Chapter thirty three.

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Sal's vision

Esse é o pior dia da minha vida. Nunca mais vou poder ver os sorrisos do meu pai, nem sentir seus abraços, nem ouvir sua voz. E para piorar esse dia melancólico, resolveu vir a família paterna inteira, sendo que eles nem foram notificados, muito menos convidados. Não pela minha parte.

Sal: Infelizmente sim, tio. — Nesse momento, Larry estava boquiaberto.

Tia Fisher: Que bom! O que ele tinha?

Sal: Ele contraiu a Influenza A... — Eu disse rígido para a mulher a minha frente, junto com meu tio, e primos. — Eu achava que fosse apenas uma gripe... — Disse sentindo lágrimas abafadas por dentro, na parte oca da prótese.

Tia Fisher: Ah, com toda aquela bebedeira... Cigarros... Eu sei que ele foi um péssimo pai para você, não sei porquê recusou de vir morar com a gente. — Ela disse se aconchegando ao meu tio. Meu sangue ferveu.

Sal: Não tia, a senhora está redondamente errada. Henry Fisher não foi um péssimo pai. Sim, ele tinha seus problemas pessoais, e acaba bebendo e fumando para "esquecer" essas drogas de problemas. — Nesse momento estava exaltado, e estava falando tudo sem pensar. — E vocês, vendo tudo aquilo, nem se preocuparam em dar nem um apoio a ele. NEM UM APOIO DE MERDA! Meu pai sempre foi um homem que trabalhou muito, e deu duro para me sustentar. Ele não tinha muito tempo para mim, mas esse tempo gasto no trabalho, era por mim. E EU NUNCA MORARIA COM VOCÊS. NUNCA, PORQUE VOCÊS SÃO UNS BOSTAS. Antes de tudo, respeite meu pai, eu, e depois sim, tente respeitar a puta que você nasceu pra ser.

Tio Fisher: OLHA COMO VOCÊ FALA COM A SUA TIA, MOLEQUE NOJENTO. — Ele aumenta seu tom de voz, fazendo algumas pessoas ali, olhar para nós.

Tia Fisher: Mesmo assim, não entendo, por que não veio morar com a gente. O seu sangue, é o nosso sangue. — Ela disse, passando seus dedos por seu antebraço, dando um pequeno sorriso megérico.

Sal: Eu sempre falo o motivo para a senhora, mas você prefere ser cega, e não acreditar. NEM NO SEU PRÓPRIO FILHO VOCÊ ACREDITA! — Reparo que me exaltou um pouco, então volto a respeitar as pessoas mais velhas, falando em um tom mais baixo. — E afinal, Se sangue valesse de algo, muitos estariam nadando em dinheiro agora, ou sendo fodidos por alguns porcos como vocês. Sangue não é nada, são só células, prefiro morrer, ao estar perto de vocês.

Tio Fisher: Desde que Henry decidiu vir para essa "cidadezinha" — Ele deu ênfase na última palavra. — Tentamos avisar que seria uma péssima idéia, principalmente para você. Com esse rostinho nojento, sofreria mais bullying, não se enturmaria nunca com essa máscara estranha. E sabíamos que você nunca seria capaz de cuidar do seu próprio pai. Mas ele era um homem teimoso, não é mesmo?

Larry: Com licença, saiba que não foi uma péssima idéia nunca, nem para Henry, nem para Sal. — Ele disse se levantando e peitando o irmão do meu pai. — Aqui Henry foi realmente feliz, encontrou minha mãe, e viraram melhores amigos, até dava para perceber uma tensão amorosa que estava se formando. Já Sal, se enturmou muito bem, fez ótimos amigos, e encontrou seu amor. Coisa que pelo visto, vocês não sabe o que é, pois, se soubessem teriam a vergonha na cara de não aparecer. Faz um favor? Mantenha suas merdas só pra você, não precisamos de algo tão irrelevante quanto sua opinião.

Tio Fisher: Quem é esse comédia? — Ele olhou para mim, apontando para Larry, e rindo cinicamente. — O que ele está insinuando, que Henry não era feliz em New Jersey conosco? E quem seria a namoradinha? Não vai durar um mês, com esse rosto nojento, esse corpo pequeno e magricelo.

Larry: Meu nome éLarry, namorado do Sal. Obrigado, mais eu o amo inteiramente. Sim, Henry era feliz em New Jersey, com Diane, e Sal, bem longe de vocês aposto.

Tia Fisher: O QUE? — Eles ignoraram as últimas palavras de Larry. — UM MENINO, TRANSANDO COM OUTRO MENINO? QUE PECADO! Que desperdício você, meu filho. — Ela se referiu a Larry.

Lisa: Algum problema? — Ela disse, atrás de mim, e de Larry.

Tia Fisher: Claro que não. O que eu quis dizer, foi, ainda bem que não criei meus filhos para gostarem de homens, não é meninos? — Ela disse, os abraçando de lado, e não obtendo nenhuma resposta, o que fez seu breve sorriso desaparecer.

Lisa: Ainda bem que eu não criei meu filho para ser escroto e homofóbico, não é Larry? — Ela disse sorrindo, abraçando Larry e eu.

Tio Fisher: Nós? Homofóbicos? Claro que não, senhora? — Ele pergunta o sobrenome de Lisa, obtendo rapidamente sua resposta. — Não somos homofóbicos, só não queremos que nossos filhos cresçam vendo isso.

Sal: Ótimo, faça eles usarem uma venda a vida inteira então. Esta é uma péssima hora, seja lá o que vocês quiserem. Sejam sensatos ao menos uma vez na vida, e me procurem outra hora, ou melhor, nunca. Obrigado, e adeus. — Eles saem me olhando feio, e pisando duro.

Lisa: Quem são esses sem noção? — Ela me pergunta, sem se preocupar com a "ofensa", por provavelmente ter presenciado a briga.

Sal: Infelizmente meus parentes.

Pronto, o que mais eu devo esperar hoje? Lágrimas quentes escorriam por dentro da minha prótese, de tristeza, e de raiva. Larry me abraçava fortemente junto a Lisa.

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Chegou o horário de se despedir de vez de meu pai. O homem havia avisado que ia dar mais três minutos para fechar o caixão. Fui até o corpo de Henry, e coloquei minha mão quente, sobre sua pele gelada, me debulhando em lágrimas. Seu semblante estava pleno, dormindo pacificamente, se encontrando na eterna paz.

Sal: Tchau papai, eu te amo. Até o outro lado. — Sobre aquelas coisas de fantasmas? Acredito que ele realmente se foi... Não quero incomodá-lo.

Larry me puxou para um abraço, e eu afundei minha cabeça em seu peito, enquanto Lisa dizia seu último adeus ao Fisher falecido. Fiquei ali, chorando, deixando a blusa de Larry molhada, e o que pareciam segundos, foram os 3 últimos minutos.

No momento em que eu tomei coragem, e resolvi desaninhar de Larry, pude ver o homem de terno, com mais outros dois homens, também de ternos, fechando o caixão.

Sal: NÃO! — Naquele momento, não me importei com quem olhei para mim, apenas gritei, chorando. Larry me levou para outro canto, onde não pude ter a visão do caixão.

Larry: Calma, tudo vai ficar bem, Henry está bem! Henry está no paraíso, ele se encontrou na paz eterna. — Ele disse, chorando. Larry foi até o bebedouro, e encheu um copo de água, e voltou até mim, que estava sentado no sofá, abraçando meus joelhos.

Ele tirou minha prótese, já que não tinha ninguém por perto, e me ofereceu o copo de água. Recusei, jogando o mesmo com força no chão, molhando tudo.

Não ouvia mais nada além da voz do meu pai, dizendo que tudo ficaria bem, que eu não precisava me preocupar. Com isso, levantei a minha cabeça e procurei por ele, mas não o achei, nem seu fantasma. Eu só posso estar louco. Voltei a minha cabeça para baixo, e não  prestava atenção em nada.

Senti Larry me pegar no colo, não sei para onde ele me levaria. Depois de alguns passos, ouvi a voz do meu namorado, avisando aos nossos amigos que iríamos embora.

Ele voltou a andar novamente, e depois de alguns minutos, ele me colocou no banco de trás de seu carro, logo sentando no banco de motorista, e dando partida para voltarmos para a casa.

Nada mais importa, nada além de Larry. Eu ainda torço para que seja tudo um pesadelo, ou uma mentira.

Não paravam de nascer lágrimas de mim, não parava de sentir aquele sentimento de culpa. Talvez minha tia esteja certa, talvez eu não tenha cuidado bem do meu pai.

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Gente, o céu aqui está todo laranja, e dá para ver o sol nitidamente.
Vamos tudo morrer.

Why me? [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora