DOMINIC

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Fazia uma semana que Júpiter estava em casa e eu estava um caco. 

Vê-la magoada com a minha distância estava me partindo ao meio. Eu simplesmente não sabia como fazer diferente. O pânico ainda me assolava toda vez que eu fechava meus olhos a noite. O sangue dela se espalhando pelo chão, o temor em seus olhos, a vida escorrendo pra fora de seu corpo... Era apenas demais para mim. E tudo por minha culpa. Ninguém tinha coragem de falar na minha cara, mas estava lá gritando em minha cabeça: a culpa era toda minha. Se ela não estivesse comigo, nada nunca teria acontecido e ela estaria segura de todas as formas possíveis. Eu nunca havia me preocupado muito com questões da minha segurança pessoal, principalmente dentro das minhas próprias empresas. Mas agora eu desconfiava de tudo e de todos. Não havia nada que eu pudesse fazer. Meus pais ainda estavam em minha casa, se assegurando de que eu estava bem, Lena já tinha voltado para casa. Júpiter estava ficando na casa de seus pais em quanto se recuperava. E todos me ligavam todos os dias para me atualizar sobre ela. Eu me sentia um idiota. Eu precisava tanto dela. Mas jamais poderia colocar meu amor na frente de sua segurança. Jamais. Ela merece mais. Tão mais.

Ela é o meu coração. Inteligente, linda, viva em todos os sentidos da palavra. Por ser tão inteligente, foi a primeira a perceber meu afastamento. Eu mal conseguia olhar em sua direção sem ter vontade de cair de joelhos no chão e chorar. Eu deveria implorar perdão. Mas assim que ela recebeu alta do hospital, eu fiz questão de deixa-la na casa dos pais e manter contato em ligações semanais de dois minutos de duração preenchidos por um silêncio incomodo. Exceto pelo nossa última ligação, que havia partido meu coração.

- Oi. – Eu havia dito no telefone no dia anterior.

- Oi. – Ela respondeu simplesmente, fazendo meu coração saltar. O tom triste era nítido.

- Como você está? – Eu perguntei, tentando manter o impulso de ir até ela sob controle.

- Você realmente quer saber? – Ela pergunta irônica, mas posso ouvir sua voz embargada pelo choro. Fico em silêncio, respirando fundo. Meus nervos estão em frangalhos.

- Você sabe que sim. – Eu me obrigo a dizer. Meus olhos queimam tanto que pisco freneticamente para não chorar também.

- Você é um filho da puta ingrato, Dominic. – Ela cospe. – Eu sei exatamente porque você está fazendo isso. Você é tão óbvio com sua superproteção que eu poderia gargalhar. – Ela diz, agora rindo cinicamente. Meu peito se aperta. – Mas não é engraçado. Não é nada engraçado abandonar as pessoas que você ama quando elas mais precisam de você. – Ela declara, chorando. – Isso não é amor, Dominic. – ela repete, e eu me permito chorar. – E quando você perceber que eu não preciso de distância ou da sua proteção abnegada, você já vai ter me magoado tanto que vai ser tarde demais. Não espere que eu rasteje de volta para você quando você se der conta do que está fazendo. Não posso mais me dar ao luxo de te esperar. – Ela fala, chorando e eu choro também. Obrigo o nó na minha garganta descer para que ela não me ouça soluçar. Repito em minha mente que esse é o melhor pra ela. Esse é o melhor pra ela. – Eu não vou esperar por alguém que me joga para longe julgando o que é melhor pra mim.

- O que isso significa? – Eu me obrigo a perguntar. Ela respira fundo e eu estremeço. Sinto falta até de sua respiração.

- Significa que você pode pegar seus telefonemas medrosos, sua preocupação maldita e sua distância auto infligida e enfiar no olho do seu cu. – Ela grita. – Me deixa em paz, Dominic. Só me deixa em paz. – Ela pediu num sussurro. Então desligou na minha cara e eu quebrei meu celular em mil pedaços, tacando-o com força na parede. Esse era o oposto de tudo que eu queria. Mas me obriguei a sentar na minha cadeira, respirar fundo, tomar um remédio de dor de cabeça e voltar a trabalhar. Essa era a única coisa que eu podia de fato controlar, sem quase matar alguém que era meu mundo no processo. Ela sobreviveria. Era o melhor, eu tinha absoluta certeza disso. Cortava qualquer pessoa que tentasse me mudar de opinião. Isso era entre eu e Júpiter e mais ninguém.

Ela estava segura, tinha pessoas que a amavam incondicionalmente a sua volta, uma carreira brilhante a esperando. Ela seria feliz, sem se preocupar com sequestros, tiros e morte. Morte. Tudo que me perseguia por onde eu fosse. Clara e agora Júpiter. Duas mulheres que foram amadas por mim e que sofreram muito por minha causa. Era sufocante demais. Eu não podia repetir os mesmos erros.

Eu não podia. 



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Um bem curtinho para matar a saudade!!!

Ainda essa semana vem outro, aguentem o coração! 

Beijos, meus amores, obrigada pela paciência. <3 <3 <3 

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora