Vidigal

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KAKÁ

Eu sempre preferi dizer que a minha mãe estava morta, até porque uma mulher que abandona os dois filhos por querer, não merece ser chamada de mãe.

A Alina sempre achou que só éramos irmãos por conta do nosso pai, mas a Lisandra me colocou no mundo.

Mas na primeira oportunidade que teve, nos deixou e foi comandar o morro inimigo e nem se despediu.

Alina: Vai Kaká, fala logo. - pediu sentando na cama e eu olhei pra ela.

Eu nunca quis falar nada sobre, mais pelo fato de ser algo foda demais.

Kaká: Não existe um modo fácil de contar isso, então irei direto ao assunto, essa é a Lisandra. - peguei a foto da mão dela. - Ela é nossa mãe.

Ela ficou calada por alguns segundos e só depois me olhou, seus olhos estavam brilhantes por conta das lágrimas.

Esse era o momento, sou o irmão mais velho dela, mas também sou o pai, eu tive que criar ela como minha filha.

O Fernando fez de tudo, mas tinha que ficar no morro. O que me levou a criar a Alina, ser o irmão mais velho e o pai dela.

Alina: Ela nos deixou por que? - perguntou sem me olhar.

Travei no lugar, a desculpa dela era que iria ficar no morro inimigo, era melhor pra ela.

A Lisandra preferiu o poder do que a família, lembro de ver o meu pai no fundo por causa dela, mas o velho teve que se levantar e lutar.

Na época a Alina tinha só 1 ano, era apegada demais na Lisandra e fui uma das piores épocas. Eu sofria por ver ela chorar pela Lisandra.

Kaká: Ela é filha do falecido Rei, a Lisandra herdou o Salgueiro e preferiu ficar lá do que com nós dois.

Alina: Isso é tão cruel, eu não entendo, Kaká. - falou baixinho. - Eu só queria ter uma mãe.

Eu já estava morrendo por dentro, uma dor fodida no peito. Até porque já estava acostumado com o fato de não ter o amor da Lisandra.

Mas com a Alina era diferente, ela sempre teve esse coração mole pra todos, a minha missão quando mais novo era proteger ela de tudo, me jogava até na frente de um carro por ela.

Kaká: Olha pra mim. - me abaixei na frente dela. - Não fica assim, você sempre me teve do teu lado, nosso pai também, mesmo que ele ficasse trabalhando, fez de tudo por nós.

Alina: Eu sei disso e sou grata por ter vocês, mas dói aqui dentro. - apontou pro peito dela.

Kaká: Eu sei, meu amor. - passei o polegar no rosto dela. - Tô aqui pra tudo.

A puxei pra um abraço, deixei ela chorar a vontade, era o melhor a se fazer no momento. Ainda tinha muita coisa pra contar.

Alina: Eu vi ela, Kaká. - falou e eu me afastei dela.

Kaká: Quando? Ela falou com você? - perguntei e ela balançou a cabeça.

Eu nunca confiei na Lisandra, mesmo ela sendo nossa mãe. Aquela vadia só pensa no poder e não pensou duas vezes em matar o Fernando.

Alina: Quando eu fui no shopping, ela me chamou pelo meu nome, eu perguntei o dela, mas na hora não deu.

Kaká: Não pode chegar perto dela. Eu não confio nela, Alina. - digo levantando do chão.

Alina: Além de nos deixar, o que mais ela fez? - perguntou e eu balancei a cabeça. - Me fala, cara.

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