Traindo meu pai temporário.

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Dias depois.

Suspirei contra o vidro da janela, embaçando-o inteiro.

Eu não havia morrido. E por mais que isso havia me deixado feliz no início, não me trazia o mesmo sentimento agora que dias haviam se passado e eu não podia fazer nada além de continuar a me fingir de morta. 

— Merda… - Murmurei, passando a mão pelos cabelos. 

Eu estava no castelo de Khonsu, que havia me trazido pra cá após nosso incerto plano ter milagrosamente dado certo, e agora o castelo do deus da lua também era minha prisão. 

Céus, não que aqui seja chato, não era isso. Sou muito grata a Khonsu por salvar minha vida e cuidar de mim mas eu definitivamente estava pirando aqui, sem nenhuma notícia, só podendo conversar com Rakel e com o próprio deus.

Franzi o cenho, desgostosa, flexionando meu bíceps dolorido. Eu já havia melhorado quase 100% dos ferimentos causados por Apófis, mas em compensação Khonsu estava me treinando intensivamente e aprimorando meus poderes. E o deus da lua podia ser bem cruel, acredite.

— Já chega… - Murmurei, saindo praticamente voando do meu quarto. Sai correndo pelos corredores do castelo, abrindo portas e mais portas. 

— Khonsu! - Exclamei, quando o achei. Ele levantou o dedo, indicando que estava no telefone. Eu sorri aliviada. - É a Rakel? - Perguntei ofegante, tomando o celular da mão deus.

— Natália! - Censurou.

— Rakel? - Perguntei, o ignorando. 

Rakel descobriu que eu ainda estava viva a poucos dias atrás, quando Khonsu precisou de ajuda pois não sabia como lidar com uma "adolescente depressiva e quase morta". A garota obviamente ficou em choque quando me viu e quase surtou. Felizmente provei que estava viva quando vomitei em seus sapatos de grife. 

— Argh, ah… Morgana? - Perguntou Rakel, soando nervosa. 

— Morgana?! - Perguntei. 

Khonsu tentou tomar o celular de minha mão novamente mas eu o despistei enfiando-me embaixo de uma pequena mesa. Me espremi contra a parede, parando o deus com o pé.

— Céus, o que você quer? - Indagou Rakel em um sussurro. 

Khonsu tentou avançar novamente mas o meu pé em seu peito o impedia.

— Quando sair daí eu juro que vou bater em você! - Prometeu.

— Rakel, preciso de ajuda! - Exclamei.

Khonsu arqueou as sobrancelhas.

— Eu estou enlouquecendo, não aguento mais ficar trancada aqui! Eu preciso saber o que está acontecendo. Sei que Apófis continua a solta, eu preciso saber o que ele está fazendo! 

— Esquece! Te darei notícias pra que?! Para você encher sua cabeça desmiolada de minhocas e fazer uma besteira? Não!

— Não irei fazer nada, eu juro!

— Não acredito em você! E mesmo que eu quisesse te contar algo não a nada para contar! Anúbis não sabe de nada, seu pai não aparece aqui desde que você "morreu" e eu não me esforço em nada para sair de casa! - Grunhiu.

— E Hórus? - Perguntei.

— Hórus? Se nem Erick que mora no mesmo corredor eu vejo direito acha que eu verei Hórus?!

— Céus, você é inútil… Hórus deve saber de alguma coisa!

— Amada, cale essa boca pois tecnicamente você está morta! - Retrucou Rakel.

Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora