que foi um elogio, mas tipo. – eu arregalo mais os olhos.
- Fica tranqüila. – ele diz tirando as mãozinhas de Arthur que estava louco pra pegar o copo.
- Porque deu corda pra ela? – eu sorri.
- Pra não acabar com as expectativas da garota, tipo é ruim. – ele diz.
- Mas não somos um casal. – eu falo.
- É não somos, mas eles acham, então deixe que achem. – ele diz.
. Ficamos conversando coisas desnecessárias enquanto o nosso pedido não chegava, e quando chegou percebi que no meu prato vinha um papel branco, não qualquer papel parecia mais um bilhete.
- Aqui está. – a moça diz.
- Obrigada. – eu digo.
- Isso é pra você. – ela me entrega o papel.
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A garota do 169
RomanceCom a perda repentina dos pais em um acidente de ônibus quando tinha apenas dez anos de idade, Heloíse ou Helô como gosta de ser chamada teve que aprender com muita força de vontade a se virar sozinha. Com um grau de desastre aflorado, Helô era do...