Capítulo 6

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    Uma risada. A voz era rouca e fazia com que meu coração acelerasse. Eu estava em algum lugar claro, sentada encostada em uma árvore. A Árvore da Vida. Me virei em busca da pessoa que emitirá aquela risada. 

    Ao me virar percebo minhas asas. Asas de anjo. Grandes, macias, translúcidas e brilhantes, quase como a encarnação de um sonho. Procuro por todos os lados pela pessoa que fazia meu coração acelerar. Sinto mãos tampando meus olhos.

    — Adivinha quem é? — a voz era grossa e rouca.

    Coloco minhas mãos sobre as dele que ainda cobriam meus olhos, sentindo a mão cheia de cicatrizes e calos.

    — .... — não consigo entender o nome dentro do meu sonho, parecia um sussurro. — Sei que é você. — falo rindo.

    Ele dá risada novamente e se senta ao meu lado. Seus olhos eram vermelhos sangue, suas vestes negras como a noite, assim como seu cabelo, e em suas costas havia asas escuras como um eclipse. Um Demônio.

    — O que você está fazendo aqui? — pergunto para ele deitando minha cabeça em seu ombro.

    — Vim te ver. — ela passa a mão áspera e estranhamente macia pelo meu rosto.

    — Sabe que podem nos ver aqui. — sinto um arrepio de medo, passo meus braços em volta dele, o apertando em um abraço.

    — Sei disso. — ele fala nervoso enquanto rodeava meu corpo com seus braços fortes. 

    Então em um movimento rápido ele levanta o meu queixo me fazendo olhar em seus olhos vermelhos sangue.

    — Eu vou te proteger, não importa o que acontecer e nem quem eu tenha que lutar contra. — ele encosta nossas testas. — Eu te prometo.

    E então sela essa promessa com um beijo delicado em meus lábios. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, temendo por aquela promessa, e rezando para que nunca estivéssemos nós em perigo.

    Acordo por causa do sol que atravessava minha janela e refletia em meu rosto. Me viro preguiçosamente na minha cama. Outro sonho, e ainda mais estranho do que os outros. Tudo que sei é que nos sonhos sou um anjo, e que amo uma pessoa que não deveria.

    Me sento na cama, colocando meus pés no chão gelado sentindo um arrepio subir até os meus fios de cabelo. Coloco as mãos na cabeça. Que desculpa inventaria para ter chegado tarde da noite, quando todos aqui em casa já estavam dormindo? Tive que pular a janela do meu quarto, meu pai tem sono muito leve. Dou um longo suspiro e me levanto colocando minhas pantufas.

    — Bom dia, mana! — Lauren fala assim que entro na cozinha.

    — Onde você estava ontem, feiosa? — Max pergunta para mim me olhando nos olhos com algo que parecia preocupação brilhando em suas íris azuis gélidas.

    Parecia que meus pais já foram para o trabalho.

    — Perdi a noção de tempo na minha pesquisa. — falo a verdade, mas não completamente.

    Max me olha desconfiado enquanto Lauren tinha um olhar como se falasse: você irá me contar essa história depois. Rio com isso e vou até a mesa que eles estavam tomando café da manhã e pego uma rosquinha açucarada.

    Escuto o som claro do sino do Correio Mágico e vou na porta pegar as correspondências.

    Havia duas cartas para meus pais, com o selo real, uma carta para meu irmão, com o selo da guarda, deveria ser o resultado do teste de ontem, e uma embalagem para Lauren.

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