Capítulo 10

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    Estava andando pela rua da minha casa, Kenneth achou melhor me deixar um pouco longe, para não causar uma imensa manchete nas revistas no próximo dia. Concordei, não queria ter que explicar isso para meus pais também.

    Mas enquanto andava pela trilha de tijolos amarelos brilhantes mesmo na noite estrelada pouco iluminada, tudo que eu conseguia pensar era na sensação do beijo dele em minha bochecha que ainda parecia queimar, e em como meu coração batia em meu peito.

    Não sei como cheguei na porta da minha casa, não lembro do trajeto que fiz, estava tão aturdida em meus pensamentos que agradeci por ter andado tanto por aquele caminho que saberia andar por ele de olhos fechados.

    Dou um suspiro ainda em frente a porta de casa e então entro, já planejando minha história.

    — Cheguei. — falo fechando a porta com cuidado.

    — Bel! — escuto Lauren gritar de cima das escadas.

    — Bella. — meu pai estava na sala, então chegou mais rápido até mim.

    Ele me envolveu em um abraço forte e quente. Estava em casa e essa era a amostra mais viva que poderia ter disso.

    — Onde você estava, gatinha? — ele me pergunta enquanto me analisava de cima abaixo.

    Tinha a sorte de que os curativos estavam escondidos debaixo da calça e os machucados no braço não passavam de arranhões e alguns avermelhados fáceis de mentir sobre. O maior dos ferimentos estava muito bem escondido debaixo da minha blusa.

    Tiro o gorro e o coloco sobre a mesa da sala, me sentando no sofá de casa, com meu pai ao meu lado e Lauren à minha frente, me olhando de uma maneira que parecia querer ler minha mente.

    — Eu estava com um amigo e acabamos indo na floresta para falar sobre algumas coisas. — falo tentando imaginar algo. — Ele me apresentou alguns amigos que me ensinaram andar de Skatefly e acabei caindo e me arranhando toda. — era a primeira vez que encobria algo da minha família. — E como estava muito tarde, acabei dormindo na casa dele. 

    Meu pai me olhava como se soubesse que todas as palavras que saíram da minha boca eram mentiras deslavadas. Enquanto isso Lauren parecia ter descoberto tudo que eu não havia falado. Eu era mesmo uma péssima mentirosa...

    — Se você não quer contar onde esteve tudo bem. — meu pai sorri. — Pelo menos está bem e em casa. Mas na próxima, avisa. — percebo uma tristeza em seu olhar que aperta meu peito.

    — Mas pelo menos esse "amigo" existe? — Lauren me pergunta sorrindo.

    — Sim... — na minha cabeça começo a rodar um monte de nomes, mas desisto logo em seguida, eles já sabiam que eu menti, não adiantava inventar personagens. — Kenneth.

    — Como o príncipe? — ele me olha de maneira atrevida.

    — Sim... — falo olhando para cima. — Onde está mamãe? — mudo de assunto rapidamente.

    A sala fica em um silêncio fúnebre. Comecei a temer pelo pior, um pensamento comum quando ninguém responde uma pergunta em menos de dois minutos. Minhas mãos tremiam só pelo pensamento de a situação dela ter piorado.

    — Ela tá de cama. — minha irmã fala finalmente olhando para cima das escadas.

    — Ela não conseguia levantar de manhã, tanto que fui levar Max e depois fui ao trabalho. — papai fala olhando para suas mãos. — Lauren ficou cuidando dela.

    — Chamei aquele fauno da rua de baixo. — ela enruga o nariz. — Ele é médico, mas estava de férias, ele falou que ela deveria ficar em repouso e tomando alguns remédios. — ela fez uma longa pausa. — Ela está preocupada com você, acho melhor você subir.

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