Recuo

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Capítulo 81

   Após conseguirmos recuperar nossos amigos passamos a viajar rumo ao norte de Chanber-sig, durante este tempo eles se recuperam bem e perdem aquela cor feia de desidratação, Toya está visivelmente atormentado com o que passou durante aquele tempo, Tink nem parece ter passado por nada... Segundo ela, já passou por coisa bem pior, e eles ainda davam comida regularmente para eles. Ela foi a primeira a pegar na espada e ficar batendo no ar balançando sua espada pra lá e para cá, tão determinada quanto sempre foi. Sui ficou ligeiramente abatida, mas começou correr para lá e para cá logo depois de Tink sair treinar com o ar... Rhooc por sua vez ficou sentado em um canto emburrado, não demorou muito até ele voltar falar conosco.
      Eu- Como você está Rhooc?
      Rhooc- Por que não se preocupa mais com você? Me deixa em paz.
      Eu- Ara.. pensei que depois de te tirar de lá você seria menos sem educação.
      Rhooc- COMO ASSIM SEM EDUCAÇÃO? FOMOS PARAR LÁ POR SUA CAUSAAA, PRIMEIRA E ÚNICA MENTE POR SUA CULPAAA.
    Um breve silêncio ocupa a carroça, seguido por vários olhares desconfortáveis.
      Veryih- Oooooo.. carinha do nome feio, quer fazer o favor de parar de gritar?
      Rhooc- O QUEEW? TA PENSANDO QUE É QUEM PRA ME MANDAR ALGO?
    Ela dá uma olhada por de cima dos ombros...
      Veryih- Quem... Eu sou? ...
    Antes mesmo de percebemos alguma coisa Veryih já tinha aparecido ao lado de Rhooc socando a cara dele, ele caí para o lado batendo a cabeça no chão e em seguida vemos o sangue saindo do pulso dela e formando uma  espada de carne, ela faz questão de por a ponta da espada em sua cabeça.
      Veryih- Eu sou quem te ajudou a te resgatar, se não está feliz com isso vou ficar feliz em chutar tua bunda pra fora daqui ocupar menos espaço.
       Rhooc- Não, Nãooo que isso. Me desculpa. Só estava irritado, não vai acontecer mais.
       Veryih- Acho bom mesmo. Mais um pio e você vai se arrepender.
       Tink- Hmm gostei dela.
   Tink com os braços cruzados na cabeça encostando com a parede nota um tempo pesado de chuva se aproximando.
       Tink- Pessoal parece que vamos ter um refresco mais tarde.
       Thely- Em? Deixo ver isso.
       Veryih- Minha carroça é muito bem preparada para chuvas, não sei o que estão se preocupando. A única que se ferra aqui em dias assim sou eu que tem que controlar a carroça.
    Preocupada Thely da uma olhada no tempo lá fora.
       Thely- Hey Blíui estamos na estação Calor não é?
       Blíui- Vou conferir aqui em meu mapa dos dias.
    Rapidamente ela tira seu novo mapa dos dias que conseguiu na cidadela.
       Blíui- Uau, já estamos em outro ciclo, hoje é verão do dia 5 do ciclo 2032.
       Thely- Isso não é bom...
       Blíui*- Nossa já deve fazer uns 3 ciclos que estamos nessa loucura.
       Eu*- Se não for estamos perto... Quanto tempo já se passou.
       Blíui- O que te preocupa?
       Thely- É só uma suspeita, depois eu conto. Veryih você reparou se passamos por alguma casa ou alto assim?
       Veryih- Passamos por alguns casebres lá atrás, só que estava longe então ignorei.
       Thely- Será que teríamos como voltar para lá?
       Veryih- Por que???
       Thely- Hmmm... Não tem jeito. É o seguinte: É apenas uma especulação, mas olhem aquelas nuvens lá fora.
    Todos põem a cabeça para fora curiosos para ver o tempo, olhando para fora a forte luz do dia ilumina nossas cabeças, mas aos arredores nuvens azuis e pesadas se tempestade se aproximavam, dentre elas intensos clarões não paravam de clarear aquela grande massa azul.
       Toya- Parece que vamos ter uma tempestade.
       Thely- Pelo o que andei estudando, formações de chuva como aquela na época do Calor faz tempestades com altas descargas elétricas.
       Blíui- Como assim?
       Thely- Explicando de uma forma mais simples, é uma mista tempestade de água, vento e muitos raios. Isto não seria um problema se isto não gerasse tantos raios.
       Veryih- Aahh... Não parece ser nada com que minha carroça não aguente.
       Thely- Você sabe quanto a temperatura de um raio pode chegar?
       Veryih- Não.
       Thely- Se sua carroça aguentar uns 30 mil graus, podemos estar seguros aqui dentro.
        Veryih- A madeira da minha carroça é resistente a calor e fogo... Mas não é pra tanto.
       Thely- Os livros especulam até que isso pode ser mais quente até mesmo que a superfície de um sol.
       Eu- Uau, é muita coisa. Mas por que já não falam da temperatura da superfície do sol?
       Thely- Eu não sei, eles não falaram sobre isso.
      Veryih- Não temos aonde nos proteger por aqui, muito menos meu touro.
       Thely- Uma caverna deveria servir bem.
       Veryih- Não estamos em uma região de caverna, e sim de campo e floresta.
       Thely- Vamos ver se não achamos nada por aí pra se abrigar.
       Veryih- Bem por aqui tem casas isoladas de metros em metros, se tiver alguma nas proximidades vamos parar nela.
       Rhooc- E se tiver alguém?
       Tink- Entramos com tudo
       Rhooc- Aaahh.... Não...
    Assim que acabamos de subir uma planície, paramos a carroça e descemos, ficamos alguns minutos olhando para tudo em volta, é possível ver um mar de árvores de um lado com um tapete de nuvens azuis encobrindo o céu, com uma cadeira de morros do outro lado, na planície que estamos tem várias árvores espalhadas, agora iremos desce-la e voltar andar por uma floresta pouco fechada.
      Toya- Olha, tem uma casa lá embaixo.
      Veryih- Verdade, ela está tão bem posicionada entre o verde lá embaixo que quase não a vi.
    No momento o vento está ficando mais forte e as grotescas nuvens chegando em nós.
       Eu- Não tem jeito, vamos ter que se abrigar lá.
       Veryih- Espero que meu touro serpentino fique bem... Se nã, não vamos muito mais longe que isso.
       Blíui- Vamos confiar que ele vai ficar bem.
    Todos montamos na carroça e descemos correndo a planície até chegar no início de uma simples floresta, lá está uma casa simples pintada de verde e feita de tijolos, ao andar em volta dela parede estar vazia, olhamos as janelas e elas são de um vidro bem grosso, é quase como se tivessem feito um bloco de vidro e posto lá, o telhado é de vários pequenos pratinhos de barro.
      Blíui- Que casa bonitinha, não sei por que alguém a abandonaria assim...
      Eu- Não parece que faz muito tempo que ela foi abandonada.
      Blíui- Acho que ela deve ter sido largada a uns 4 ciclos atrás.
    Veryih as pressas coloca o touro com a carroça próximo a uma arvore grande, é notório a sua preocupação de algum raio acabar caindo perto dele, ela pega algumas caixas de suprimentos e vem correndo.
      Veryih- Por que não entraram? Arromba logo isso aí.
      Eu- Eu coloco a mão na maçaneta medieval da porta e a abro sem esforço algum.
      Blíui- Deixaram aberta, que estranho.
      Eu- Melhor para nós, não precisamos quebrar nada.
   Todos entramos e dentro de alguns minutos o vento fica muito forte, este vento causa um contínuo assovio com passar nas extremidades da casa, a tempestade começa a ter uma forte água caindo com alguns raios, cada estrondo repentino dos raios assusta alguns de nós. Dentro da casa está vazio, sem objetos ou algo que indique a presença de moradia de alguém, a casa tem um forro o que deixa tudo melhor e sem riscos de goteiras, alguns cantos da parede tem alguns mofos.
       Toya- Eu sempre odiei o barulho dos raios que surgem do nada.
    Ficamos todos em silêncio escutando o som da tempestade lá fora como se estivesse prestes a detonar o mundo em água e barulho. Veryih trouxe a luz da carroça e a deixa iluminando no meio da sala, a casa é bem simples, 1 sala e 1 cozinha sem nada muito elaborado.
       Eu- É uma boa hora pra encostar na parede e aproveitar este momento de calma não acha?
       Blíui- Acho que o Toya não concordaria muito bem com você mas tem razão, é bem melhor que estar em alguma luta com alguém.
    Ficamos no canto da sala abraçados conversando pela mente em quanto todos os outros procuravam fazer algo para passar p tempo. Com alguns minutos de tempestade os raios começam a cair em uma frequência cada vez maior, até chegar um ponto que em intervalos de 1 a 2 segundos caí 1 raio, fazendo contínuos estrondos repetidos, conversar com alguém agora vira um desafio, o barulho intenso faz nossos ouvidos ficar como se houvesse algo os cortando.
