Cristais e...uma vassoura?

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A casa da Mika era pequena mas tinha um toque todo especial, e quando digo especial, quer dizer muitos quadros, muitas coisas penduradas e muita, mais muita, velharia. Suspeitei desde o princípio que a mulher era acumuladora. Depois de algum tempo consegui me acostumar com o lugar e até pegar um certo apresso. 

Dois longos anos se passaram. Mika sempre era muito gentil, mas passava a maior parte do tempo fora de casa, saindo muito cedo e voltando mais tarde ainda. Eu não tinha do que reclamar, tinha paz, roupas, comida, um teto sobre a minha cabeça. As coisas pareciam "normais", tirando é claro, o fato pelo qual eu vim parar na casa da peculiar mulher. 

Era inverno naquela época, uma chuva intensa caía lá fora. E mais uma vez, eu terminava meu jantar enquanto assistia supernatural. O episódio era mais um com a causadora de confusões, Rowenna. Tomei um susto quando a porta abriu com certa violência, Mika estava tremendo de frio, mas as roupas estavam secas. 

- Voltou mais cedo. - Olhei a hora no celular. 

- É, o temporal não está colaborando hoje. 

- Como você... - Pensei no tsunami da rua, e as roupas impecáveis de Mika. Mas logo desisti. - Deixa pra lá. 

- Já jantou? 

- Sim. 

- Limpou seu quarto? 

- Sim

- Tirou o lixo?

- Sim, Mika. - Revirei os olhos. 

Ela foi para mais perto, ficando a minha direita, cruzou os braços e cerrou os olhos. 

- Vejamos...fez o dever? 

Abri a boca para dizer sim, mas lembrei da pilha de livros de ficção que passei o dia lendo. 

- Am...

- Catherine, nós já conversamos sobre isso. - Mika, olhou para a TV de soslaio.

- Ah qual é, a Rowenna está tentando chamar a atenção da morte!! 

- Bruxas não se metem com a morte, nunca. - Mika disparou as palavras com uma convicção que fez com que eu pausa-se o seriado. 

- E porque não? 

- A morte, é um porre, ela é muito chata. E bem, é a morte, ela pode....você sabe. 

Mika parecia distraída enquanto falava, até que percebeu a minha cara espantada e curiosa. 

- Qualquer idiota sabe disso. - Mika limpou a garganta tentando se corrigir, mas naquele momento eu soube que toda aquela esquisitice tinha motivo. 

Mika subiu as escadas. 

- Vá dormir, está tarde. E amanhã quando eu chegar quero as lições prontas, mocinha! 

- Sim senhor sargento! - Disse fazendo careta, e ela revirou os olhos. 

Decidi, esperar até que ela pegasse no sono, era minha chance de desvendar o mistério de Mika. Ela nunca me deixava ir no porão, e isso sempre atiçou minha curiosidade. Esse era o meu momento! Desci as escadarias com muito cuidado para não acordá-la, a casa era velha e rangia como se fosse ruir, mas consegui disfarçar bem. Liguei minha lanterna e comecei a minha pequena investigação. Tinha muito livros, e prateleiras com frascos cheio de coisas que eu não consegui definir, algumas mais liquidas outras mais grossa e uugh, tinha uma cobra em conserva. 

O lugar era maior do que eu imaginava, tinham quadros de mulheres que eu nunca vi na vida, nem nas aulas de história. E claro, mais velharias. Tinha uma mesa com cristais e outros frascos, tigelas e alguns ossos pendurados de animais. Um livro estava aberto. Eu me aproximei, a adrenalina correndo meu corpo como eletricidade, eu estava perto de tocá-lo, quando umas luzes amarelas como pequenas chamas iluminaram o lugar. Os passos pesados na escada do porão fizeram com que eu desce um passo atrás, batendo levemente na mesa e quase derrubando um frasco com liquido preto. 

A Filha Do ArcanjoOnde histórias criam vida. Descubra agora