to the man who broke me

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25/07/19 6am

Hoje voltei a olhar-te nos olhos e só eu sei como doeu. Ver-te e odiar-te. Ver-te e querer matar-te.
Sentir novamente na pele as tuas mãos a percorrem o meu corpo, a tirarem de mim parte da minha inocência e estabilidade. Naquele momento estavas a levar contigo um bocado da minha alma e eu nada pude fazer.
Estática.
Estupefacta.
Morta.
Estava morta porque deixei que fizesses comigo aquilo que querias. Aquilo que te dava prazer.
Veres-me em sofrimento, fazia-te bem?
12 anos.
12 anos tinha eu quando fui tocada pela primeira vez.
Consentimento? Não existiu.
12 anos tinha eu quando te apoderaste do meu corpo como se fosse todo teu.
Consentimento? Não existiu.
Custou-me ver-te passar e não poder fazer nada. Nem gritar, nem fugir, nem espernear... E tanto que eu queria fazer alguma coisa. Não só hoje como naquele dia em que uma parte de mim foi levada.
E tudo para quê? Para sentir não só nojo de ti como de mim mesma por não ter agido contra ti, para querer fugir de todos os homens que se aproximam por ter um trauma comigo guardado no meu peito, para ter medo de afetos, carinho, amor...
Dormi mal esta noite por tua culpa. Durmo mal muitas noites por tua culpa.
Gostava que isto parasse, queria esquecer-me disto.
Deus, limpa-me a memória. Lava-me a alma. Leva-me para o pé de ti.

as cartas que nunca lesteOnde histórias criam vida. Descubra agora