       Blíui*- Eu nunca vivenciei uma tempestade tão barulhenta.
       Eu*- Nem eu, deve ser a região que facilita isso. Aqui é bem quente.
    Uma hora se passa e ainda contínua do mesmo jeito, já colocamos todo tipo de coisa na orelha que encontramos querendo abafar o barulho mas nada abafa muito, quando já estávamos achando que o barulho infernal dos raios nos enlouqueceria, eles finalmente passam.
       Rhooc- Aaahh finalmente esse barulho chato acabou.
       Veryih- Eu vou lá fora ver o touro.
       Thely- Não! Espera, ainda está dando alguns raios, é melhor esperar até parar mais.
       Veryih- Certo...
    Ela volta para o canto ao lado da porta da saída, e fica sentada segurando as pernas e com uma expressão de quem comeu e não gostou, Tink senta ao lado dela.
       Tink- Eu sei que ele é um touro importante para todos nós e sem ele não iriamos muito longe, ele está bem. Não tem com o que se preocupar.
       Veryih- Sim eu sei... Eu só não consigo deixar de me preocupar.
       Tink- Como você conheceu esse touro? E conseguiu domestica-lo?
       Veryih- Isso já foi a muito tempo... Quando eu era criança eu estava andando em um campo cheio de pedras e algumas valas. Em uma dessas valas eu encontrei ele filhote, e estava machucado, esses touros sempre andam em grupos e as mães cuidam dos filhotes junto com ajuda da manada, eu não sei como ele se perdeu da manada dele. Já logo que vi eu quis cuidar dele, meus pais de início não aceitaram muito bem por causa do tamanho que ele fica e por ser agressivo... Eu falei que depois que ele crescesse um pouco eu deixava ele ir. Então eles foram deixando, com o tempo acabei deixando ele dócil e acostumado comigo, e meus pais também gostaram dele. Por isso ele nunca se foi para a natureza, por onde morava tinha muitos deles.
       Tink- Ele nunca se mostrou querer ficar perto de outros touros se já os viu?
        Veryih- Não. Mas já o vi ficar inquieto quando passei muito tempo longe dele, teve uma vez que deixei ele no estábulo de uma vila, e tive que ficar uns 2 dias fora. Quando voltei estava tudo uma bagunça, por que ele ficou se debatendo nas paredes quebrando as coisas, aaaahhh.. tive que pagar tudo o que ele quebrou e ainda ouvir bronca do dono por trazer um bicho tão grande no estábulo.
        Tink- Hmmm entendi melhor a sua relação com ele.
        Veryih- Sem ele eu nunca teria saído da minha vila, quando estava com 14 ciclos queria ajudar minha família, e como sempre gostei muito de viajar e ele já estava bem grande Comecei fazendo viagens de entrega entre uma vila e outra, sempre bem perto de casa, com o tempo as distâncias foram aumentando e também fui aprendendo a lutar, até chegar na onde estou hoje.
       Tink- Seus pais nunca ligaram de você trabalhar com isso?
       Veryih- Por ser um trabalho de risco meus pais se preocupavam, mas conforme eles viram que todos tinham medo do touro e eu também estava aprendendo a lutar, eles acabaram não ligando muito, principalmente ao ver o Dinheiro rendendo.
       Tink- Hmmm entendo. Você parece ter tido uma boa infância
       Veryih- Sim eu tive.. Eu não tenho muito o que reclamar da minha vida. Apenas agradecer. E você? Como foi sua infância?
       Tink- Aaahh eu não tive muita sorte. Mas consegui crescer e viver. Já está bom.
        Veryih- Aah, entendo..
        Tink- Ah, olha os raios e a chuva pararam, por que não vai lá dar uma olhada no touro?
        Veryih- Boa ideia.
    Ela sai as pressas pra fora.
        Eu- Gastamos algumas horas nesse lugar... O que você acha de passar a noite aqui?
        Blíui- A carroça é mais confortável, com certeza. E aqui é um ambiente sujo e desconfortável.
        Eu- Melhor voltarmos para lá então. Espero que aqueles raios todos não tenha acertado o touro.
        Blíui- Vamos ver se ele está bem.
    Vamos lá fora ver, quando olhamos os campos em alguns pontos está com alguns buracos com a grama enegrecido pelo calor do raio.
        Eu- Como ele está Veryih?
        Veryih- Ainda bem ele está bem.
     Ela fica um tempo abraçada na perna do touro, o touro fica fungando e abanando seu pequeno rabo euforicamente.
        Veryih- Olha só como você está todo molhado... Deixo jogar uma manta em você.
     É fofo ver aquela mulher com corpo de criança a abraçando um grande touro.
        Eu- O que seus pais diziam de você ter crescido e ficado com corpo e aparência de criança?
        Blíui- DREEE!
        Veryih- Ta tudo bem em perguntar, com tanto que não seja zoando com isso ou achando graça e Aaahh, eles sempre estranharam, mas não achavam ruim, nunca falaram nada além de "você vai sempre ser nossa criança"
        Blíui- Haha, seus pais parecem ser legais.
        Veryih- São bons pais... Então. Já se decidiram se vamos ficar na casa ou não?
        Eu- Sim. Melhor irmos e descansar na carroça mesmo, tá certo que está um pouco mais apertado agora com todos nós lá dentro... Só que é melhor não perdermos tempo, afinal estamos sendo caçados.
       Veryih- Que merda a história de como vocês entraram nessa... Eu não conheço a história de todos aqui, mas já deu pra perceber que ninguém teve uma vida muito fácil... Acho que entendo agora o por que, que eles os seguem sem questionar ou partir. Afinal cada um se encontra no outro e segue a mesma coisa, cada um vê um sentido de vida perto do outro.
        Eu- Er.... Eu não sei aonde você foi agora, mas deve ter sido muito longe. Haha.
     Pela primeira vez a vejo olhar para o lado  em nossa direção apenas com os olhos e dar um sorriso, nada comparado ao seu jeito sempre emburrado e de se virar totalmente em nosso direção como se fosse nos xingar a qualquer momento.
        Blíui- Parece que de tantas pessoas que já criaram ódio de nós, ainda tem algumas que realmente gosta da gente.
        Eu- Pois é.
    Devolta a carroça, continuamos ir para o norte.
        Blíui- Tink o que aconteceu aquele dia que nos separamos?
        Tink- Aahh, isso? Já estava até esquecendo. Nós acabamos sendo pegos e tiraram todos os nossos pertences, nos amarraram em um tronco e começaram a nos levar sabe-se lá aonde. Eles nos dava pouca comida e batiam em nós, ficávamos no sol, no frio e na chuva, algumas pessoas revoltadas que sabiam da nossa fama ou que éramos pessoas "más" faziam questão de nos chutar ou cortar assim como os soldados de escolta já faziam, eles só não deixavam exagerar ou fazer algo muito prejudicial a nós. E passamos o tempo desta forma.
        Blíui- Eu lamento por isso... Não tivemos como evitar isso aquele dia.
        Tink- Tudo bem, agora estamos bem e foi melhor que tenha sido assim. Um pequeno preço a se pagar por tudo se manter.
       Blíui- Como assim?
       Tink- Imagina se o Dre fosse pego?  Tudo já estaria perdido talvez... E não conheceríamos a Veryih e nem teríamos a chance de ir em outro continente ou andar distâncias que levaríamos ciclos para completar.
    Blíui faz uma cara sem graça   
       Blíui- Eu não acho certo chamar isso de  "pequeno preço" mas tudo bem... Se você se sente bem vendo assim.
     Ela da uma passadinha de mão no cabelo dela.
       Tink- Haha para com isso, eu não sou sua filha, nem sua irmã.
    As duas sorriem.       
       Blíui- E quem disse que precisa?
       Veryih- Pessoal vou dar uma parada.
   Dou uma olhada para fora e vejo outra carroça menor se aproximando.
       Eu- Que raridade ver alguém andando por um lugar assim.
       Blíui- Deve ser alguém como a Veryih
    Assim que paramos ela começa conversar.
       Veryih- Você por aqui Sudeco?
       Sudeco- Pois é. Não esperava que você também estaria neste continente, o que veio fazer por aqui?
       Veryih- Eu vim fazer uma missão de entrega, agora já estou indo para casa, e você?
       Sudeco- Vim fazer o mesmo.
       Veryih- Aahh, isso explica termos nos encontrado, afinal usamos os mesmos caminhos de viagem.
        Sudeco- Então né?
        Veryih- Você que veio do norte sabe dizer se tinha algo diferente por lá ou alguém?
        Sudeco- Não. Desde o porto o caminho inteiro foi vazio, agora que eu sai da base que encontrei você aqui. O porto está como sempre. Por que? Procura por alguém???
        Veryih- Aahh não é por nada de mais, nem espero ninguém também, apenas queria saber pra evitar atrasos, estou com pressa de ir pra casa logo. Está missão me deixou cansada.
        Sudeco- Entendo... Vir até aqui geralmente é mais cansativo mesmo.
    Ele encara Veryih desconfiado de algo.
       Sudeco- Você está com alguém aí?
    Ela fecha a cara e responde ríspido.   
       Veryih- Você já viu na onde estou?
       Sudeco- Sim mas.. 
       Veryih- Não tem com quem andar aqui, e eu não gosto de companhia, você sabe disso.
       Sudeco- Sim... Me desculpe.
       Veryih- Unf. Não tem necessidade disso, não precisa se desculpar.
       Sudeco- Certo então... Acho que vou indo.
       Veryih-Tenha uma boa viagem.
       Sudeco- Obrigado, tenha uma boa volta para casa. Até
    As duas carroças começam a se mover em sentido oposto.
       Thely- Você foi brava com ele, haha.
       Veryih- As vezes é necessário... Aquele cara é muito curioso.
       Sui- Ele tinha falado algo sobre a base, já está chegando a noite, será que conseguimos chegar lá antes de cair a noite?
       Veryih- Acho que sim. Se chegarmos vai ser interessante pois tem algo que vocês vão gostar de saber lá...
       Eu- E por que você não pode contar agora?
       Veryih- Por que eu gosto de segurar as coisas para o último momento e deixar vocês ansiosos.     
    Os campos de gramado acabam e varias pequenas colinas surgem, fazendo a carroça pender de um lado ao outro, isso faz com que nós seja jogado para um lado e para o outro na carroça.
      Veryih- Calma que já logo vamos chegar, isto faz parte do caminho.
    Passado por aquele terreno ruim aparece uma descida que leva até o a uma pequena vila, olhando de cima é como se tivesse a vila no centro de um funil de terra e árvores.
      Rhooc- Que lugar interessante, aqui nem existe nos mapas.
      Veryih- Esta vila não está em um lugar que parece um grande funil só por estar...
      Thely- Por que aqui então?
      Veryih- Digamos que aqui se utiliza muita água... Então, que lugar melhor para ter uma vila se não em um funil?
      Blíui- Mas isso não inunda tudo quando chove?
      Veryih- Em teoria deveria, vocês irão entender...
   Descendo na vertical o touro põe firmemente cada pata no chão se garantindo que não irá escorregar nas pequenas pedras. Finalmente quando nos aproximamos da vila reparamos em uma canaleta de tijolo com cerca de uns 2 metros de espessura.
      Thely- Isto cerca a vila toda?
      Veryih- Sim, essas valetas garantem que não vá entrar nenhuma água externa na vila, se tiver chovendo nem tem como vir aqui.
      Eu- Imagino bastante água deve passar por aqui, para onde tudo vai? A valeta nem parece ter fundo.
      Veryih- Vocês irão descobrir. Não sei se vocês repararam, mas fora do funil que descemos a região toda é um vale que acaba tendo a sua água escoada para cá.
      Thely- Isso quer dizer que o aproveitamento de água é gigantescos...
      Blíui- Como que está vala pode suportar tanta água...
      Veryih- Não é como se aqui houvesse uma cascata d'gua quando chove, não escorre bastante água pelo morro... Isso é certo, mas não em uma proporção destrutiva.
      Blíui- Aahh entendo.
      Veryih- Agora Precisamos achar a entrada.
    Fazemos a volta na vila até encontrar uma rampa que permite a passagem de um lado ao outro, ao entrarmos ficamos reparando nas casas. Aqui não tem nada de muito impressionante fora o fato de estarmos em um funil gigante que deveria ser inundado de água. As casas são comuns feitas de madeira escura, não parece ter comércios ou algo do gênero, a única casa diferente do resto é uma que fica no centro da vila e se parece com um celeiro gigante com varias correntes dependurada na ponta dos telhados assim como nas casas em volta.
       Toya- Por que será que tem essas correntes? Se for um enfeite eles tem um gosto estranho.
       Veryih- As correntes são para pendurar lanternas a noite, de dia eles tiram todas para repor o combustível.
       Toya- Eles não poderiam ficar sem luz externa de noite?
       Veryih- É que a noite aqui faz muito frio, além de que insetos ficam entrando nas casas, essas luzes os atraí direto para a morte...
