MINHA SALVAÇÃO (Concluído)

78.1-

Magdalene Smith.

Já fazia um bom tempo que não via minha mãe. Desde quando decidi sair de casa e também depois do que aconteceu com papai. Saber que minha mãe é uma pessoa fútil e sem caráter é uma coisa, agora ter certeza de que ela não mede esforços para conseguir seus objetivos é outra completamente diferente e mais dolorosa.

Desde que tudo aconteceu a Helena está presa. Minha irmã fez por merecer e não vou ter pena dela, afinal ela quase matou a mim e ao Christian com essas ideias mirabolantes dela e de mamãe por querer sempre as coisas sem esforço algum.

Desde que vim morar com David minha vida tem sido outra. Coloquei em pratica tudo que gosto de fazer. Ele tem um laboratório com técnicos e engenheiros muito competentes e estou amando fazer parte de sua equipe e da sua vida. Meu amor de infância veio até mim no momento que mais precisei e hoje ele é tudo para mim.

Mantenho sempre contato com papai. Sempre que posso dou uma passadinha na mansão Grey e o mesmo está muito bem e feliz. Ele acha que não percebi, mas já vi os olhares dele para Vera a governanta do Christian, e para ser sincera, espero que eles sejam muito felizes, pois meu paizinho merece um pouco de paz e felicidade. Só quero ver quando minha mãe ficar sabendo que foi trocada por uma empregada. Coitado do seu Jeremy. Espero que antes disso ele consiga o divórcio.

Hoje é um dia importante para mim, pois meu projeto que fiz com todo empenho enfim vai ser testado e se tudo for aprovado vou implementar tanto nas empresas do David quanto na GREY.

Estou distraída e muito envolvida no meu projeto quando ouço a voz de Thomas pelo interfone.

– Senhorita Smith, sua mãe se encontra na recepção querendo falar com você. Devo dispensa-la ou vai atendê-la?

– Minha mãe? Tem certeza Thomas? – Afinal o que ela quer comigo depois de tanto tempo.

– Sim senhorita. É ela mesma. O que devo fazer?

– Leve-a até uma das salas de reuniões que esta vazia. Eu já estarei lá. E obrigada Thomas.

– Por nada Senhorita Smith. Vou acomoda-la na sala 03. – Ele diz e desliga.

Não tenho nenhum secretário e nem acho que preciso já que raramente preciso de ajuda para algo e quando aparece um imprevisto assim como esse, o Thomas pode resolver para mim.

Deixo meus cálculos na minha mesa e respiro fundo para ir de encontro à mulher que deveria me amar e proteger acima de todos, mas que na verdade só me desprezava e me usava nas suas artimanhas. Ainda me lembro de papai dizendo que dava dinheiro a ela para cuidar do meu problema de visão só que ela nunca me levou para especialista nenhum, só me levou uma vez a um médico que depois de saber tudo que ela já fez, tenho minhas dúvidas de que ele realmente seja um médico. Mas agora é hora de saber o que ela quer comigo.

Chego à sala de reuniões e encontro ela sentada em uma das extremidades da mesa tomando um café. Mesmo depois de tudo minha mãe não perde a pose e se comporta como a dona do universo. Pensei que essa pose dela tinha pelo menos diminuído um pouco, mas vejo que esta igual. Bem, aqui estou eu, vamos ver o que ela de fato quer.

– Mãe. – Falo ao entrar na sala e então ela se levanta vindo em minha direção.

–Magdalene, filha. Como é bom te ver. – Opa! O que esta acontecendo aqui?

Ela vem e me abraça apertado e beija meu rosto, mas não consigo olhar em seus olhos. Pois ela logo olha para o lado e muda totalmente sua postura. A pose de mulher forte deu lugar a uma frágil que nunca tinha visto.

– Aconteceu alguma coisa mãe? Afinal faz meses que saí de casa e não soube notícias da senhora desde então.

– Aconteceu que todo mundo me virou as costas. Seu pai não quer nem falar comigo, vive lá trancado naquela mansão e até sobre o nosso divórcio, tudo está sendo feito por meio dos advogados. Eu só queria minha família de volta. Eu sei que Helena errou, eu não deveria ter mimado tanto ela, hoje posso ver que errei em preferir mais uma filha que a outra, você é tão diferente querida, tão forte, eu só queria poder mudar o nosso passado e ser uma mãe melhor para você. Sei que um dia serei avó e não queria ficar longe dos meus netinhos. Então pensei muito esse tempo em que fiquei sozinha e tomei coragem de vir te pedir perdão por tudo. Eu só quero minha família de volta. – Fico apenas ouvindo tudo que ela fala. Sempre foi o que quis ouvir, mas me pergunto se tudo isso não chegou tarde demais. E o pior, será que ela está sendo sincera? – Quero ter minhas filhas comigo, quero me redimir com você, com Christian – Ah sim, Christian!  – Não. Não pense que estou com interesse em alguma coisa. – Parece que ela leu meus pensamentos. – Eu aprendi muito sobre algumas coisas erradas que andei fazendo e apoiando sua irmã. Quando ela sair daquele lugar, quero que sejamos uma família unida outra vez. – Arqueio uma sobrancelha para ela. – Será diferente Magdalene, eu prometo.