... e Apófis me assusta.

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Já faziam duas semanas que eu estava na casa dos meus pais quando a "vida normal" começou a me entediar. Ainda era meio-dia de uma terça feira ensolarada quando eu percebi que eu não tinha absolutamente nada para fazer.

Meu pai e minha mãe tinham saído de manhã para comprar roupinhas novas para o bebê e haviam me deixado aqui, completamente sozinha. Eles até sugeriram chamar alguém para me fazer companhia mas eu garanti que ficaria bem. Na verdade eu também estava farta das minhas visitas. Desde que vim passar uns dias aqui Rakel, Erick e até mesmo Hórus vieram me visitar, a última foi a deusa gata, Bastet, que até me trouxe um presentinho, mas hoje eu não estava disposta.

Ficar longe do duat era pior do que eu imaginava. Eu sentia que todos tentavam ao máximo esconder as coisas de mim, então, em suas visitas, forçavam assuntos aleatórios apenas para a conversa não fluir para onde geralmente ia: Apófis e seu próximo passo.

Suspirei, sentando-me no sofá. Eu estava com um uma roupa normal, uma regata de malha e um shorts jeans. Na mesa da cozinha um pote de sorvete começava a derreter enquanto eu tentava encontrar um filme bom o bastante para prender minha atenção por pelo menos duas horas, mas nada daquilo tudo parecia certo. A vida típica de uma adolescente entediada não parecia mais adequada a mim, apesar de eu tentar ao máximo parecer feliz somente para não chatear minha mãe, que ainda estava se acostumando com o tempo que ela havia perdido com o Josh. Já meu pai me compreendia mais, apenas ele sabia que eu estava andando com um pequeno punhal amarrado rente a minha cintura por um elástico. Bastet havia me dado ele em segredo e me feito jurar que eu o levaria para onde eu fosse. Apesar de pequeno o punhal era bonito e dourado. Bastet me assegurou que era perigoso o suficiente para me ajudar caso se eu precisasse.

- Por Anúbis. - Resmunguei, me sentindo mal logo depois. De todos os meus amigos, ou quase isso, Anúbis foi o único que sequer ligou para perguntar como eu estava me sentindo. Eu não entendia o porquê do deus dos funerais ter ficado tão bravo comigo. Será que ele entendia a situação em que eu estava?! Por que ser tão cabeça dura, sendo que eu não estava errada?! De certo era só seu ego de deus ferido, mas mesmo assim... eu esperava pelo menos um pouco mais de consideração, levando em conta tudo o que nós tínhamos vívido.

Franzi o cenho lentamente quando algo ruim surgiu na minha cabeça: e se não tivesse significado nada pra ele?!

Mas é claro, Natália, sua burra, por que pensar que o senhor dos funerais sentiria algo diferente por uma mortal?!

Meus pensamentos foram cortados pela campainha.

Revirei os olhos, me levantando.

- Vocês esqueceram a chave de novo não é... - Comecei alto o bastante para meu pai e minha mãe ouvirem. Abri a porta arregalando os olhos logo depois.

- Surpresa! - Gritou Rakel.

Junto com ela estavam Anúbis, Hórus, Erick e Khonsu.

- Mas que porra estão fazendo aqui? - Perguntei incrédula.

- Mas que porra de recepção é essa? - Perguntou Erick, me imitando.

Anúbis se remexeu desconfortável, mandando embora toda minha paz de espírito.

- Deuses, aconteceu alguma coisa? - Perguntei.

- Não. Só viemos fazer uma visita! - Exclamou Rakel.

- E ainda estamos aqui fora no sol quente. - Comentou Hórus, encarando-me intensamente.

Eu gemi.

- Certo. Entrem. - Autorizei.

- Achei que não ia convidar. - Sorriu Khonsu, dando-me um breve abraço quando passou por mim.

- E eu não ia... - Cantarolei baixo.

Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora