Rodei uma peça de senet em meus dedos, sorrindo enquanto Khonsu me olhava como se eu fosse uma assassina condenada.
— Não adianta me olhar assim, não me arrependo de nada. - Falei.
— Jogue. - Ordenou o deus da lua, extremamente irritado.
Suspirei, olhando entediada para o tabuleiro. Senet era um dos jogos mais antigos existentes. Era famoso no Egito antigo, principalmente por causa do Khonsu, o deus jogador e apostador de coisas.
— Eu não gosto de jogar senet. Por que está me obrigando?
— Por que esse é o único jeito de pensar que posso te punir. Se estivéssemos jogando a 3000 mil anos atrás você apostaria sua alma, eu ganharia e você seria minha escrava pelo resto da eternidade, sua…!
— Não estamos a 3000 mil anos atrás, Khonsu. E pelos deuses, não seja tão rancoroso. - Eu coloquei a peça de volta no lugar. - Desculpe mas sabe que eu precisava disso. Hórus pode ser um deus horrível mas ele é um aliado. Não sei por quanto tempo vou ficar aqui então… - Olhei para as paredes do castelo com certo desprezo. - Ele será necessário, uma hora ou outra.
— Você não me engana com essas palavras bonitas. Não sabe o risco que se colocou! Todo o trabalho que tivemos…!
— Eu já me desculpei. - Lembrei.
Khonsu bufou, passando a mão pela testa.
— Certo. Fim de jogo. Saia.
Eu levantei nem um pouco disposta a contradizer o deus da lua. Caminhei devagar pelos corredores em direção ao meu quarto, perdendo-me em pensamentos pelo caminho.
Flash back.
— Você… - Hórus sorriu para mim pela décima vez. Seus olhos bicolores estavam inundados de comoção e felicidade, como se eu estar viva fosse a melhor notícia que ele poderia receber.
— Está babando de novo, Hórus. - Reclamei, não verdadeiramente incomodada.
O deus pousou sua mão em meu rosto.
— Não acredito que você é real… . - Murmurou.
Encostei-me no batente da porta com um sorriso desafiante.
Eu estava acompanhando Hórus até a saída para sua partida. O deus estava indo embora após Khonsu quase o obrigar a ir embora e a jurar pelas águas do Nilo que não iria contar a ninguém sobre mim. Eu tentava enrolá-lo por mais tempo aqui, apenas para dar tempo de Khonsu se acalmar. Ele, definitivamente, iria me matar assim que eu colocasse meus pés dentro do castelo novamente.
— Eu sou real. Já te garanti isso quando agarrei sua cabeça mais cedo. - Falei, mexendo as mãos. Hórus sorriu de lado. - Explicarei tudo quando eu voltar. Por enquanto, pode viver sabendo que estou viva e parcialmente bem?
— Sim, eu posso. - Afirmou com sinceridade. - Céus, você não poderia ser mais humilde e delicada com uma pessoa que estava preocupado com você? - Perguntou o deus. Fiz uma careta, sentindo meu coração se apertar.
— Quando eu morri você quase chorou… - Lembrei.
Hórus engasgou.
— Eu… eu só fiquei chocado, Você morrendo lá na frente de todos com Apófis de torturando, você é filha de Rick, eu estava comovido por ele! - Grunhiu.
Eu estremeci pela lembrança, mas não deixei de sorrir
— É... porque se você estivesse chorando por mim eu acharia estranho. Achei que você quisesse que eu morresse. - Provoquei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO
Hayran KurguAmor. Uma palavra tão pequena, mas capaz de fazer grandes estragos, capaz de confundir e dividir as mentes e os corações das pessoas, capaz de deixar totalmente de lado a razão... Era assim que Natália se sentia, completamente dividida, completament...