Bati apressadamente na porta, olhei o horizonte o sol já estava nascendo. Minhas costas gritavam de dor ao carregar o pobre coitado. Bati mais uma vez com mais violência e finalmente Mika abriu, os olhos inchados eu definitivamente tinha acordado ela.
- O que? - Mika olhou para mim e o corpo do garoto jogado no chão. - Catherine o que você fez?
- Eu posso explicar, só não podemos ficar aqui fora. - Disse nervosa.
Mika me ajudou a carregar o garoto para dentro, o jogamos no sofá. E ela me arrastou para cozinha. O rosto reprovador que eu só tinha visto uma vez, quando quebrei um vaso de mil anos vindo da china.
- Porque nós temos um garoto apagado no sofá? E o que você estava fazendo fora de casa!?
- Eu ia...embora.
- Catherine do que está falando?
- Eu peguei minhas coisas, e fui embora. O plano era pegar um ônibus na rodoviária, e sumir.
- Onde você estava com a cabeça! Sabendo que seu pai está procurando você. E depois de fugir, onde ficaria? Como se protegeria? - Mika estava nervosa e assustada.
- Então...eu acho que posso me proteger. - Hesitei ao dizer.
Mika piscou confusa.
- É que Crowley veio falar comigo...
- Crowley esteve aqui em Nova York!?
- Sim, ele queria me levar até Lúcifer. - Me aproximei para falar mais baixo. - Mas eu, acho que matei ele, não sei.
- Como?
- Eu devo ter herdado algum, superpoder. - Dei um sorriso torto, que ela não aprovou. - Okay, nada de superpoder. Mas algo aconteceu, e bem, o demônio virou fumaça.
Mika coçou a nuca, estava agitada.
- E o garoto?
- Ele viu o que eu fiz. Ele tava nervoso fazendo muitas perguntas, então eu bati nele com uma garrafa de whisky.
- Certo...Espera...o que você estava fazendo com uma garrafa de whisky?
- Mika, o garoto. - Apontei revirando os olhos.
- O que você quer que eu faça?
- Sei lá, enfeitiça ele.
Mika colocou a mão na testa, como se eu tivesse dito uma estupidez.
- Olha, não é tão simples. Eu não sou um gênio, não é só estalar os dedos.
- E o que vamos fazer?
- Esperamos ele acordar. - Mika cruzou os braços. - E eu vou lá embaixo preparar algo para apagar a memória.
- Mas você disse...
- Eu disse que não era simples, mas não disse que ia me recusar a ajudar.
Mika desapareceu pelo corredor onde havia a escada para o porão.
Fiquei andando de um lado para o outro, vigiando o garoto adormecido. Reparei em como ele era bonito, estava sujo de terra e cheirava a bebida, tudo graças ao meu descuido. Mas ainda sim, seu rosto era quadrado, os cabelos pretos ondulados e curtos, lembrei dos olhos dele, verdes como esmeraldas. E o corpo era definido, ele não era forte, nem muito franzino, digamos que um meio termo, aceitável.
Impaciente e cansada de esperar que ele acordasse, fui até a cozinha preparar panquecas, estava faminta e bem, qualquer desculpa é boa para se comer panquecas. Coloquei o avental, prendi o cabelo em um coque desajeitado e comecei a faze-las. Fiz muitas, muitas mesmo. Virei a última na frigideira me sentindo a própria dona do Hell's Kitchen. Quando voltei a bancada tomei um susto com a figura parada no batente da porta, derrubei a frigideira e observei a morte da minha ultima panqueca.
- Ah ótimo, que desperdício. - Catei os restos mortais da panqueca e joguei fora. O garoto permanecia parado na porta.
- Oi. - Forcei um sorriso, hesitando ao me aproximar. - Eu sou Catherine. '
- Você é a garota da luz. - Murmurou ele. - Eu vi você.
- Aquilo foi... -"Pensa rápido Catherine". - Um truque! Eu sou do circo.
- Circo?
- É eu faço parte de um espetáculo, e aquilo é o primeiro ato, o sumiço do homem estranho na fumaça. - Eu estava me esforçando para fazê-lo acreditar naquela bobagem.
- Era quatro horas da manhã.
- Eu sei, nós, ele o cara de sobretudo. Ele é excêntrico, gosta de treinar na escuridão. Sem...ninguém olhando?
O garoto pareceu ponderar a história maluca que eu acabava de contar. Franziu o cenho e tocou a nuca dolorida.
- Você me bateu com a garrafa! Disso eu me lembro claramente! Por que?
- Am... - Nessa eu estava encurralada, mas fui salva pela aparição de Mika logo atrás do garoto.
- Ela ficou com medo. Pelo que Catherine me contou, você estava gritando com a garrafa na mão indo em direção a ela.
- Jesus! - Ele deu um pulo assustado.
- Não querido, sou só a Mika. Muito prazer. - Ela esticou a mão para o garoto que hesitante a cumprimentou.
- Que tal, nós resolvermos isso. Tomando um café? - Claramente eu estava tensa. O garoto sentou-se na bancada e olhei desesperada para Mika que acenou negativamente. Algo não tinha dado certo. - Aqui, coma. - Empurrei o prato com as deliciosas panquecas.
- Obrigada. - Ele começou a devorar, estava faminto. E senti certo ciúmes pelas panquecas, mas Mika me puxou para a sala, lançando um sorriso tranquilizador ao garoto.
- O que deu errado? - Sussurrei.
- Não tenho todos ingredientes.
- Ah sei lá, mistura tudo que tem lá embaixo, vai que damos sorte, e...
- Catherine, não ouse pensar uma coisa dessas, ele é inocente.
- Desculpe. Eu tô desesperada. - Eu realmente estava.
- Vamos a cidade, e vamos levá-lo. Parece ter engolido a história do circo. - Mika olhou para o garoto rapidamente. - A propósito, pensou rápido nisso.
- Eu improvisei. - Dei de ombros.
- Vamos deixá-lo na cidade, e bem, ninguém vai acreditar nele. Caso, ele fale alguma coisa.
- Ou talvez, ele se engasgue com as panquecas e problema resolvido. - Deu sorriso debochado e Mika revirou os olhos voltando a cozinha, eu a segui.
- Querido, qual seu nome?
- Noah Carter.
- Certo, Noah vamos levá-lo de volta a cidade está bem?
- Ah ótimo. Adoraria uma carona.
Pegamos o impala e seguimos para a cidade, eu torcia para Noah realmente ter acreditado na história e nos esquecesse depressa.
Mas, nem sempre é como esperamos, não é mesmo?
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A Filha Do Arcanjo
Teen FictionOi, eu sei o que você deve estar pensando o que diabos essa garota que eu nunca vi na vida quer? Bem, eu quero que me escute. Eu preciso contar minha história...E só você pode saber, será um segredo nosso certo? Por onde eu começo....hmmm....Ah!! J...