    A população da vila são típicas pessoas de Chanber-sig. Mulheres fortes a grandes com homens comuns, alguns andam pelas ruas e outros conversam entre eles.
      Tink- O povo aqui parece ser bem pacífico.
      Veryih- Como disse, um lugar isolado, ninguém teria muitas motivações para conflitos aqui.
      Eu- Ontem vamos ir?
      Veryih- Como sou a de fora tenho que ir lá no centro da vila.
      Blíui- E o que você vai fazer?
      Veryih- Vamos conversar.
    Chegando lá ela manda todos nós descer da carroça e entrar na grande casa de madeira, em quanto ela vai colocar a carroça com o touro em um estábulo ao lado... Estábulo este que não tem nenhum cavalo dentro.
      Eu*- Parece que este lugar não tem muitas visitas.
      Blíui*- I-SO-LA-DO.
      Eu*- sim eu sei... É só que achei que pudesse ter ao menos um cavalo lá dentro.
   Assim que entramos na grande casa ficamos em um grande salão, aqui tem sofás, um balcão e algumas portas que levam a outro cômodo, no teto tem um ilustre.
      Moça- Em que posso ajudar vocês?
   Direto do balcão uma mulher com vestido azul chama a nossa atenção.
      Eu- Nós acabamos de chegar com uma amiga e ela nos mandou esperar aqui..
      Moça- Ooh.. Compreendo. Bem, precisando de algo só vir falar comigo.
    A moça volta passar o pano no balcão e fica de canto de olhos para nós.
      Eu- O que vocês acham que tem aqui que a Veryih não nos contou ainda?
      Thely- Pelo louco sistema de capitação de água e por aqui ser uma base, provavelmente algo bem grande.
      Blíui- Como será que as pessoas vivem por aqui?
      Sui- Nem uma vendinha cheguei ver por aqui, alguém reparou em alguma?
      Toya- Nada.
      Eu- Até que aqui é um lugar bem confortável, olha só para esses sofás, são muito fofos.
   Com a noite chegando as luzes do lugar são acesas, assistimos a moça ascender cada vela do ilustre, em seguida abrindo alguns pinos e os ascendendo de alguma forma.
      Moça- Ander quer fazer o favor de vim aqui um momento?
   Chama ela por alguém... Dentro de alguns minutos aparece um garoto com gorro na cabeça.
      Ander- Senhora quem são aquelas pessoas?
      Moça- Não se preocupe, são alguns visitantes, agora vai por as luzes lá fora que já já nosso turno acaba e vamos dormir.
      Ander- Sim!
   Debaixo do balcão ela retira várias lanternas e coloca uma espécie de pó dentro, o garoto busca uma escada que agilmente pendura as lanternas na mesma e saí para fora. Não demora muito até com que a cidade toda esteja sobre um clarão roxo. A moça se aproxima de nós.
      Moça- Senhores e senhoras eu me despeço aqui.. a pessoa que fica no turno da noite logo aparecerá. Vocês precisam de mais alguma coisa antes de mim ir?
   Todos assentem de que não precisa de nada.
      Toya- O que era aquele pó que você colocou na lanterna? Por que brilha roxo a luz?
      Moça- Bem, neste pó existe vários componentes químicos, mas acho que o motivo pelo qual a luz fica roxa é por conta do potássio.
      Thely- Então isso pega fogo?
      Moça- Não. Mas fica bem quente, é uma reação que acontece. Desculpe mas eu não entendo muito sobre. Bem então eu vou indo, quem faz o turno noturno chegou.
   Na porta vemos um homem de sobre tudo e espada comprida nas costas.
      Moça- Bem vindo de volta Goen.
      Goen- Olá, quem são eles?
      Moça- São visitantes, eles estão com a Veryih.
      Goen- Sério!? A Veryih? O que deu nela aceitar andar com alguém?
      Moça- Quem sabe... Bem então até mais tarde.
   Diz ela sorridente, em seguida ela vai até ele e da um beijinho em sua bochecha barbuda.
      Goen- Até logo.
   Ela se vai e o Homem fica no balcão de braços cruzado que nem estatua.
      Thely- Cadê a Veryih que não aparece mais.
      Aloder- Logo ela deve aparecer, já anoiteceu mas deve ter feito uns 20 minutos desde que nos separamos.
   Ficamos espichados no sofá a espera dela com a fome começando a cutucar nosso estômago.
                /(Fim do capítulo 81)\
   

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