Ir para a Itália foi a melhor decisão que eu havia tomado.
Passar os dois meses com Giulianna, Firenze e Luísa – com a presença de Thomas por duas semanas – havia remendado meu coração de mais formas do que eu conseguiria fazer sozinha. Comemos, viajamos, dançamos e rimos muito. Eu mal sabia a saudade que Florença me fazia até ter pisado lá novamente. Os primeiros dias foram brutais. Eu mal queria sair de casa para ver o sol. Mas quando se tem uma afilhada como Firenze agarrada a você o dia todo, não se tem muita opção além de engolir a tristeza, jogá-la para o fundo da mente e fazer a garotinha feliz. Nesse processo, acabei me fazendo menos miserável também. Os dias voavam, enquanto eu tentava colocar tudo nos trilhos dentro de mim. A gravidez corria perfeitamente bem e eu ainda não conseguia saber o sexo. O bebê se recusava a colaborar. Parecia uma punição por não ter contato sobre sua existência para seu pai. Seu pai. Dominic. Meu homem. A saudade que eu sentia era tanta que me sufocava. A raiva havia desaparecido, deixando um sentimento de abandono profundo em seu lugar. Ele abriu mão de mim. Mas eu precisava voltar. Estava na hora. Ele precisava saber do bebê, precisava saber de tudo. Eu precisava me desculpar também. Ao focar apenas na minha dor, havia esquecido as dele. E amor também não era isso. Queríamos tanto nos proteger e proteger um ao outro que estragamos tudo. E eu precisava consertar isso. Precisávamos pelo menos conseguir estar no mesmo ambiente sem sentir todo esse peso que me assolava só de pensar nele.
Por isso, comecei a organizar minha vida antes de sequer chegar no Brasil, o que havia acontecido há dois dias. Eu já havia feito uma entrevista na Arquity, a empresa de Luísa, e agora eu era diretora da maior concorrente brasileira da Riviera. Com um emprego estável todo o resto ficava mais fácil. Thomas e Luísa haviam me ajudado a me estabelecer novamente em nosso apartamento, e já havia visitado meus pais e Maria. Tudo corria bem. Até Luísa entrar como um furacão em nosso apartamento segurando duas grandes embalagens de plástico, penduradas em cabides.
- Bom dia, planetinha!!! – Ela gritou, com sua felicidade desacerbada. Era pleno sábado nove da manhã e essa doida já era feliz.
- Filho, sua dinda é doida! – Eu falo pra minha barriga, recebendo um dar de língua muito maduro de Luísa em minha direção.
- Nem vem com seu mal humor Dominístico pra mim. – Ela diz, jogando as embalagens no sofá. Ela vai até a cozinha, enche uma xícara com o café fresco que fiz pra ela mesmo, já que vinha evitando cafeína, e se aproxima do balcão com uma expressão cautelosa. Sei que vem merda por aí. – Tenho algumas noticias pra te dar. Uma que pode ser muito boa ou muito ruim, e outra apenas boa ou ruim. – ela fala, me confundindo completamente.
- Ãn? – Eu resmungo, confusa. E então ela tira os olhos dos meus e fala de uma vez.
- Dominicsabequevocêestádevoltaevocêvaivê-lohoje. – ela diz, tão rapidamente que não entendo nada.
- Luísa pelo amor de Deus, faça algum sentido! – Eu peço, sem paciência. – A notícia ruim primeiro. – Eu peço. Então ela me olha e diz finalmente.
- Dominic já sabe que você está de volta. – Ela diz e não me surpreendo. Gael fofoqueiro. Ele havia vindo me visitar e descobrira da gravidez. Implorei para que não contasse ainda para Dominic e ele concordou, mas não disse nada sobre não comentar que eu estava de volta.
- Ok. – digo, resignada. – E agora a muito ruim. – Eu peço. E Luísa morde tanto a própria bochecha que temo que vá tirar sangue de si mesma.
- Você vai vê-lo hoje. – Ela desembucha. E aí sim meu coração para.
- C-como assim? – Eu pergunto gaguejando. – E-eu ainda não estou p-pronta pra vê-lo. – Falo, sentindo o conteúdo do meu estômago virar.
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O UNIVERSO ENTRE NÓS - COMPLETO
ChickLit(+18) LIVRO DE CONTEÚDO ADULTO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PLÁGIO É CRIME. Júpiter Witkowski é uma mulher intensa, dedicada a família e apaixonada por sua profissão. Aos 26 anos, ela é diretora de uma empresa de arquitetura que vai de mal a pio...