Parada no refeitório silencioso da Casa da Vida, tudo o que eu quero fazer é bater minha cabeça na parede.
- Erick, que horas são mesmo?! - Indagou Mike, pela milésima vez, fazendo eu me arrepender amargamente por ter feito sua voz voltar com um feitiço.
Suspirei pesadamente enquanto Erick revirava os olhos.
- Já falei, Mike, meio dia!
- Desculpe, cara! Estou nervoso! - Falou Mike, em um tom histérico.
- Você não é o único... - Falei, sentindo meu coração bater como uma locomotiva descontrolada.
Já era meio dia em ponto e juntos no refeitório esperando a pessoa - ou não - que nos levaria para o Mundo inferior.
Éramos os últimos iniciados ainda no local, que pouco tempo atrás estava barulhento e cheio de gente. O silêncio e o lugar ao lado de um filme de terror tão desconfortável me lembram muito o lugar ao lado de um filme de terror.
Mike desgostoso, agarrando o braço, que está solto ou um gemido solto, sendo o único de todo calmo e solto.
- Droga, Mike... Está me deixando ainda mais nervosa! - Protesto. - Fique quieto!
Olha, pode parecer exagerado e tudo mais. Não estamos fazendo pouco de Anúbis e nem nada é só que... morar com o diabo não agrada ninguém, certo?!
- Relaxem vocês dois. Pelos deuses! - Reclamou Erick.
O olheiro de cara feia, antes de dar um pulo de susto quando uma voz feminina e melodiosa surgiu do nada, cortando o silêncio do local.
- Iniciados de Anúbis?!
Mike esticou o corpo, dando um sorriso nervoso, balançando os braços para o nada.
- Estamos aqui! - Gritou, mais alto do que eu achei necessário.
Uma garota apareceu no nosso campo de visão, abrindo um sorriso estonteante assim. Ela devia ter uns 15 anos, assim como eu. Tinha o cabelo loiro, cheio de mechas verdes, olhos e pele branca. Usa um vestido azul claro, com um casaco jeans por cima, e saltos altíssimos e muito bonitos.
- Deuses, desculpem a demora, eu me perdi! - Falou, deixando os olhos se perderem no refeitório. - Nossa, isso tá tão diferente, há anos não venho aqui!
- Hã... desculpe?
- Por Rá, sinto muito. Eu chamo Rakel, e sou me iniciado de Anúbis assim como vocês. Vim aqui para buscá-los! - Exclamou Rakel, ainda sorrindo.
Mike estreitou os olhos, medindo a garota de cima abaixo.
- Eu Natália, esses são Erick e Mike... - Apresentei rápido, olhando para cada um dos garotos.
Rakel apertou nossas mãos, dando um pulinho alegre.
- Céus, não sabem como estou animado! Até que enfim novos seguidores! - Comemorou, olhando-nos como se fôssemos alguma obra de arte. - Não sabe como aquele castelo é chato sem ninguém da minha idade para fazer companhia!
- Hm... com licença. Eu não quero ser rude, maaaas você não é feliz demais e colorida demais pra ser uma seguidara de Anúbis? -uu Mike, olhando para Rakel como se fosse um crítico de moda.
A garota revirou os olhos.
- Estava esperando quem? Mortícia Addams? - Questionou.
Os garotos se entreolham, concordando em silêncio.
- Bom, enfim. É melhor irmos. Mas antes tem algumas coisas que precisam saber. No total, Anúbis tem cinco iniciados, contando com vocês, e isso é um registro! Agora somos eu, vocês e minha irmã... mas ela não contará por muito tempo, pois tem planos para viajar logo - Tagarelou Rakel.
- Ah. - Respondi apenas, não entendo muito bem o que a garota estava falando.
- Vocês podem ficar relaxados, mas não muito. Não temos regras como vocês tinham aqui na Casa da vida, então, procurem somente não fazer nenhuma besteira.
- Como é exatamente esse negócio de iniciado?
-Ah, normal. Pelo menos uma vez por ano Anúbis fica de bom humor, é um dia legal. O resto do ano... bem, eu o ignoro. - Falou Rakel, balançando a mão com desdém.
Franzi o cenho, olhando-a questionadora. Ignorar um deus? Sério?
- Então... quando vamos? - Perguntei curiosa.
Rakel sorriu.
- Agora, se possível! - Falou. - Ah, mas primeiro... - ela tirou três colares do bolso blusa. - Para vocês sobreviverem no Mundo inferior, eu também tenho que usar, apesar de brega.
Após Rakel nos entregar os colares ela nos mostrou o dela. Era um colar simples. Feito em metal negro, com um pingente grande em forma de cabeça de chacal. O toquei meus dedos esfriarem.
Enfiamos as golas rápidas no pescoço, escondendo-as dentro das camisetas.
- Achei legal, minha beleza... - Sorri Mike.
- Que beleza? - Indaguei irônica.
Mike me empurrou.
- Bom, acho melhor a gente ir. - Falou Rakel, tirando um amuleto do bolso. - Lembrando que viajar do mundo dos vivos para o interior do Duat pode causar um pequeno mal estar, mas não se preocuparm, isso passa com o tempo.
Olhei para Erick, que apenas deu de ombros.
Rakel colocou o amuleto no chão murmurando alguns comandos para ele. Em segundos nós reconhecemos diante de um portal.
- O que ela quis dizer com "pequeno mal estar?". -você pode Mike, receoso.
- Só vai descobrir se entrar. - Falei, o empurrando para dentro do portal logo atrás dele.
O ar em minha volta se contorceu, e assim que meus pés tocaram o chão do outro lado um desespero me tomou. Eu não sentia o arbítrio por minhas narinas e meu corpo se curvou, clamando por oxigênio. começou a tossir assim como Erick e Mike, que sufocava de um jeito bem teatral.
Rakel nos co com pena, dando uma pequenaçada no nariz.
Era difícil respirar com aquela atmosfera, mas aos poucos me senti ou voltando a entrar.
- Ai! Deuses, vocês estão bem?! - Questionei, olhando para meus amigos.
Os dois asentiram, massageando a garganta.
- Rakel, como assim a gente se acostuma? Não dá para se acostumar com isso! - Protestou Erick.
A loira comprimiu os lábios.
- Acreditem, muita coisa muda quando uma pessoa vem morar nas profundezas do duat. Vocês só estão assim porque estão... muito vivos ainda.
- Por Rá, muito vivos ainda? - Perguntei incrédula.
- Sim! - Rakel deu um voltinha. -Viu? Viva. Mas não muito.
Mike soltou uma risada nervosa.
- Pelos deuses, você tem um parafuso a menos, não é? E... Uau! Cara, olha isso aqui! - Mike para frente.
diante de um castelo feito com grandes paralelepípedos de pedras negras, com torres grandes que quase tocavam como nuvens. Atrás do castelo uma densa floresta de folhas verdes escuras e grandes árvores espalhadas, até o céu nublado.
Eu sinto, desacreditada, não imaginando uma pintura bonita o suficiente para conter aquela paisagem.
- Estamos no castelo de Osíris?
- Não! O castelo de Osíris é muito maior e mais bonito. Esse é o humilde castelo de Anúbis mesmo... - Respondeu Rakel, olhando com carinho para a construção.
- Só pode estar brincando! Vamos morar aqui? - Indagou Erick.
Rakel riu.
- Bem vindos ao lar!
Balancei a cabeça, olhando mais uma vez para o castelo, percebendo que vinha nossa direção.
Uma garota chegou e até nós com cara de poucos amigos. Sua pele era clara, mas bronzeada e seu corpo com curvas bem delineadas. Tinha cabelos castanhos e lisos, que desciam retos por suas costas. Ela parecia ter uns 18 anos e tinha uma carranca nervosa no rosto.
- Rakel, está atrasado! Anúbis está te esperando mais de 40 minutos! - Brigou a garota e logo depois ela nos mediu de cima a baixo com cara de nojo. - E, pelos deuses, coloque roupas melhores nessa gente... - A menina se tornou e saiu desfilando em direção ao castelo.
Olhei irritado para minhas roupas e depois para Rakel.
- Essa é sua irmã? - Perguntei.
- É. Luana. - Afirmou Rakel com uma careta. - E desculpem por isso...
- Qual o problema dela? -u Erick.
- Luana quer ser uma estilista. Ela tem um verdadeiro fanatismo por roupas, e é por isso que ela quer viajar. Pretende ir para Paris para começar uma carreira, mas sempre que tenta Anúbis acaba empatando.
- Ela me parece cruel. - Comentou Mike, olhando magoado para suas roupas. - Mais cruel do que imaginei o próprio Anúbis.
- Não ligue pra ela. - Disse Rakel, sorrindo. - Luana é meio arrogante, mas o que ela realmente quis dizer é para se sentirem à vontade aqui. Não estamos mais na casa da vida, não temos regras de vestimenta.
- Então, podemos nos vestir de qualquer jeito? - Perguntei.
- Mas é claro! Vamos, temos muito o que mudar em vocês! - Exclamou Rakel, antes de me puxar com ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO
Hayran KurguAmor. Uma palavra tão pequena, mas capaz de fazer grandes estragos, capaz de confundir e dividir as mentes e os corações das pessoas, capaz de deixar totalmente de lado a razão... Era assim que Natália se sentia, completamente dividida, completament...