*16 de Setembro de 2013*
*Penélope POV*Hoje é o segundo dia depois da morte de Cátia. Ainda nenhum de nós se mentalizou que na realidade aconteceu e estamos todos na primeira fase de luto. Em todo o segundo depois do acidente eu penso "Isto não é verdade". Na verdade, todos temos esse pensamento. Ninguém fala sobre o assunto e quando se toca no nome Cátia... O assunto é mudado no mesmo instante.
Às vezes sinto-me culpada... Talvez se ela tivesse ficado no lar ela ainda estaria aqui a levar a sua gravidez até ao fim. Talvez a polícia tivesse razão e o alvo fosse eu ou o Louis. Talvez, talvez, talvez. A minha cabeça está cheia de interrogações, cheia de "ses", cheia de "talvez". Sei que o Louis se sente ainda mais culpado que eu. Ele acha que devia ter feito algo... Algo que talvez a tivesse protegido, algo que talvez a mantivesse segura ao pé de nós. Mas lá está... Mais e mais "talvez".
No hospital todos foram bastante solidários... Deram uns dias a mim e à Mónica e estão a dar especial atenção à pequena. Ela está na incubadora, num estado que inspira imensos cuidados... Precisa de máquinas para tudo, para respirar, para comer, para dormir, para fazer as suas necessidades. Ninguém sabe se ela vai sobreviver. Mas, o pediatra que a está a acompanhar diz que ela é uma menina muito lutadora e que tem esperança que daqui a um mês, mês e meio, ela esteja pronta para ir para casa. A questão será, qual casa?
Estou a fazer o que tenho feito estas últimas horas... Ver fotos, ver vídeos, reviver momentos... Tudo o que me faça acreditar que ela ainda aqui está. Que vai entrar por aquela porta a qualquer altura. Que vai dizer que está tudo bem e que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto. Que vai sorrir e dizer "Eu estou grávida, não estou inválida".
- Amor? - Eu desviei o olhar do meu computador e olhei para Louis que estava encostado à porta. - Está na hora, vamos?
- Sim... - Murmurei e voltei a olhar para o meu computador.
- Isso não te faz bem, amor... Só vai fazer com que a tua dor aumente. Ver fotos, ver vídeos e relembrar coisas que fizeram só te vai fazer sofrer ainda mais e não vai trazer a Cátia de volta. - Murmurou contra o meu cabelo depois de se sentar ao meu lado na cama. - Tens que levantar a cabeça... Tens que ser forte por ela. Ela não está feliz por vos ver assim... A nenhuma de vocês. Ela queria que tu e a Mónica fossem felizes. Quem vai ser forte por aquela menina sozinha e desprotegida no hospital? És tu, meu amor.
- Eu sei... - Suspirei e olhei na sua direcção. - O que vai ser daquela menina?
- Não sei, meu amor... Eu realmente não sei... - Suspirou e beijou a minha testa. - O importante agora é ela ficar bem... E até ver, ela está a conseguir! É uma lutadora como a mãe.
- Sim... - Esbocei um pequeno sorriso.
Levantou-se e esticou a sua mão na minha direcção, eu agarrei-a e levantei-me. Fechei apenas a tampa do meu portátil, vesti um casaco e segui-o até à sala onde estava Johannah e Charlotte. Ambas sorriram, mas estavam igualmente com os olhos inchados.
Quando chegamos à igreja, tive o meu maior medo desviado. Tinha medo que estivesse um acumular de gente à porta da igreja a gritar pelos rapazes... Mas, não estava ninguém! Todos respeitaram os pedidos dos rapazes. Eles pediram nas redes sociais que respeitassem este momento e que não fossem para a entrada na igreja. Agradeço por isso.
- O que eles estão aqui a fazer? - Perguntei quando avistei os pais de Cátia. - Quem os avisou? - Olhei indignada para Louis.
- Eu avisei a tia, Pen... - Mónica murmurou quando percebeu. - Ela precisava de saber... E sabes como é... Ele manda nela.
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The Girl Next Door - l.t.
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