Enfim unidas.

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Enfim havíamos chegado ao hospital cujo minha "mãe" estava. Naquele momento estava ansiosa, talvez não no bom sentido, pois ao revê-la aquele sentimento de saudade que normalmente temos ao estar distante de sua família, tornou-se em um sentimento, puramente e exclusivo para acabar de vez com a dúvidas e curiosidades qual aflingiam-me desde de que eu li à carta.

Honestamente não sabia ao certo o que viria acontecer, nem o que eu estava prestes a videar e escutar naquele reencontro entre eu e minha "mãe" Maria. Era como se não pudesse desligar-me do pensamento dequestionamento para apaziguar toda a curiosidade dentro de mim, mas mantive a calma.

Chegamos ao clichê, onde nos identificamos e fomos liberados para adentrar na ala cujo encontrava-se "mamãe". Pelo corredores um olhar vazio, quase morto, guiavam-me pelos andares daquele hospital, passado por um, por dois, por três corredores, pareciam infinitos naquela hora, tudo se passou lentamente.

Passando por quartos de UTI, portas abertas e pessoas quase morrimbudas nas camas, aguardando sua cura ou seu amargo fim. Andando mais adiante prantos e lamentações eram ouvidos de um quarto, eis que ali um óbito acabará de ocorrer.

Olhei um pouco, curiosa como sempre, alguns segundos bastaram para angustiar-me um pouco, era um clima diferente, triste e profundo ao mesmo tempo, fiquei um pouco mal, sentindo como algo ainda ocorreria no futuro não tão obstante por vir.

Passando por mais alguns quartos, eis que chegará no quarto onde minha "mãe" estava. Ali se encontrará ela, e a olhei pela porta no qual estava um pouco aberta, olhando para a janela, alienada a uma cama de UTI, adornada com vestes de hospital, não era nada agradável a cena. Máquinas ao seu redor medindo respiração e frequência cardíaca. Seu olhar estava abatido e via-se um peso em seu semblante, videei tal situação antes de entrar, pensei se deveria mesmo adentrar, então descidi entrar mesmo com toda aquela atmosfera ruim, que abundava naquele recinto.

Bati na porta em ato de educação, ao ouvir o bater da porta um esboço de um sorriso esperançoso abriu-se e de seus lábios saiu tais palavras:

-Quem é que está aí?-Perguntou.

Então abri a porta, é respondi a pergunta qual fora-me feita:

-Sou eu "mãe", sua "filha" Andressa.-Falei em forma um pouco sarcástica.

Ao me ver, pareceu que era à mim que ela queria ver, era essa a visita que ela queria receber, foi um pouco comovente, seus olhos fixavam-se 100% para mim, o centro das suas atenções tornou-se eu.

-Como você está linda Andressa!!! Melhor dizendo você sempre foi filha, desde bebê.-disse-me.

-Fico grata em ouvir isso "mamãe", é sempre bom saber que em algum lugar sempre há alguém que à vê sempre com bons olhos, espero que o que disse seja a mais pura verdade.-Respodi-a.

-Sim, filha essa é a mais pura verdade pode acreditar!-Disse.

-Certeza?-Perguntei.

-Mas claro Andressa, não seja boba.-Disse-me.

-Bem, "mãe"...

Então abri a bolsa cuja estava a carta, e a mostrei para minha "mãe".

-Eu gostaria de saber, se essa carta também é a mais pura verdade também. Ela é Maria?-Perguntei-lhe de forma mais seca possível.

-Meu Deus...-Sussurrou em voz baixa.

Alguns segundos de tensão abundaram no quarto, então veio a resposta definitiva:

-Filha...Como posso te dizer...Sim essa é a mais pura verdade.-Falou em tom de arrependimento.

-Ora, ora, ora, agora pergunto-lhe porque nunca falou-me da verdade, privou-me de tudo, e em todos esses anos mentiu ao fingir ser minha mãe, fez com que eu acreditasse que eu era sangue de seu sangue, carne de sua carne. Agora descubro que apenas sou uma menina abandonada...

-Filha acalme-se!-Falou-me.

-Não precisa mais me chamar de filha sei que já não sou mais, melhor dizendo nunca fui!-Falei com as lágrimas escorrendo de meus olhos.

-Andressa você é minha filha sim, e sou sua mãe até o fim.-Disse-me.

-Não é o que consta a carta.-Refutei-a.

Então em sua pouca força pegou a carta e lhe rasgou na minha frente.

-Por que fez isso?!-Perguntei impressionada com o ato qual havia se sucedido.

-Sabe por quê?! Porquê ela não a define mais, certo Andressa!? Você pode não ser gerada no meu ventre, porém, o amor que tenho por ti dinheiro algum pode comprar. Você é especial creio que fui agraciada por Deus por tê-la em minha vida, certo é que você é a coisa mais importante para mim, e sempre vai ser. Então te peço, eu te aceitei como uma filha Andressa, e como uma mãe eu quero que você me aceite.-Disse-me

-Por que deveria? Ocultou-me de toda a verdade durante todos esses anos, por que acha que eu deveria aceitá-la justo agora? Sendo que era muito simples, era só dizer-me, não magoaria-me, nem iria entristecer-me, afinal, seria gesto de compaixão e de sinceridade para com a minha pessoa.-Falei-lhe.

-É talvez te contaria, porém sei de seu estado psicológico, sei que está abatida demais para ouvir mais um problema.-Falou-me.

-Não sei do que está falando.-Disse-lhe.

-Certeza, White Queen? Certeza que todas manifestações, desabafos e poemas, são pura e simples forma de passa tempo, ou realmente são uma indagão da tristeza que se encontra em você.-Falou.

-Espere um pouco, quem lhe disse de tais coisas, sendo que estes poemas e manifestos, se encontravam bem guardados?-Perguntei.

-Não me esforcei muito para saber de sua tristeza, seus gestos já desmonstravam suas mágoas. Então assim fui olhar alguma coisa que me desse uma explicação do porquê estará assim tão deprimida, então achei os seus poemas e o seu diário, os li e compreendi o que passava-se, porém foi tarde demais quando os descobri, aconteceu isso, e aqui estou. Estava só esperando por você, não queria ter outra visita a não ser você Andressa, não queria ver médicos, enfermeiros ou seu pai, só queria ver você antes que fosse tarde demais outra vez.

Neste momento uma comoção envolveu-me fortemente, e não obstante o pranto saiu de meus olhos. A compreensão enfim havia chegado ao meu cérebro e feito-me entender que eu havia sido ignorante e orgulhosa demais.

-Andressa agora entende o porque sou sua mãe? Filha pode até ser tarde para mim, porém não é tarde para você, faça da sua vida o melhor, seja o melhor de você mesma, independentemente se eu estiver ou não estiver com você.-Disse-me

Eu não aguentando o meu erro sentindo-me indigna de estar à frente de quem agora havia aceitado ser minha verdadeira mãe, em um ato desesperado, sai daquele quarto cujo eu estava, deixando ele com lágrimas escorrendo por minha face. Desci as escadas rapidamente sem ao menos dignar-me em virar minha cabeça para olhar para trás, e sem ao menos despedir-me da pessoa cujo agora posso chamar de mamãe, enfim nós duas estávamos realmente unidas outra vez, mãe e filha, em um só sentimento, que era o amor maternal de uma filha para com sua amada e querida mamãe...

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