18/07/19 4am
Espero poder dizer que esta é a última vez que escrevo sobre ti, para ti. Pelo menos enquanto tiver este sentimento guardado no peito - não o quero ter.
Tirei um tempo para refletir sobre nós. Sobre todas as vezes em que me ajudaste e todas as vezes em que te ajudei - ou tentei. Quando lembro-me de ti vejo-me a revirar-te os olhos por todas as conversas indecentes que tens, todas as atitudes parvas ou palavras que te saem da boca que não fazem sentido nenhum. Reviro-te os olhos porque no fundo acho piada. Porque sei que foi esse teu jeito desajeitado que fez com que começasse a preocupar-me contigo.
Não me esqueço de todas as vezes em que me deste a mão, aturaste as minhas bebedeiras, secaste-me as lágrimas e arrancaste-me sorrisos.
Não me esqueço que foste uma das poucas pessoas que sempre fez com que me sentisse bem só de ter-te por perto. Não me esqueço que guardas contigo segredos meus que eu nunca pensei conseguir revelar. Que fizeste com que me soltasse mais - talvez demasiado em alguns aspetos.
Mas isso acabou, certo?
E o meu coração está despedaçado. Se soubesses as vezes em que me fechei no quarto, com lágrimas a escorrerem-me pelo rosto, só por ter a noção de que nada será igual. Nem parecido. Nada. Agora tudo resume-se a nada.
É triste.
Pede-me para ultrapassar esta dor, mas não podes pedir-me que deixe de me preocupar contigo. E eu tenho medo que, passado este tempo longe de ti, isso aconteça. Não será fácil. Não será por vontade própria. Mas as coisas mudam e nós temos de deixar que mudem.
No outro dia recebi uma mensagem onde se dirigiam a mim como "meu bem". Não demorou muito para começar a chorar. Estou a deixar de ser o teu bem para tornar-me o bem de outra pessoa... Estranho ahn?
A minha alma fica pesada só de pensar na possibilidade disto tudo começar a passar ao nosso lado, de saber que podes ser mais um a quem dava tudo mas que eventualmente passará por mim na rua e não será apenas mais um corpo com quem me cruzo. Não quero que isso aconteça. Não faças com que isso aconteça.
Ninguém quis compreender-me, não da maneira que tu quiseste. E eu preciso de ti. Porque tu ouves e dizes aquilo que eu preciso de ouvir, sem medos. Porque sabes que o que dizes é para o meu bem. Porque queres o bem do teu bem. Ou querias? Eu não sei. Eu já não sei.
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as cartas que nunca leste
Nonfiksiescrever atenua a dor na alma portanto talvez assim a minha fique mais leve