E então... Anúbis.

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Alguns dias depois.

PDV NATÁLIA.

Eu parecia estar dormindo. Sim. Só parecia.

Eu estava de olhos fechados e queria mantê-los assim para sempre. Não sei como seria quando eu acordasse… e sinceramente não queria saber. 

Apófis queria me matar, isso era um fato, mas agora parecia que, além de tudo, ele queria beber cada gotinha do meu sangue e fazer uma roupa com minha pele e essa constatação fez eu me questionar o que eu havia feito para ganhar essa grande dádiva vinda diretamente do fundo do inferno.

Enquanto eu fingia dormir, e merecia ganhar o Oscar por isso pois estava muito convincente, eu tentava colocar meu cérebro em ordem o que não estava dando muito certo, afinal, eu só não enlouqueci completamente até agora por ter uma grande sorte, o que também não era bem verdade, pois sorte é algo que eu desconhecia no meu vocabulário.

— Merda… - Suspirei, quando meu estômago deu um sinal feliz de que eu ainda estava viva e precisava me alimentar.

Abri os olhos sem nenhum entusiasmo, levantando cambaleando da cama. 

Ontem a noite eu não estava muito afim de me vestir. Na verdade eu não estava com vontade de viver, e essa depressão momentânea já durava alguns dias. Então, em minha rotina de morta-viva, meu pijama se resumia em minha lingerie, coisa que não era problema já que eu não saia para ver ninguém e também não deixava ninguém entrar. 

Enfiei uma roupa surrada no corpo, saindo do quarto descalça, arrastando-me até a cozinha. Respirei fundo antes de entrar no cômodo, e quando o fiz desejei nunca ter saído do meu estado proposital de coma. 

A conversa fluente e normal que acontecia cessou completamente assim que cheguei e todos me encararam. Anúbis não estava presente, mas só para provar que eu não deveria ter aberto meus olhos Hórus estava.

— Perderam alguma coisa na minha cara? - Indaguei, chutando uma cadeira e me sentando nela. 

Rakel piscou algumas vezes antes de cair na real.

— Hã… não! - A garota sorriu sem graça. - Que bom que saiu do quarto. Está se sentindo bem? 

— Maravilhosa. Sinto-me impossível hoje. Sou quase a Beyoncé. - Murmurei sarcástica, passando manteiga furiosamente em um pedaço de pão.

— Vejo que sim… - Murmurou Erick, soando um tanto que magoado, voltando suas atenções a comida. Rakel fez o mesmo e apenas Hórus continuou a me encarar.

Esperei alguns minutos antes de soltar um longo suspiro.

— Hórus… poderia tirar seus lindos olhos da minha cara agora mesmo? Estou ficando com vontade de arrancar eles. -  Falei, singelamente. 

O deus sorriu cínico, desviando o olhar por alguns segundos.

— Acordou petulante hoje. Seu pai bem que me avisou que você estava com um humor horrível desde nosso último incidente com Apófis.

Senti meu rosto corar, não podendo evitar o constrangimento. O dia do incidente com Apófis não foi apenas o dia do “ incidente com Apófis” como também foi o dia em que “ Natália Ramsés beijou Hórus, UM DEUS, praticamente a força.”. 

Tal lembrança feriu ainda mais meu orgulho.

— Devia ouvir mais seu iniciado, então.  Falei. - Qual é o problema, Hórus? Você não tem casa ? Iniciados para criar? 

— Natália… - Pediu Rakel. 

— Em primeiro lugar, sim, eu tenho casa. Porém, meus iniciados são os únicos capazes de se auto-treinarem sem problema nenhum. Em segundo, Anúbis precisou resolver umas questões e pediu para eu “dar uma olhada” em vocês…

Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora