O retorno dos antigos.

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DIAS DEPOIS.

PDV NATALIA.

Acordei de ímpeto, submetida à luz do sol que vinha da janela aberta. Gemi alto, coçando os olhos, apoiando-me nos cotovelos e erguendo-me sobre a cama. 

— Família? - Perguntei mas não obtive resposta.

Suspirei, levantando-me devagar, indo até o banheiro para executar o que eu pretendia fazer a dias: retirar os pontos da minha barriga. 

Era simplesmente horrível ter levado uma facada e o pós facada era ainda pior. Meu corpo inteiro doía, os pontos puxavam e tudo estava sensível. Literalmente tudo, o que incluía meu corpo físico, espiritual e meu emocional também. Eu estava um caco, não dava para negar.

Peguei uma tesoura na gaveta levantando a blusa do pijama e, quase como se eu tivesse um sensor, minha mãe adentrou o quarto como um cachorro farejador, parando na porta do banheiro.

— Eu estava sentindo que você iria fazer besteira! - Acusou. - Rick! 

— Mãe. - Reclamei. Meu pai se juntou a ela na entrada, soltando um forte suspiro. - Privacidade? 

— Para se machucar mais? Não! - Trovejou. 

— Os pontos já estão secos! E eles coçam, incomodam, pelos deuses, me deixem tirá-los! 

— Pode ter uma hemorragia! 

— Mamãe, meu ferimento já está quase todo cicatrizado. Não vai abrir novamente, eu sei. - Protestei, com convicção.

Minha mãe choramingou.

— Por que não pode simplesmente deixar os pontos no lugar? 

A olhei cansada. 

— Eu faço ou vocês fazem? - Indaguei. 

Meu pai veio até mim e tomou a tesoura da minha mão, abaixando-se até minha barriga. Me apoiei na pia tentando não reclamar de dor quando ele tocou o machucado. Com um baixo “tic” os pontos foram cortados e puxados para fora, deixando apenas um risco avermelhado na minha pele. 

Eu sorri.

— Viu? Eu disse que não ia abrir. 

— Sei. Faça um curativo decente pelo menos. - Ordenou minha mãe, se retirando do banheiro. 

Meu pai me olhou. 

— Não tente apressar as coisas, precisa se cuidar. - Lembrou ele. 

— Eu estou ótima. - Respondi, dando um sorriso amarelo. - Privacidade? 

— Ah, claro. - Disse, antes de sair também. 

Revirei os olhos, fechando a porta. 

Encarei meu reflexo no espelho com uma cara de dúvida. 

O que eu poderia dizer sobre mim naquele momento? Eu estava horrível? Claro. Eu estava deprimida? Obviamente. Eu odiava Anúbis com todas minhas forças? Impossível.

Droga! Aquele maldito! Como eu não conseguia odiar o Chacal depois do que ele fez? Estraçalhar meus sentimentos, fazer meu coração se quebrar feito uma onda, me ignorar enquanto eu sofria um atentado… mas mesmo assim eu não o via com ódio. Era torturante e feria meu orgulho totalmente, apesar que a mágoa e a raiva continuavam ali, lembrando-me de tudo.

— Nati? - Perguntou uma voz alta em meu quarto. 

Sequei meu rosto em uma toalha antes de sair. 

Encostei no batente da porta do banheiro, sorrindo. 

— Erick? - Perguntei.

— Surpresa! - Exclamou, com uma bandeja na mão. - Trouxe o café da manhã!

Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora