O velório...

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  Como papai havia-me dito, assim o fiz, entrei em casa e sai daquela chuva, enquanto ele foi resolver os assuntos sobre a despedida de minha mamãe. Logicamente estava eu ainda muito confusa com o ocorrido, porém para alguém nas minhas condições estava por inteiro desolada e inconformada ao mesmo tempo, era de se admirar eu não ter esboçado nenhuma crise ou algo semelhante.

  Porém, foi nesse mesmo dia e nesse instante que tudo mudaria, agora não era mais uma flor delicada no qual tudo o pode matá-la, agora seria uma rosa com espinhos, pronta para perfurar tudo o que viesse. Dali em diante o murro estava construído ao meu redor, não iria mais me lamentar, e se tivesse que chorar seria para mim mesmo, não mais dependeria de um ouvido amigo para ouvir minhas lamentações, agora eu estava na luta sozinha.
Então no momento que eu pensei isso indaguei em voz alta:

  -Chega!

  Não mais seria molestada pela minha dor, ou algo assim, seria fria tal como um iceberg. Eu havia mudado, não sei se para melhor, porém mudei em reflexo do que a vida me causará, apenas dor, e a dor misturado com o pranto se funde e torna-se frieza no coração, não poderia ser diferente comigo.

  Com esta decisão tomada, eu (pelo menos uma versão de mim mesma) vagarosamente e calma, dirigi -me para o meu quarto, subi as escadas, a claro eu estava ensopada por causa da chuva, então acatei a sugestão de meu papai em tomar um agradável banho quente, para relaxar-me e recompor-me do estresse daquele dia.

  Então abri o guarda roupa, peguei um pijama e as demais coisas e fui ao banheiro, sem nenhuma pressa ou semelhantes, em plena calma e estabilidade.

  Entrei no banheiro, fechei a porta e comecei a despir-me. E lá estava ele, o famoso, o torturador, um flagelo na minha cabeça, pelo menos antes o via assim, o nosso querido amigo espelho.

  Encarei-o atentamente, prestando atenção em cada detalhe, cada reflexo que era exibido por ele, o meu semblante cujo estava esgotado, as enormes olheiras de noites mal dormidas, o vermelho nos olhos de tanto chorar, e tantos outros detalhes. Porém mediante à isso eu pela primeira vez eu videei um sinal de “vitória”(ou falsa vitória como eu descobri depois), pois essas foram até então as cicatrizes que o tempo havia me deixado, as marcas que as árduas batalha contra a vida tinham-me presenteado.

  Deixei o espelho de lado foquei outra vez em relaxar com um bom banho quente, liguei o chuveiro e desfrutei de um prazeroso e relaxante banho, no qual relaxou-me e acalmou-me muito. E algo não usual havia acontecido, desta vez eu não sai com meus pensamentos machucados, não havia me martirizado com pensamento fúteis e enfim havia só tomado banho. Parecia um paraíso na hora tal acontecimento.

  Então vesti-me com meu pijama, e sem pensar duas vezes fui desfrutar de algo que já tempos não o fazia de forma descente, que era dormir. Então preparei minha cama, e pensei “se eu dormir quem sabe eu não acorde pensando que tudo foi um pesadelo”. Então assim o fiz e desfrutei de uma maravilhosa noite de sono...Pelo menos até umas 2:00 horas da manhã, aproximadamente, pois eis que meu papai começa a ligar-me, então levanto-me para atendê-lo:

  - Alô, papai.- Disse.

  - Alô filha. Então o corpo da sua mãe já está no cemitério, quer que eu já vá aí buscá-la?- Perguntou.

  -Tudo bem, pode vir apanhar-me.- Respondi-o.

  -Certo, estarei aí umas 2:40 ou 2:45, por aí.- Salientou.

  -Ok, estarei arrumada até lá. -respondi.

  -Ok filha, até logo!

  Sim, estava aproximando-se dos últimos momentos no qual veria mamãe (ou pelo menos o corpo dela, pois espírito já havia ido embora).

Luzes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora