Pela milésima vez só naquela noite eu me virei na cama.
O efeito que Rá causou em mim infelizmente tinha sido momentâneo, e a dor e a tristeza começavam a voltar lentamente para o meu coração.
Eu estava sozinha em meu quarto, e não queria acordar ninguém com meus devaneios. Já não bastava o caos que eu havia colocados todos, com essa história de profecia e guerra cada vez mais próxima, eu não queria incomodar ninguém, pelo menos não por agora.
Eu sentia que precisava passar um tempo sozinha, tentando colocar meus pensamentos no lugar. Era claro que eu não conseguiria dormir, então tentava criar um plano em minha mente.
O primeiro tópico do plano era salvar o Erick. Nada daquilo faria sentido se meu amigo não estivesse do meu lado.
O segundo era não deixar ninguém morrer por minha causa ou por causa da minha profecia. Ninguém era obrigado a se sacrificar pelo meu destino, e eu não deixaria que nada semelhante acontecesse.
E o terceiro, e último, tópico era matar Apófis, mesmo que custasse minha própria vida. Eu precisava matar e livrar todos que eu amo daquele monstro e eu tinha certeza absoluta que não conseguiria fazer aquilo sozinha. Então eu tentaria, até o meu último sopro de vida.
Eu soltei um suspiro doloroso. Meus pensamentos estavam sombrios e melancólicos, tão escuros quanto o céu lá fora. No vazio do meu peito que a horas atrás era alegria e força por influência do deus do sol, agora só havia dor que transformava a esperança em agonia.
Olhei o relógio em minha cabeceira. Eram 4h15 da manhã, um horário nem um pouco legal para se perder o sono. Eu odiava não ter o controle do meu corpo ou ficar tão ansiosa por algo que eu não sabia quando aconteceria, porém, depois de saber minha profecia e de tanta coisa acontecendo eu não me culpava… por incrível que pareça.
— Droga.
Me levantei sonolenta, saindo do quarto devagar. Fui caminhando até a cozinha do castelo em silêncio, não sabendo se eu estava sozinha ou não, mas se não estivesse não queria acordar ninguém.
Abri a enorme geladeira, vasculhando-a até achar uma lata de refrigerante. A peguei, bebendo quase tudo de uma vez. O doce me acalmou um pouco.
Ouvi barulhinhos rápidos, virando-me para a entrada. Olhei para o chão vendo minha pequena e felpuda bola de pelos correndo feliz em minha direção.
— Hey Kira! - Comprimentei baixinho, abaixando-me para coçar atrás de suas orelhas. Kira choramingou, balançando o rabinho como se questionasse o porquê de eu estar fora da cama. - Eu já vou voltar. Calma. - Prometi, sorridente.
Terminei de beber o refrigerante, indo direção a lata do lixo, parando bruscamente antes de chegar até ela. Atrás da lixeira havia uma grande porta de madeira. Isso não seria necessariamente estranho se eu lembrasse da existência de alguma porta ali, coisa que eu tinha certeza que não existia.
Juntei as sobrancelhas temerosa. Coloquei a mão na maçaneta, sentindo meus dedos congelarem pelo frio que a porta emanava.
Kira chorou, saindo correndo. Eu a segui com os olhos. Cachorro demônio de proteção? Sério?!
Por mais que minha consciência me avisava para não abrir aquela porta eu sentia que devia, então simplesmente rodei a maçaneta e entrei.
Assim que adentrei o lugar uma corrente de vento fez meu cabelo se esvoaçar. Mesmo assim não recuei.
A porta atrás de mim bateu com força, desaparecendo logo depois.
— Merda!
Olhei assustada o lugar onde eu estava, xingando-me de todos os nomes possíveis por ser tão burra.
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Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO
FanfictionAmor. Uma palavra tão pequena, mas capaz de fazer grandes estragos, capaz de confundir e dividir as mentes e os corações das pessoas, capaz de deixar totalmente de lado a razão... Era assim que Natália se sentia, completamente dividida, completament...