EPÍLOGO

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                                                           JÚPITER 

                                                     2 anos depois...



- Dante, seu pestinha, volte aqui! – Luísa grita em nosso quintal, correndo atrás do meu filho sujo de tinta dos cabelos castanhos compridos do pai, ao pés gordinhos que correm da madrinha como o diabo foge da cruz. Rio da cena, sentindo meu coração se aquecer.

Dante era, como percebemos, um menino de fato! Descobrimos apenas no seu nascimento, e ele viera ao mundo como já indicava que viria, cheio de vontades próprias e todo decidido. Tentamos por horas o parto normal, mas o pestinha não queria encaixar, então acabamos numa cesárea. Ele faria dois anos logo, e olhar para ele sempre fazia meu coração se agitar. Ele era o meu mundo. A melhor coisa que já me aconteceu. É claro que decidimos homenagear nosso escritor favorito, nomeando nosso filho de Dante, e seria lindo se toda vez que tentássemos ler A Divina Comédia para a criança, quem dormia éramos nós. Depois de Dante que preferia brincar a madrugada inteira ao invés de dormir, aproveitávamos qualquer oportunidade de descansar.

Observo Luísa, minha melhor amiga que continua tão linda quanto sempre foi, alcançar meu filho e fingir lhe morder na barriga, arrancando-lhe gargalhadas que ecoam por todo o jardim onde nossa família estava reunida. Havíamos nos mudado do apartamento de Dominic para essa casa, três meses depois do nosso casamento, quando Dante completou seis meses. Ela era perfeita. Dominic até mesmo tinha feito um balanço na grande árvore que tínhamos no nosso quintal. Sei que era muito importante para ele.

Thomas, seguia apaixonado por Dalla, e havia aberto mais uma filial de sua boate, onde Dominic era sócio. Ele ainda era meu melhor amigo do mundo e traria Firenze na próxima semana para passar as férias conosco.

Gael estava namorando uma modelo ruiva que todos detestávamos, principalmente Luísa, que parecia cega ao fato de que Gael só estava com a modelo porque a própria Luísa não o queria. Ela dizia que ele precisava buscar uma terapeuta e resolver os problemas psicológicos dele antes de querer ter algo com alguém. O que não deixava de ser verdade! Ele era padrinho de Dante e o amava como um irmão. A relação dele com Dominic continuava tão forte como nunca.

Meus pais e os pais de Dominic, assim como os pais de Luísa eram agora melhores amigos, os pais de Dominic estavam até mesmo pensando em se mudar para o Rio, já que Lena havia se mudado para cá um ano atrás, trazendo seu pet shop. A doença do meu pai havia, por um milagre, estagnado, e com os remédios da pesquisa do amigo de minha mãe, sua melhora era notável.

Flor, Jade, Pedro e Diego haviam entrado oficialmente para nossa roda de amigos e estavam sempre lá em casa. Principalmente as meninas, que haviam se tornado minhas irmãs também. Pedro continuava apaixonado por Jade, Flor imaculada, se recusando a se relacionar com ninguém e o Diego... Bom, ele era o Diego.

A Riviera nunca havia estado melhor, e depois de um acordo generoso, a Arquity e a Riviera eram agora parceiras ao invés de concorrentes. Eu continuava como diretora da Riviera e pintava em meu tempo livre, estava até vendendo algumas telas depois da insistência chatíssima de meu muito amado marido.

Ah, o meu marido... Dominic continuava sendo o homem dos meus sonhos. Depois dos anos fazendo terapia, raramente discutíamos e nossa vida como casal era o mais tranquila possível. Ele vinha cumprindo todas as suas promessas, me fazendo a mulher mais feliz do mundo. Ele continuava sendo o CEO mais gato e gostoso que já pisou nesse mundo. E acima de tudo, era o homem com o maior coração, o melhor marido, o melhor ser humano que eu conhecia. Sem falar em seu dom na paternidade. O cara nasceu para isso. Vê-lo com Dante sempre – sempre! – me fazia chorar, e ganhar um beijo delicioso com ele sussurrando tudo que faria comigo quando nosso pestinha finalmente dormisse.

