O UNIVERSO ENTRE NÓS - COMPLETO

JÚPITER

- Dominic? – eu chamo, completamente confusa com sua presença encharcada em pé a minha frente. Nós havíamos chegado de viagem há cinco horas e estávamos hospedadas na casa dos pais de Dominic, que estavam além de felizes por me terem aqui, principalmente porque curtiriam o neto. Luísa vinha agindo de forma esquisita, sem desgrudar do celular um minuto. Imaginei que estivesse falando com Pedro, acertando os detalhes da filial, mas vendo Dominic parado na porta da casa de seus pés me olhando com os olhos quentes, transbordando amor, percebo que fui armada.

- Oi, amor. – Ele diz, com um sorriso e meu coração dança. A última vez que ele havia me chamado de amor fora antes do sequestro.

- O que? – pergunto gaguejando – o que diabos você está fazendo aqui? – indago, perplexa.

- Você já vai entender tudo, minha linda. – ele diz, a doçura em sua voz não titubeia nem um segundo. – eu prometo. – ele garante.

- Você só precisa colocar um casaco e vir comigo. – ele pede e eu o olho desconfiada. – Confia em mim. – Ele pede mais uma vez, fazendo-me estremecer e prendo a respiração. Tudo se resumia a esse momento. Eu confiava nele? E a resposta vem fácil como respirar. Sim. Eu confiava. Eu não sabia em que momento ele havia restaurado isso no ultimo mês, mas eu confiava nele com a minha vida. Com a vida do nosso filho. Com todo o meu coração.

- Eu confio. – Digo, com toda a certeza que possuo em meu corpo, cravando meus olhos nos seus. Ele fecha os olhos por um segundo, parecendo extremamente aliviado. Seus ombros caem, e ele relaxa.

- Aqui, Jú. – Luísa diz, aparecendo atrás de mim, com um casaco impermeável em um braço e um cooler no outro. – Esse é pra você. – Ela diz, me estendendo o casaco. – E esse é para você. – fala, entregando o cooler a Dominic.

- Você sabia? – pergunto confusa, olhando-a. E ela parece levemente culpada, então já sei a resposta. Ela vem em minha direção e passa os braços ao meu redor, me puxando para um abraço apertado que só ela sabe dar. Não sei porquê, mas o gesto faz meus olhos se encherem de lágrimas. Ela é minha maior constante.

- Vá agarrar seu final feliz, meu planetinha. – Ela sussurra em meu ouvido, e assim que ela se afasta vejo que tem lágrimas nos olhos também. – Cuida dela. – Ela diz, se recompondo, olhando para Dominic, que dá um passo e estala um beijo em sua bochecha.

- Amo você, Lu. – ele diz e ela sorri, assim como eu.

- Te amo também. – Ela diz, antes de sumir pra dentro da casa e trancar a porta atrás de si.

Volto a encarar Dominic, que me ajuda a vestir o casaco e entrelaça seus dedos nos meus, enquanto carrega o cooler com a outra mão. Caminhamos durante quinze minutos em silêncio. Não faço questão de saber para onde estamos indo, contanto que estivermos juntos, é lá que quero estar. Dominic aperta seus dedos nos meus durante todo o trajeto, e aproveito para observar o bairro onde ele cresceu. É um clássico subúrbio de casas coloridas e gramados verdes onde todos parecem felizes. Apesar da chuva que cai sobre nós, é tudo muito bonito. Dominic nos leva por uma trilha gramada, que termina em uma igrejinha simpática, que parece estar abandonada, apesar da boa conservação. Ele dá a volta pelo prédio, e vejo que tem uma escada de metal que leva para o terraço. Ele sobe na minha frente, garantindo que a estrutura aguentará nosso peso. Assim que pisamos no telhado, perco o ar. A chuva parou nos últimos minutos e o céu está clareando. É a vista mais bonita que já vi. Podemos ver boa parte da cidade, assim como o sol já quase desaparecendo no horizonte. Nem havia percebido que já era noite. Caminhamos até a beira do telhado onde Dominic espalhou muitas velas. Tem velas em todos os cantos, todas apagadas por conta da chuva, mas ainda muito bonitas. Percebo que Led Zeppelin está tocando, vindo de algum lugar e eu sorrio. A ultima coisa que reparo é o grande telescópio montado e apontado para cima. Não sabia que Dominic era dedicado a astronomia, então fico surpresa. Apesar disso, tudo está perfeito. Lindo demais.