Eis que eu começará a escrever um novo capítulo em minha história, errática história, na qual não possuía rumo. Tão pouco objetivos, sem regularidade nenhuma. Apesar disso, é nesta parte que torna-se mais evidente tais aspectos dentro de mim, na qual me carregariam pela tamanha vastidão desse mundo e seriam sustentados pela minha pessoa por longos tempos.
Era suspeita dizer que eu havia subido um patamar, que tivesse me elevado em espírito ou como um pessoa, sentia... Ou melhor dizendo, não sentia, eu não estava quente tão pouco sentia-me morna, com morna quero dizer ter achado um ponto de equilíbrio. Em verdade sentia-me fria, assim como uma geleira.
Depois que mamãe foi-se todos esses novos aspectos e traços na minha personalidade, forjaram ‘A nova Andressa’. Essa personagem na qual estava reclusa dentro si mesma, cercada por um murro erguido por seus próprios demônios.
Isso tudo formou-se naquele velório, dali que se originará essa escuridão no meu ser, e mais para frente lá seria onde essa escuridão seria ceifada. Isto é, passariam anos para que isso se concretizasse.Já que ali naquele local se formará essa nova versão de mim, é dali que se continua minha história martirizante.
Naquele momento lá estava eu a videar o túmulo de minha mãe, cujo devia estar em um lugar melhor longe da frieza desse mundo, nem esboçava na em minha feição, nada que pudesse expressar algum sentimento nítido a alguém que estava junto a mim presenciando tal cena.Ao meu redor encontravam-se a minha direita meu papai com lágrimas correndo por seu rosto, a minha esquerda Tia Elza se esvaindo em prantos, além de falar muito, tia Elza tinha o dom de fazer um ótimo drama, espernear tal como uma criança de colo;
“Creio que um pouco estranho para alguém que apesar de ser irmã de mamãe, não tinha quase nenhum contato com a mesma”- Pensei comigo mesma.Embora eu estivesse descrente do suposto sofrimento de tia Elza, guardei tal sentimento dentro de meus pensamentos, claro que também está suposição poderia ser mais um de muitas paranoias nas quais iam me acompanhando a muito tempo. Pensamentos provenientes de uma mente perturbada, uma mente cujos os propósitos estavam abalados, cujo seus sentimentos haviam sido pisoteados pela doce vida que desfrutamos a cada dia.
Certo é que tais sentimentos e pensamentos estavam calcados em uma insegurança sem igual, onde tudo e todos estavam conspirando para lhe destruir, ao menos assim senti-me.
Isto é...Digamos que isto era que se passava em meu interior, o tão obscuro interior que poucos(as) hão de entrar e desfrutar de uma pequena amostra de seus reais impulsos, meus sentidos mais primitivos e profanos ali estavam, ninguém compreendia-os, claro, até porque poucos ousaram adentrar a fundo dos meus anseios, melhor dizendo, creio que ninguém teve a vontade ou realmente se importou em o fazer. Não valia o esforço tentar adentrar o coração de uma “menininha perturbada” tal como eu era.Então a obscuridade ali estava, guardada a chaves, cadeados, correntes, enfim, muito bem velados e resguardados eram meus segredos.
Essa paranoia misturada com o sigilo de meus pensamentos, estavam, não tão obstantes, estavam prontos para tornar-me reclusa em mim mesma, em um cativeiro em meus próprios arredores, digamos assim, simplesmente estava presa em mim mesma. E o que regia o meu ser exterior era a ‘nova Andressa’, pois como um palhaço esconde-se por trás de uma densa maquiagem, me escondi por trás dessa personagem.Pós funeral, reunimo-nos diante da entrada do cemitério para assim nos despedir para tomarmos nossos rumos para nossas casas.
Então eis que tia Elza de forma inesperada tece um comentário um tanto indelicado e estranho para minha pessoa:
-Pois é filhinha, sua vida daqui para frente será muito difícil. Ainda mais agora que sua mãe está longe, meus sentimentos por você Andressa, creio que esteja arrasada.- Disse-me.-Agradeço-lhe tia Elza pela preocupação na qual a senhora esboça pela minha pessoa, porém lhe faço notório de que está dor que aqui sentimos nesse velório há de passar, isto é, se porventura continuarmos a remar o nosso barco e seguirmos com nossas vidas...-A respondi, porém tia Elza interrompe-me.
-Ah Andressa, sempre com palavras chiques e refinadas, para que tantas formalidades?! Pra que ser tão polida? Sua mãe nunca acho esquisito toda essa formalidade?-Perguntou de forma irônica.
Confesso que na hora gostaria de lhe responder de forma áspera e resistir perante sua face, pois sua atitude era repreensível, porém optei por uma resposta mais sucinta e educada:
-Sabe tia Elza, mamãe sempre teve orgulho de mim e nutro do mesmo orgulho para com ela. -Respondi-a
Não gastaria meu tempo, e muito menos, gastaria eu o meu vasto vocabulário, para alguém que na qual não nutria nenhum sentimento positivo e ainda mais, provocara-me em pleno funeral de mamãe. Pois então assim fechou-se e iniciou-se um novo ciclo. Junto com mamãe estava enterrado a ‘Velha Andressa’, porém agora o que havia nascido era a ‘nova Andressa’, a mesma que na qual encontrava-se reclusa em seus próprios demônios.Assim como uma lagarta precisa virar um casulo para transformar-se em uma belíssima borboleta, assim eu estava na minha metamorfose, estava passando pelo casulo para assim nascer um borboleta que pudesse voar bem longe para algum lugar.
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Luzes da Cidade
RomansaDo pó ao pó, digamos que não é fácil aceitar que nascemos para morrer. Mas é isso que Andressa descobriu e da pior forma possível terá de lidar com essa realidade. Uma trágica e triste visão sobre o que é viver com poucas razões. Ela irá sobreviver...