DOMINIC

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Ai meu Deus.

É a primeira coisa que penso quando observo Júpiter parada na porta me encarando de olhos arregalados. Minha irmã olha para Júpiter, e segue seu olhar até mim, a pestinha rapidamente entende o que está acontecendo. Todos olham de mim para Júpiter e eu tento me recompor, ignorando o calor em meu peito que se espalha só de vê-la.

- Vocês se conhecem? – tia Cora pergunta, confusa.

- Sim. – Júpiter fala, piscando. – Nós trabalhamos juntos. – Ela explica, rapidamente.

- Que coincidência! – Minha mãe diz, se levantando com um de seus sorrisos amáveis. – É um prazer te conhecer, querida, eu sou a Elisa. – Ela diz, puxando Júpiter para um abraço, que parece assustada.

- Eu sou a Júpiter. – Ela diz, sorrindo e eu sorrio também. Lena ao meu lado ainda me observa com seus olhos fofoqueiros e a encaro de cara feia. Ela solta uma risadinha e eu bufo.

- Que nome mais bonito. – Meu pai diz, se aproximando e esticando a mão na direção de Júpiter. – O Deus dos Céus, ou Deusa. – Ele brinca e Júpiter cora, adoravelmente. Meus pais se apresentam para Luísa que parece prender o riso e eu a encaro sem graça. Ela solta o riso e se senta a mesa. Júpiter dá um beijo na cabeça de tio Jorge, ou, mais recentemente descoberto como pai de Luísa e se senta ao lado de Lena.

- Oi, eu sou a Lena. – Minha irmã se apresenta, e elas dão um beijo na bochecha da outra. – Teu cabelo és maravilhoso, guria! – ela diz e Júpiter sorri largo, ao ouvir seu sotaque, ela olha para mim e eu sorrio de volta, sabendo exatamente no que ela está pensando. O mundo era tão pequeno que era assustador. Como eu iria adivinhar que dois dos melhores amigos dos meus pais eram os pais de Luísa, a menina sobre qual eu ouvi falar a vida toda, que morava fora do país.

- Você é linda! – Júpiter diz, sorrindo e Lena sorri de volta.

- Nos conte, como é trabalhar com o pé no saco do meu irmão. – Ela diz e eu reviro os olhos. Júpiter me olha com um meio sorriso.

- Ele é extraordinário. – Ela diz com carinho e eu quase gemo. Ela era a que era extraordinária. Eu sorrio pra ela e ela sorri pra mim e tudo em que consigo pensar é que preciso beijá-la.

- Se você diz, não vou discordar! – Lena brinca e Júpiter ri. E então todos engajamos em uma conversa animada, regada de memórias e planos para o futuro, Luísa conversava animadamente com os pais e Júpiter também, rindo sempre. Nossos olhos sempre se encontravam e o mundo parava. Ela sorria, eu sorria e permanecíamos assim até alguém chamar nossa atenção.

- Por que Dominic não volta mais em casa? – tia Elisa perguntou, confusa. E meu corpo inteiro se retesa, quando pego a conversa pelo meio. Encaro minha mãe que parece triste e meu olhar de alerta é claro. Júpiter parece perdida, assim como todas as pessoas da mesa a não ser minha família.

- Ah, ele não se sente bem... – Minha mãe diz, tão triste que meu coração se parte. – E ele é muito ocupado... – ela diz, tentando sorrir, mas seus olhos não enganam ninguém. Júpiter continua olhando de minha mãe para mim sem parar e sinto que vou sufocar.

- Lena, minha mãe disse que você tem um petshop! – Luísa diz, puxando a atenção de todos para si, mudando de assunto com maestria. Olha pra ela com gratidão, que mantém a máscara taciturna. Todos começam a conversar sobre o pet shop, a carreira de Luísa e a faculdade de veterinária de Lena. Júpiter permanece em silêncio, me observando e tiro meus olhos dos seus, me recusando a responder qualquer uma das perguntas que eles me fazem. Eu não falava do meu passado e ponto. E não falaria com Júpiter sobre tudo. Ela era um recomeço. O novo. Intocado. Imaculado. E eu não iria sujar isso com meu passado.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora