41. - Preparativos

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- Estás com quanto tempo?

- Quase 13 semanas... - Ela sorriu e eu acabei por sorrir de volta.

- Cátia... Eu tenho que ir... Cheguei há pouco do trabalho. Espero que fiques bem, e se eu poder ajudar em alguma coisa... Espero que me digas! - Sorri.

- Claro... E obrigada por me dares a hipótese de contar a minha versão... Fica bem, Penélope...

- Tu também, Cátia.

Desliguei a chamada sem dizer nem mais uma palavra. Neste momento não sabia no que pensar... Estaria a Cátia a inventar toda aquela história para se livrar da culpa que ela também teria? Ou ela limitou-se a contar a verdade e mostrou o quão horrível o João é?

Fechei a tampa do meu portátil, agarrei no meu telemóvel e desci até à divisão onde estava a Mónica. Sentei-me na cadeira que ficava em frente ao fogão, onde estava a minha melhor amiga de costas, e apoiei a minha cabeça entre as minhas mãos.

Parte de mim queria acreditar que o que a Cátia tinha contado era tudo mentira e que o João não é aquele tipo de pessoa. Mas por outro, depois de tudo o que eu ouvi, depois de tudo o que eu soube... Infelizmente, não me admira que a história que a Cátia contou é verdade.

A Cátia é minha amiga à muitos anos, não tantos como a Mónica, mas já vão alguns anos. E as lágrimas e o tom de voz desesperado dela pareceram tão verdadeiros... Mas por outro lado, ela enganou-me com o meu namorado... Ela poderia ter-me contado! "Mas ai ela poderia ter um vídeo intimo dela por toda a internet." O meu subconsciente atira e eu vejo-me obrigada a concordar... Afinal de contas, ela era tão ou mais inocente que eu.

- Meu Deus, Pen! - Mónica falou assustando-me e fazendo-me levantar a cabeça. - Estás a chorar? O que aconteceu? Foi o Louis? Aconteceu algo com o Louis? - Coloquei uma das minhas mãos no meu rosto e senti-o húmido comprovando assim que estava a chorar.

- Não... Estive a falar com a Cátia... - Eu falei num suspiro.

- Então? O que aconteceu? Porque estás assim? - Ela puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado puxando-me para o seu ombro. Assim que a minha cabeça caiu no ombro de Mónica, o meu choro tornou-se ainda mais intenso. Soluçava a cada segundo e o casaco que ela vestia já tinha o ombro todo molhado das minhas insistentes lágrimas. - Shh, está tudo bem...

- Não está... Ele é um porco, ele é o ser mais desprezível que existe nesta terra! - Mandei um murro na mesa, fazendo toda a loiça saltar e fazer um som fino e rápido.

- O que aconteceu? - Ela perguntou quando eu finalmente levantei a cabeça do seu ombro e olhei para o seu rosto confuso.

- Estive a conversar com a Cátia... E deixei-a contar-me a sua versão! Eu não sou ninguém para lhe negar a sua versão da história... - Sob o olhar atento e confuso da minha melhor amiga, contei-lhe toda a conversa que tivera com Cátia à minutos atrás. No final, ela tinha as lágrimas nos olhos e estava boquiaberta. - Ele forçou-a e chantageou-a!

- Há a possibilidade de ela estar a inventar? Estar a contar isso para se livrar da culpa? - Mónica perguntou apenas para retirar a dúvida da sua cabeça, ou da minha... O tom de voz dela não era nem um pouco julgador.

- Não... O pior é que as lágrimas, o olhar, a voz e o sofrimento e a tristeza que ela mostrou... Era tudo verdade! Ela não era pessoa de inventar isto... Ela não era!

- Ele realmente... Ameaçar com o vídeo na internet? E dizer que a única coisa que dava à criança era o dinheiro para o aborto? Quando é que ele se tornou tão desprezível? - Abanava negativamente a cabeça enquanto falava.

The Girl Next Door - l.t.Onde histórias criam vida. Descubra agora