Ele ainda estremecia o mundo.

- Pensando em mim, Senhora Riviera? – Dominic pergunta, grudando nossos corpos e beijando meu pescoço. Bastava que ele se aproximasse, me chamasse de senhora Riviera e piscasse os olhos bonitos para mim que eu estava em suas mãos.

- Sempre estou pensando em você. – Eu digo, encostando minha cabeça em seu peito. Meu lugar favorito no mundo.

- Bom saber que o sentimento é recíproco. – ele diz, autoritário que só ele, deixando um rastro de beijos por meus pescoço, maxilar e boca. – Eu já disse que você é a coisa mais linda que eu já vi? – ele pergunta, abrindo meu sorriso doce preferido.

- Sim, quando acordei, toda descabelada, quando estava dando banho em Dante e ele me sujou de cocô e mais cedo, quando eu estava na cozinha preparando o bolo e derrubei farinha pelo meu cabelo inteiro. – Digo, revirando meus olhos em zombaria. Dominic ri, e sua risada aquece meu corpo inteiro. Sorrio de volta.

- Exatamente. – Ele diz, me beijando com suavidade. – A coisa mais linda que eu já vi, Júpiter. – ele declara, me olhando com os olhos quentes de quem sabe exatamente onde vamos acabar assim que todos forem embora e nosso filho dormir depois de correr a tarde inteira.

- Não me olha assim porque eu sei exatamente como isso termina! – Digo, apontando meu dedo em sua direção, que ele morde suavemente.

- E como isso termina? – ele pergunta, querendo rir.

- Comigo grávida! – eu digo alto, exaltada. Dominic gargalha.

- E me lembre porque isso seria tão terrível, esposa... – ele pede, mordendo minha orelha, meu pescoço, meu ombro, fazendo o meio de minhas pernas pulsar. Dominic queria outro bebê desde que Dante havia feito um ano.

- Porque nós mal dormimos agora, quem dirá com dois bebês! – eu digo, com minha voz derrotada. Dominic ri, me puxando para mais perto dele.

- Dormir é superestimado. – Ele diz e o olho como se ele fosse uma aberração. Não entendia como ele podia dizer isso quando ele era quem mais passava as madrugadas em claro com Dante.

- Sacrilégio! – eu exclamo, ofendida e ele ri.

- Temos tempo para falar de mais bebês, amor. – Ele fala, abrindo seu sorriso de canto, que amolece meus joelhos. Ele era o amor da minha vida. – Vem cá. – ele diz, em trazendo para o seu peito.

- Obrigado, Júpiter. – Ele diz e ouço sua voz grossa retumbar em seu peito. Sei que ele está emocionado.

- Pelo que, meu bem? – Pergunto, erguendo meu rosto, olhando em seus olhos.

- Por ter mudado a minha vida. Por me amar. Por ter me dado nosso pestinha e todos os pestinhas que virão. – ele diz, e sinto meus olhos pinicarem.

- Amo você do tamanho de Júpiter. – eu digo, sorrindo.

- Amo você do seu tamanho, minha linda. – Ele diz, antes de me puxar e grudar nossos lábios, renovando todas as promessas que ele havia me feito dois anos antes, sob o telhado da igreja de sua cidade natal. Tem gosto dele, tem gosto de amor, tem gosto do resto da minha vida.

Minhas lágrimas se misturam ao nosso beijo, e tudo isso, nós dois, o nosso para sempre, esse exato momento em que sua mão está em meu cabelo, me trazendo pra perto, nos unindo mais, cada segundo que nos trouxe até aqui, é perfeitamente imperfeito. É lindo. Porra, como é lindo. Como a superfície de Júpiter, pintada a mão por um artista muito talentoso. Somos nós. É o nosso universo.

É o universo entre nós.


FIM.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora