Eu arregalei os olhos, sentindo um gosto metálico invadir minha boca, pensando em estar, literalmente, no meio do inferno. Estava tão perturbada que tudo parecia estar em slow motion.
Em minha volta pessoas e monstros caiam, sangue jorrava e eu só conseguia ouvir gritos, barulhos de espadas e outras coisas que eu não conseguiria esquecer nem em mil anos.
Então… aquilo era uma guerra?!
— NATÁLIA ABAIXA!
O grito desesperado do meu pai me fez acordar. Me joguei no chão, apertando minha cabeça. Senti uma dor latejante em meu ombro.
— Natália!
— Deuses… - Grunhi, vendo sangue escorrer por meu braço. Agarrei minha Kopesh, me levantando devagar, sentindo náuseas ao olhar para meu agressor. - Erick?
Eu o encarei sem saber o que fazer.
— Eu. - Respondeu em tom indiferente, aproximando-se de mim com a espada em punhos.
— Você me machucou… - Constatei dolorosamente.
— Eu teria te matado se você não tivesse desviado.
Eu balancei a cabeça negativamente.
— Não…
— "Não” o que? - Perguntou, juntando as sobrancelhas. - Vai continuar me subestimando?!
— Eu nunca te subestimei…!
— Não minta para você mesma. Uma traidora de primeira categoria que escondeu seu caso com um deus do seu melhor amigo! Sempre me achou fraco! - Acusou.
— Eu nunca te achei fraco! - Protestei.
— Isso não importa mais! - Retrucou Erick. - Nada que venha de você me importa mais…
Repuxei os lábios em uma risada nervosa o examinando de cima abaixo. Parei meus olhos em seu pescoço.
— Você ficou horrível com esse colar de Apófis, sabia? - Ele me deu um sorriso frio. - Eu preferia o outro...
— Que surpresa! Natália Ramsés prefere Anúbis a qualquer outra coisa do mundo. Fale mais alto, assim todos vão saber que agora você é a cachorrinha oficial dele!
— Erick, eu já disse, não é assim! Por favor… vamos conversar!
— Conversar?! - Erick gargalhou. - Por acaso se esqueceu onde está?
— Eu não ligo. Iria atrás de você nem se eu estivesse queimando nas profundezas do duat!
— Desista! Eu não quero te ouvir!
Erick me atacou. Eu parei sua espada, dando um chute em seu peito, jogando-o alguns passos para trás. Ele rosnou, enquanto eu girava, recuando para longe. Eu não conseguia ferir Erick, era contra meus instintos.
— E agora? O que vai fazer? Vai me matar? - Perguntei. - Simples assim?
— Simples assim. - Concordou.
— E eu?! E nossa amizade?!
— Acabou no momento que você e Anúbis… vocês… - Erick não encontrou palavras. Seu rosto se tornou atordoado por um breve segundo mas logo retornou a exibir a carranca odiosa que não combinava com ele.
Eu engoli em seco, abaixando minha guarda, deixando minha espada cair rente ao meu corpo.
— Então… me mate. - Declarei. - Sabe que sou covarde. Não vou ter coragem de te machucar.
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Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO
ФанфикAmor. Uma palavra tão pequena, mas capaz de fazer grandes estragos, capaz de confundir e dividir as mentes e os corações das pessoas, capaz de deixar totalmente de lado a razão... Era assim que Natália se sentia, completamente dividida, completament...