Horas mais tarde naquela noite, eu e Noah subimos no telhado e ficamos ali olhando as estrelas, vendo as luzes da cidade. Eu estava bem ao lado dele, mesmo com toda a confusão e os problemas que me rondavam quando estávamos sozinhos tudo parecia parar no tempo. Noah era um garoto gentil, e tinha um bom coração, uma certa inocência pairava sobre seus olhos. Ele era um sonhador. E durante o tempo que passei com ele, lembrei de como eu mesma era...antes de tudo isso.
- Ele parece ser legal. - Ele me olhou rapidamente. - Miguel. Ele quer ajudar, e bem, ele é meio rude...mas, parece estar falando a verdade.
- É pode ser. Mas ele ainda é irmão de Lúcifer.
- Você precisa ter mais fé nas pessoas, Catherine.
- Fé... - Repeti pensativa, e pela primeira vez notei em como essa palavra não significava nada para mim. - As pessoas mentem Noah, constantemente, são egoístas.
- Eu ainda prefiro acreditar de que há bondade nesse mundo, mesmo que seja só um pouquinho. - Ele me lançou um sorriso torto e me aninhei em seus braços. Podia ouvir sua respiração tranquila e o soar das batidas do seu coração.
- Noah...você tem família? - Sussurrei para ele.
- Sim.
- E onde eles estão?
- No canadá, eu acho. - Ele suspirou. - Eu não tenho contato com eles. Meu pai é...difícil...ele não aceita meu estilo de vida.
- E qual é seu estilo de vida?
- Imprevisível. - Ele sorriu e logo sombras voltaram aos seus olhos. - Meu pai é dono de uma empresa de vinhos, amante dos negócios. Mas, eu nunca quis essa vida. O meu maior sonhos e viver da arte.
- Você pinta? - Me levantei admirada.
- Sim. Ainda não vivo disso, então trabalho em períodos no bar do senhor Garroey. Eu estava fechando quando vi você ser atacada e bem...o resto você já sabe.
- Deixa eu ver...
- Todos os quadros ficaram no apartamento em Nova York.
- Pinte um novo. - Sorri para ele.
Por sorte, a casa do arcanjo era cheia de coisas que ele nunca usava. Exploramos até achar uma sala pequena onde tinha tintas e um quadro. Andei até o centro.
- Isso é o destino, tem tudo aqui. - Parei por um instante. - Essa casa não é do Miguel, disso eu tenho certeza.
- Pode ser de um amigo. - Noah deu de ombros.
Eu me espantava com o tamanho da fé de Noah nas criaturas desse mundo. Ignorei os pensamentos sobre Miguel. E voltei a focar na tela em branco.
- E ai, no que está pensando?
- Eu não sei, eu acho... - Ele parecia ter tido uma ideia. - Certo. Saia da sala, quando eu acabar te chamo.
- Ah qual é? Eu quero ver você pintar. - Cruzei os braços emburrada.
- É que eu quero que seja uma surpresa. - Ele já segurava o pincel, os olhos tímidos me olhando com carinho. Como dizer não a ele?
- Tá bom, estou indo. - Levantei as mãos em rendição e sai da sala.
No primeiro momento fiquei andando em frente a porta fechada, para lá e para cá. Mas logo o cansaço me tomou, subi e fui para o meu quarto, li algumas páginas de um livro sobre "como encontrar a felicidade". Esses livros de autoajuda são um tédio. Entediada, me deitei. E aí foi onde pequei. O sono me venceu e adormeci.
[...]
Acordei com o sol me cegando logo cedo, as cortinhas tinham ficado abertas e demorou para que minha visão se acostumasse. Logo lembrei de Noah na sala e o quadro um sorriso se formou no meu rosto, pulei da cama e desci as escadas.
- Noah! Noah!? Espero que o quadro esteja pronto, porque eu to entrando! - Aumentei a voz animada, abri a porta e a cena que vi fez toda a luz em meu coração desaparecer.
As tintas estavam jogadas no chão, o quadro pronto tinha um rasgo enorme no meio, as pernas do tripé estavam quebradas e misturado as tintas eu pude ver, havia sangue. Sangue dele...
Corri para a sala.
- Mika!!!! - Gritei para que ela descesse.
Mika apareceu no topo da escada alarmada, desceu as pressas, logo depois Miguel apareceu igualmente alarmado.
- O que foi querida? O que aconteceu?
Meus olhos marejavam, o nó na garganta se formava, cerrei os punhos para conter a tremedeira.
- Noah sumiu! Ele foi levado. Lúcifer levou ele. Eu sabia, sabia que não deveria ter envolvido ele.
Andava de um lado para o outro totalmente alterada.
- Você. - Apontei para Miguel. - Você nos traiu! Esse tempo todo estava do lado do Lúcifer, não é? Assume desgraçado!!!
Miguel colocou os braços para trás, o olhar severo para mim.
- Eu sou um arcanjo, filho de Deus. O mais bravo dos guerreiros. Acha mesmo que eu me aliaria a escória do seu pai?
- Ele confiou em você! Noah, disse que você era honesto!! - Limpei as lágrimas do rosto. - Ele estava errado!!
Subi para arrumar minha mochila. Mika veio logo atrás.
- Catherine. Ele não fez nada. Não pode acusá-lo assim.
- Como pode ter tanta certeza? Ele era o único entre nós que sabia onde estávamos.
- Catherine, você não está pensando direito.
- Estou sim! Quero ficar longe desse arcanjo de merda. Quero encontrar Noah. E nem que eu vá pessoalmente ao inferno. Eu vou encontrá-lo. - Coloquei a mochila nas costas. - Você vem comigo?
Mika me olhou por um instante. Seus olhos magoados, parecia triste e preocupada.
- Jamais quebrarei minha promessa. - Ela tocou meu rosto gentilmente.
Descemos apressadas. Miguel ainda estava no mesmo lugar.
- Catherine, não pode enfrentá-lo sozinha! Você não compreende? É isso que ele quer, por isso levou Noah. - Miguel discursava, mas passei reto por ele e bati a porta nas costas indo em direção ao carro.
Mika entrou e deu a partida.
- Para onde vamos? - Perguntou ela.
- Eu sei como atrair meu pai. - Respirei fundo. - Vamos para Greenwich.
- Mas Catherine... - Mika me olhou, estava pálida.
- Só dirija, por favor...
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A Filha Do Arcanjo
Teen FictionOi, eu sei o que você deve estar pensando o que diabos essa garota que eu nunca vi na vida quer? Bem, eu quero que me escute. Eu preciso contar minha história...E só você pode saber, será um segredo nosso certo? Por onde eu começo....hmmm....Ah!! J...