9. - Surpresa

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- O que é que estás aqui a fazer? - Perguntei com os olhos muito esbugalhados e com a boca aberta.

- Vim fazer-te uma surpresa! - Falou sorridente.

- Mas... Não tinhas muito trabalho? - Perguntei a olhar para as malas que trazia.

- Tirei duas semanas de férias para estar contigo! - Falou entusiasmado.

- Mas eu vou começar a trabalhar 2ª feira! - Falei ainda pasmada a olhar para a porta.

- Mas só de dia! - Falou começando a perder o sorriso. - Quer dizer, se quiseres eu vou embora!

- Não nada disso! - Falei abraçando-o. - Só não estava a contar, amor!

- Por momentos pensei que não tinhas gostado! - Falou fazendo beicinho.

- Oh, que tonto! - Ri. - Anda, entra! - Falei abrindo passagem para ele passar.

Assim que o João passou com as malas indiquei-lhe onde ficava o quarto para poder largar as suas coisas. Acabou por arrumar tudo, não sou uma pessoa que tenha muita roupa, e por isso tinha bastante espaço livre no guarda-roupa. Arrumou tudo em menos de uma hora. Acabamos por ficar a matar saudades no quarto.

- Não falamos quase nada estes dias... - Lamentei-me.

- Estava a despachar trabalho para vir aqui fazer-te uma visita! - Justificou-se e deu-me um beijo na testa. - E andei mesmo muito cansado.

- Sim, eu entendo... - Sorri.

O assunto acabou por morrer ali, não sei porque, mas alguma coisa não batia certo. O João não tirava férias desde que tinham criado a empresa. Há dois anos que não tirava férias, era uma folga de vez enquando. Dizia que precisava de trabalhar para juntar dinheiro para o nosso casamento e que não podia esbanjar com férias. Quando lhe disse que vinha para Inglaterra, ele disse que apesar de saber que ia ter saudades minhas, que era bom para juntarmos mais dinheiro para a nossa futura vida em conjunto. Fiquei um pouco triste, achei que ele me ia dizer que iria arranjar uma solução, que a iriamos encontrar uma juntos e que não seria preciso ir para Inglaterra... mas, depois de acordar do meu sonho e ter caído com os pés na vida real, percebi que ele tinha razão e que devia faze-lo pelo meu... não, pelo nosso futuro. Falei-lhe para ele me vir visitar muitas vezes e ele sempre me disse "Amor, não nos podemos dar ao luxo de fazer gastos escusados. Eu amo-te e tu amas-me... Falamos todos os dias e depois estamos juntos quando vieres de férias ver a tua família... Custa-me. Mas se queremos ter uma vida estável mais para a frente temos que fazer estes sacrifícios.", na altura até cheguei a comentar com a Mónica que ás vezes parecia que ele me estava a despachar... mas falar sobre o João com a Mónica era a conversa a acabar sempre com "Já te disse que nem devias namorar com ele quanto mais estar noiva.". Outra coisa que também nunca entendi... Primeiro ela apresenta-nos e não desiste enquanto não nos vê juntos. Agora de à uns tempos para cá ganhou uma aversão ao João que não entendo, mas sei que perguntar ganharei a mesma resposta que não perguntar, ou seja, nenhuma.

- Amor? Estás a ouvir? - Falou acordando-me dos meus pensamentos.

- Não, diz... Desculpa. - Sorri.

- Estava a dizer que estava com fome... - Fez uma cara de sofrimento.

- Também já são horas de almoçar... - Falei rindo da cara dele. - Vamos, faço qualquer coisa rápida para nós almoçarmos! - Levantei-me e agarrei na sua mão puxando-o para fora da cama.

- Ahh, vamos almoçar fora e depois vamos passear! - Falou entusiasmado.

- Mas assim vamos gastar muito dinheiro...

The Girl Next Door - l.t.Onde histórias criam vida. Descubra agora