CAPÍTULO 42

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Callie


Eu tentava assimilar todas as palavras ditas por minha namorada. Ainda me encontrava em estado de choque. Luna, Carolyn eram uma só. Minha filha não tinha falecido e sim sido dada para a senhora Robbins, por minha mãe, a mulher que me pôs no mundo, a mulher que chamo de mama e apesar de tudo a amo. Nunca imaginei que ela seria tão cruel a esse ponto.

A mão quente e macia de Arizona segurava a minha, enquanto entre lágrimas contava os detalhes desde se desconfiança e de seus medos, medos que não julgo. Quando somos mães agimos por instinto, nosso lado protetor se entra em alerta e apenas pensamos em nossa volta. Claro que preferia ter descoberto tudo antes, à dias, semanas, mas eu tentava não julgá-la. Como diz aquele ditado Quem nunca errou atire a primeira pedra.

Me sentia cansada emocionalmente, o meu corpo doía. E eu só sabia chorar nos braços da mulher que amo. Acabo me deitando no colo da loira, a sua mão passa por meus cabelos, enquanto a outra mantém entrelaçada com a minha. Eu não via a hora de poder abraçar Luna, e dizer o quanto a amo. José Miguel ficará tão feliz quando descobrir que a sua irmã do coração, agora além de ser de coração é de sangue.

- Amor, vamos no deitar no quarto -escuto a voz de minha namorada. Os meus olhos preguiçosos se abrem e fecham.

Sem protestar me levanto e acompanho a loira até o quarto que divide com a filha, minha filha, nossa filha. É tão bom dizer isso... Arizona compartilhou comigo do seu medo de perder Luna, e me pediu desculpas por pensar que eu afastaria dela. Eu jamais faria isso, Arizona nem de longe tem culpa do que nossas mães fizeram. Ela é uma ótima mãe, e nesses últimos seis anos Luna tem sido muito bem cuidada e amada. Então não, eu não tirarei os direitos de minha namorada de mãe, ela é quão mãe de Carolyn/Luna quanto eu.

- Amor, como faremos com Luna agora que sabemos que ela também é a sua filha?

- Como assim, amor -digo tentando entender a pergunta da mais nova.

- Você vai querer passar mais tempo com ela certo? - seus braços que estão em volta de minha cintura me aperta mais contra o seu corpo.

Eu não tinha pensado nisso. Realmente vou querer passar muito mais tempo com Luna. Recuperar o tempo perdido. Coloca-la para dormir juntamente de José e contar uma história para eles. Coisas simples que sempre imaginei fazendo com os meus gêmeos.

- Porque você não vem morar em minha casa? -me viro na cama ficando de frente para a loira.

- Calliope, você está falando sério? -seus olhos me mostram insegurança

- Sim, muito sério. Na verdade venho pensando nisso a um tempo, e agora que Luna é nossa, podemos começar a nossa família. Eu, você, Luna e José Miguel.

- Esta me pedindo em casamento srta Torres? - sua voz sai divertida me arrancando um sorriso

- Não AINDA, mas quero vocês duas com a gente. E então o que me diz?

- Eu digo sim. Não há nada que nos impede de dar esse passo

Ela sela nossos lábios em um demorado selinho, que virá em um beijo lento cheio de significados.

[...]

Dia seguinte;

Depois do dia agitado e cheia de emoções de ontem, eu precisava resolver questões com a minha mãe. Ela e meu irmão chegariam hoje de uma viagem de dois dias fora.

Acordei logo cedo, passei a noite no apto da Ari e de Aps, depois de pedir para Anna trazer José Miguel até mim. Foi uma noite emocionante para todos nós. Amélia se ofereceu em cuidar das crianças quando Arizona disse que iria comigo até dona Lúcia Torres. Ela não queria me deixar sozinha com a mais velha.

Depois de estacionar o carro em frente a mansão, entramos como um furacão na casa dos meus pais. Os funcionários estranharam meu comportamento, eu sempre fui muito calma e agora estava fora de mim.

- Cadê a Lúcia? -perguntei alto do pé da escadaria. Carlinhos desceu com uma cara confusa

- O quê foi Call? Porque parece tão brava?

- Eu preciso falar com a mama. Ela passou de todos os limites -Arizona se mantém em silêncio ao lado de Esmeralda.

- Que bagunça é essa na minha casa, Calliope? -a voz irritada da mais velha se fez presente.

No topo da escada se encontrava a minha matriarca. Seu olhar frio e arrogante me causava calafrios, mas deixei o medo de lado, não abaixaria minha cabeça. Ela brincou de mais com a minha vida, e esse foi estopim para não querê-la perto de mim e de minha família.

- Como você consegue dormir tranquilamente sabendo que a sua filha sofre à anos por uma filha morta, que na verdade você deu por ser especial? Você é tão baixa Lúcia -solto vendo a cara assustada da mais velha.

Todos olham chocados para a minha revelação. Esmeralda que sempre esteve em nossa família estala os olhos surpresa, e Carlinhos se encontra na mesma situação. Entre às quatro paredes despejo toda a minha fúria em cima da mulher, que agora se encontra frente a frente comigo.

Conto toda a verdade, a verdade que ela escondeu de mim. Palavras duras sai dos meus lábios enquanto me derramo em lágrimas. Nenhum momento mama se deixa abater, a sua pose continua firme e arrogante.

- E você queria que eu fizesse o quê? Que aceitasse aquela aberração em minha família? Eu te fiz um favor Calliope -Suas palavras cortam como lâminas e um estalo se faz presente no ambiente. Arizona tinha acabado de dar um tampa no rosto de minha mãe. E outro e mais outro são dados, nunca tinha visto Arizona tão furiosa assim. Minha mãe tenta se proteger dos tapas, mas a maioria deles pega em seu rosto a deixando descabelada com a pele arranhada.

Carlinhos segura minha namorada pelo braço fazendo a loira parar com o ato. Se fosse depender de mim não impediria, pode parecer insensível de minha parte por ser minha mãe, mas Lúcia Torres estava merecendo, e alguém tinha que fazer isso.

- Sua garota insolente - com fúria diz minha mãe, e quando a mais velha tenta revida o tapa de minha namorada, Arizona segura fortemente no pulso de Lúcia, ela tenta com a outra mão, e com reflexo rápido Arizona também a segura

- Nunca mais ouse a falar assim de minha filha -Robbins a solta fazendo a mesma cambalear para trás -Você é uma mulher nojenta Maria Lúcia

Minha mãe detestava ser chamada assim, seu semblante irritado fuzila todos que a olham.

- Eu quero você longe dos meus filhos, e bem longe da mulher que eu amo. Só guarde essas palavras mamãe... - digo mamãe com desgosto - Nada do que a senhora fez ficará impune. NADA

Irritada seguro na mão de Arizona a tirando daquele lugar. A passos rápidos caminhamos até o meu carro. E quando me encosto no mesmo com a respiração cansada me desabo em lágrimas.

- Eu estou com você, Calliope -sussurra a loira no pé do meu ouvido.

- Obrigada -digo a abraçando.

'Abraço de paz Só em seus braços eu encontrei a paz interior que tanto busquei. Você é meu ponto de luz'.

DESTINO | CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora