Luzes da Cidade

Um pijama para chorar.

Bem... Lá estava eu no meu quarto, com pensamentos vazios e tristes no qual não correspondiam aquilo que na verdade eu queria sentir no momento. Sim é difícil sentir boas coisas quando sua base emocional está completamente se despedaçando, não era culpa das circunstâncias, não era culpa de uma falsa coincidência, que se juntou ao meu vázio, que eu sentia em meu interior, como se tal acontecimento com a minha mãe fosse coincidir com esse outro momento triste em minha vida e ambos uniram-se para me derrubar de vez.

Diversas vezes diziam-me "Andressa você é uma garota forte, você conseguirá atravessar a todas as adversidades que se opuserem contra você", claro que não me diziam isso com essa formalidade toda, mas prefiro colocar dessa forma, parece-me muito mais adequado à minha personalidade e a todo o contexto no qual eu havia entendido.

Mesmo ouvindo tais coisas, nenhuma dessas palavras de conforto preenchiam-me ou me acrescentavam essa "força" que tanto citavam, se eu realmente à possuía não à detectava de forma alguma, parecia que ela não se manifestava dentro de mim. Ela poderia se manifestar por mais insignificante que fosse, por mais fraca que fosse, poderia... Daria-me um impulso extra para caminhar mais um pouco.

Mas naquele momento apenas queria caminhar para o banheiro para dar-me um pouco luxo de desfrutar de um banho quente depois do dia terrível que eu havia tido, e quem sabe após o banho dormir um pouco e descansar minha pobre mente, que estava totalmente cansada.

Como era a única coisa realmente relaxante, e que podia tirar um pouco desse meu estresse e ansiedade, não apressei-me muito para pegar as coisas. Peguei uma toalha, minhas roupas íntimas, porém algo faltava e não achava-o, que era o meu pijama, onde eu o havia deixado?

Lembrei-me havia deixado-o na gaveta do guarda roupa de minha mãe, ou seja, teria de me dirigir até seu quarto. Se isso não era uma trágica coincidência, não poderia dizer o que seria, seria mais uma artimanha da vida para entristecer-me, por que justo no quarto de minha amada mãe? Por quê?

Porém né, tive de ir até lá, porque não me sentia confortável dormindo com roupas normais, como calça jeans, etc. Davam-me uma pequena sensação de falta de ar. Gosto de dormir de maneira leve a qual eu consiga respirar bem.

Então lá fui eu, era impossível para mim chegar naquele quarto e não conter minhas lágrimas, era um sentimento muito forte, era algo muito difícil saber que dias antes ela estava em casa comigo. Deixando essa lamentação de lado, foquei no que realmente fui fazer ali, fui direto ao ponto para não me machucar mais ainda. Abri a gaveta onde se encontrava meu pijama, peguei-o e reparei que no fundo da gaveta havia uma carta, curiosa estendi minha mão para pega-lo, em sua parte frontal estava escrito "Leia quando estiver pronta...".

Pensei comigo mesma, vou ler depois do banho porque vou estar mais tranquila e talvez um pouco mais preparada para ler.

Dirigi-me ao banheiro, fechei a porta e comecei a despir-me, olhei-me no espelho, estava com um aspecto horrível, uma expressão comovente ao meu ver. Meus olhos estavam com terríveis olheiras e vermelhos de tanto chorar, estava completamente diferente do que eu era antes, pois antes minha face ainda esboçava alguma felicidade.

Deixei de lado essa minha aparência abatida e liguei o chuveiro para começar banhar-me.

Demorei um pouco, mais do que o comum no banho, julgo que não foi errado, pelo menos à minha perspectiva era o mínimo que eu merecia após esse longo e trágico dia.

Quando acabei de banhar-me, sequei-me, vesti minhas roupas íntimas e o meu pijama, então comecei a pentear os meus longos cabelos. Estava limpa e cheirosa, então fui para meu quarto denovo para ler a carta, para após isso poder dormir um pouco.

Quando cheguei, olhei pela janela eu vi que o dia havia se convertido em uma fria noite de inverno, então fechei a janela e peguei a carta para ler, mal sabia eu o que estava escrito e não sabia o que eu iria aguardar...