CAPÍTULO 11

2.4K 200 35
                                    

[...]

16 De março de 2003 - Reino
Unido

Ao despertar naquela manhã fria, a jovem latina se sentia uma outra mulher. Os momentos da noite passada eram vividos em sua cabeça, e a cada lembrança, um sorriso era dado. Não tinha sido nada planejado, e tinha sido tão perfeito. Callie se sentia em um filme, naqueles bem clichês.

Callie soltou uma longa e sonora gargalhadas. Sua felicidade era tanta, que tinha medo de sair para fora, e alguém a quebrar em pedacinhos. As pessoas eram tão cruéis e preconceituosas. E além do mais, tinha sua mãe - Lúcia Torres - Sabia o quanto sua mãe falaria desse seu relacionamento, o quanto a mulher acharia errado dela se envolver com uma pessoa do mesmo sexo. Mais queria arriscar, Arizona valia apena, a jovem era doce e compreensível. Ninguém a faria mudar de idéia. Tudo era inexplicável para a latina. Queria viver essa loucura que é o amor. Se arriscar sem medo.

- O quê você esta fazendo comigo, Arizona? -Perguntou para si mesma.

Seus dedos tocaram os seus lábios. Ainda com preguiça alcançou o celular encima no criado-mudo, próximo a sua cama. Já passava um pouco mais das oito da manhã, e quando pensou em se levantar para acordar José Miguel, uma batida forte na porta, a fez constatar que o seu garotinho já estava em pé.

- Momy. Acorde é o José Miguel -com cuidado o menino abriu a porta do quarto. O garotinho colocou apenas a cabeça no cômodo - Posso entrar, momy?

- Claro meu amor. Ven aquí -Torres bateu ao seu lado na cama. José Miguel correu até a mãe, deixando suas pantufas no chão. O menino escorregou para debaixo das cobertas, deixando o seu pequeno corpo ser aquecido.

- Momy!? -José Miguel tocou no rosto da mãe, fazendo a mais velha olhá-lo

- Oi, babe

- Posso te contar com o que eu sonhei? - Callie assentiu passando os dedos pelos fios despenteados do menino. - Eu estava dentro de uma nave espacial...

....

Callie ajudou José Miguel a se vestir, depois de colocar uma roupa quente no filho, Callie foi para o seu quarto se vestir também. Carlinhos tinha um jogo de basebol naquela manhã, e a família toda iria assistir o jogo do menino.

Assim que saiu de dentro do box, enrolada em uma toalha, Callie escutou o celular tocar no quarto. Enrolou uma tolha extra nos cabelos. Pegou o celular jogado no meio das cobertas, e atendeu a ligação, de uma certa loira de olhos azuis.

- Oi. Ari

- Oi. Liguei para dizer bom dia - a latina sorriu ao ouvir aquilo. Callie caminhou até o seu closet, e começou a procurar uma roupa quente e confortável.

- Bom dia, pra você também. É tão bom ouvir sua voz

- Eu posso lhe dizer o mesmo. Dormiu bem? -Do outro lado da linha, Arizona olhava pela janela de seu quarto, vendo os carros passando pelas ruas, e o céu estava tão limpo e azul.

- Perfeitamente bem. - Callie sorriu - estava pensando em você, na noite de ontem. Estou parecendo uma boba né!?

Callie, colocou o celular no viva-voz, e vestiu um conjunto de lingerie. O iPhone ficou encima do puff branco no canto do closet.

- Não está, você esta sendo fofa - a loira mordeu o lábio inferior. - Estou contando os segundos para te ver amanhã.

- E eu me achando melosa demais -brincou Callie arrancando uma gargalha da outra. As duas ficaram falando amenidades,enquanto a latina terminava de se vestir - Ari, eu preciso desligar, vou ao jogo de basebol do meu irmão

- Ta bom. Bom passeio. Tchau

- Obrigado. Tchau - Callie pegou o celular e encerrou a ligação.

....

Carlinhos estava em sua posição. Fazia-se quase uma hora que o jogo tinha começado. Callie juntamente dos pais e do filho, torcia pelo irmão que estava indo super bem nos arremessos. Carlinhos era o melhor arremessador de seu time.

A bola foi lançada pelo time adversário, e Carlinhos se preparou para rebater. Girando o pulso, o garoto jogou a bola longe. Jogando o taco no chão, o jovem Torres começou a correr sentido anti-horário, através das bases. A torcida toda ficou em pé, era a rodada final, e se Carlinhos conseguisse chegar na base final, levaria sua equipe a mais uma vitória.

Assim que o jogo foi finalizado, com a vitória do time do garoto. Carlos, levou a família toda para almoçar. Callie adorava esses momentos em família. Carlos e Carlinhos sempre estavam com ela e José Miguel, mais ter Lucia em domingos assim, era coisa rara.

- Rapaz, você mandou super bem naquele jogo. Estou orgulhoso de você como sempre - disse Carlos. O homem passou a mão no ombro do filho

- Obrigado papá.

Callie, como uma irmã mais velha babona, também elogiou o irmão que não parava de sorrir de orelha à orelha.

Durante o almoço, em um restaurante mexicano - o preferido da família - Callie não deixou de notar o olhar torto da mãe, ao ver um casal gay entrar no estabelecimento de mãos dadas. A latina sentiu um calafrio no corpo, imaginando que sua mãe nunca aceitaria sua orientação sexual.

- Que falta de vergonha - murmurou torcendo o nariz. Carlos pai, e Carlos filho estavam em uma conversa paralela que nem prestaram atenção no que a mais velha disse. José Miguel coloria o livro de desenhos, deixado por um dos garçons.

Uma hora depois, Carlos pediu a conta, e enquanto não chegava, uma pergunta feita por José Miguel, deixou Lúcia totalmente sem jeito.

- Momy. Porque os abuelos, e a senhora são morenos. E apenas o tio Carlinhos é loiro?

Carlos olhou para a esposa que estava pálida, e Carlinhos parecia estar atento demais no celular para ter escutado a pergunta do sobrinho.

- Desculpa pela demora senhor - disse o garçom entregando o pequeno papel com o valor do consumo.

Se esquecendo daquela pergunta a família saiu do restaurante. Mais apenas uma pessoa não tinha se esquecido daquela pergunta, e percebeu a reação da mulher ao ouvir aquilo. E com certeza não deixaria passar essa.



DESTINO | CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora