Corações quebrados.

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PDV ERICK.

Eu fechei os olhos apertado, encostando-me na parede do castelo, sentindo novamente uma pequena vertigem me atingir. 

— Deuses… - Sussurrei, enquanto gotas de suor escorriam por minha testa. 

Eu nunca me senti tão estranho como estava me sentindo hoje. Tudo começou após o almoço. Eu descansava após ter lutado contra Sadie Kane, que era praticamente um demônio. Estava sentado no chão tentando recuperar minhas forças quando algo senti semelhante a um soco no estômago me atingir. Me cegou, me deixou tonto e sufocado. Foi rápido mas a sensação ruim não tinha ido embora. Todos estavam tão entretidos com o treino pesado de Khonsu, inclusive Natália, e eu não queria estragar aquilo por causa de um mau estar. A dias eu não a via tão feliz e determinada e ela sabia o quanto era difícil eu ficar doente. Eu não queria preocupa-la atoa então simplesmente fui para o meu quarto na surdina, imaginando  o que eu tinha comido para me sentir assim. Quando cheguei ao meu quarto me joguei na cama, sentindo meus olhos virarem e apaguei completamente. Acordei horas depois com Khonsu quase derrubando minha porta, me avisando que Anúbis tentou matar o Hórus. E essa informação me fez pensar se eu não estava tendo alucinações. Tudo estava indo tão bem, então por que? Todos sabiam que Anúbis não era um deus tão moral quanto pensávamos, e desde que vim morar com ele tinha uma pequena confirmação daquilo todos os dias, mas… tentar matar o primo por nada? Não parecia do feitio dele. 

Quando cheguei a Heliópolis o enjôo insistente ainda me assombrava, e graças a Rá fui liberado cedo. Bastet nos informou que Hórus estava bem, estava debilitado, mas iria sobreviver. Me contou

que Natália estava inconsolável então decidi voltar ao castelo para ajudá-la, e também para saber o que aconteceu. Natália era MINHA melhor amiga e eu tinha que protegê-la. A sua ligeira aproximação com Anúbis, Hórus e até mesmo Khonsu me incomodava pois parecia fazer mal a ela e destruía tudo o que eu conhecia. Antes era apenas eu e ela e agora… ela parecia não precisar tanto de mim. 

Me aproximei do quarto de Natália, batendo na porta. Não houve resposta. 

— Natália? - Chamei, batendo mais uma vez.

Abri a porta destrancada achando o quarto vazio com a cama intacta. 

— Céus…

Bastet me avisou que haviam colocado uma barreira no castelo. Natália não podia sair mas isso não impedia ninguém de entrar. 

Sai correndo pelo corredor até chegar na porta do quarto de Anúbis, virei a maçaneta me arrependendo no segundo seguinte pelo ato. 

— Anúbis , eu acho que…! - Minha voz morreu, em choque. 

Fechei a porta rápido, mas em silêncio, deixando apenas uma fresta que me dava plena visão da cama do deus. Aquilo realmente era uma paisagem digna de sangrar os olhos e arrancá-los fora. Natália estava sentada na beira da cama de Anúbis, abraçando-o com força. O deus depositava beijos em sua cabeça, descendo por sua bochecha e chegando a boca sem problema nenhum. 

Por um momento não acreditei no que eu via. Meu cérebro tentou achar uma explicação alternativa para aquilo como "Natália estava passando mal, Anúbis tentando ajudá-la e acidentalmente escorregou caindo em cima dela e suas bocas se grudaram" mas isso era impossível. 

Anúbis tremia levemente como se estivesse com sua adrenalina a mil. O cabelo negro estava suado e grudado nas costas pálidas. 

Natália soluçou baixo, e Anúbis a consolou.

Trinquei o maxilar, sentindo uma onda de fúria me atingir. Eu nunca havia sentido tanto ódio em minha vida. Meus punhos se fecharam e meu corpo começou a tremer. 

Os seguidores de Anúbis. - Livro I. (✓) EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora