Callie
[…] A minha menstruação sempre foi em dia, nunca atrasou. E nesse mês fazia-se exatamente 14 dias de atraso. Eu começo a sentir o medo a bater na porta. Nos últimos dias acabei transando sem camisinha, vacilo meu eu sei, só que eu nunca deixava o Brendon gozar dentro de mim. E mesmo com o remédio as chances agora são gritantes.
Sentia os meus olhos se encherem de lágrimas. E as primeiras pessoas que penso em ligar é para a Addie e a Mer, elas são as únicas que podem me ajudar agora. Explico tudo por telefone e elas não demoram a aparecer em meu apartamento.
— Não acredito que você deu uma dessas, Call. Transar sem camisinha? - começou a ruiva com o seu sermão
— Eu tenho que concordar com a Addie, Call. - disse Mer
Eu apenas revirava os olhos enquanto fazia o teste. Fiz seis de uma vez, só para não ter dúvidas. Eu sabia que minhas amigas estavam certas, eu vacilei.
Alguns minutos depois, ali estava o resultado que mudaria a minha vida. Eu estava realmente grávida.
Os dias foram passando, e eu sempre desistia de contar ao Brendon sobre a gravidez. Estávamos na faculdade, ele bolsista, de uma família humilde. Ele era o primeiro de três irmãos mais velho a fazer faculdade. Mas eu não poderia esconder isso dele, minha família tinha condição, e mesmo que meus pais surtem, principalmente minha mãe, eles irão nos ajudar.
Era uma manhã fria, iriamos completar seis meses de namoro. Era uma data especial para nós. Marcamos de nos ver na cafeteria de frente para o campus. Minhas mãos suavam, e eu tentava manter a calma, eu contaria para ele, e juntos criaremos nosso bebê.
— Bom dia - me cumprimentou. Ele parecia distante
— Bom dia -sorri, mas seu olhar estava perdido pelo estabelecimento
Pedimos nossos cafés, e o silêncio era assustador. Quando decidi contar ele foi mais rápido, e com as mãos em cima das minhas disse:
— Callie, eu acho melhor darmos um tempo
Meu coração queria sair pela boca. Aquilo não poderia ser real. Eu não conseguia dizer nada
— Eu gosto de você. Mas eu preciso focar nos estudos, minha família depende de mim. E com esse namoro não estou conseguindo focar cem por cento nos estudos, e se eu perder a bolsa acabou tudo - disse em um só fôlego — me desculpa, mas para mim não dá mais
Eu só sabia chorar. Nada saia. Sabe aquele momento que seu cérebro para de trabalhar, e você abre a boca mas não sai som algum? Então, era assim que eu estava
— Sinto muito. Te desejo toda felicidade do mundo -o homem de cabelos castanhos e olhos escuros deixou um beijo em minha testa — fique bem
Apenas o acompanhei com o olhar até a saída. Eu estava em estado de choque. Me sentia abandonada. Sozinha. Eu sei que deveria ter falado sobre a gravidez mas não consegui.
Os dois primeiros meses escondi perfeitamente. Passei a usar roupas largas. Mas quando completei três meses, minha barriga parecia ter crescido o dobro, e além do mais ela pesava muito, me impedindo de assistir algumas aulas.
Meredith, Addison e Mark sempre estiveram ao meu lado, me apoiando em minhas decisões, mesmo sendo contra algumas escolhas que fiz.
Eu passava manhãs, tardes e noites dentro de meu apartamento chorando. Os hormônios, e a sensação de abandono me deixavam abalada.
E foi assim que tive que voltar para o Reino Unido. Uma semana antes de pegar o voo descobri que estava esperando não apenas um bebê, e sim dois. Mesmo com tantos problemas eu estava tão feliz. Dois lindos Bebezinhos cresciam em meu ventre.
Para os meus pais foi uma supresa e tanta. Ali estava eu, grávida carregando minhas malas na porta de casa. Deixei para contar da gravidez apenas quando eu chegasse na cidade.
Mama e eu brigamos ali na porta mesmo. Ela disse coisas que me machucaram tanto. Papa estava uma fera, porém se controlava. Ficamos ali minutos parados discutindo, até que me deixaram entrar.
Dona Lúcia não facilitava, todos os dias jogava em minha cara a minha inconsequência. Dizia ter vergonha de mim, pois eu estava sujando o nome de nossa família sendo uma mãe solteira. Várias vezes me obrigou a contar quem era o pai de meus filhos, e eu sempre negava dizendo não saber. E foi assim que passou a me chamar de uma qualquer. Com os dias elas foi "aliviando" para o meu lado.
Os meses foram passando e minha barriga crescia mais e mais. Com seis meses descobrimos ser um casal, eu estava tão feliz. Tinha largado a faculdade por uma boa causa. Papa, e Carlinhos estavam sempre ao meu lado. Carlinhos era a criança mais adorável, ele sempre alisava minha barriga e dizia: "Vocês são os bebês mais sortudos do mundo, por terem a Callie como mamãe" os meus olhos se enchiam de água.
Com sete meses fui internada, a minha saúde e a dos bebês não andavam nada bem. Fiquei dias internada sem poder fazer nada sozinha, e naquele dia, dia 3 de agosto fui autorizada a me banhar sozinha. Eu não estava me sentindo bem, mas achei que fosse apenas uma azia, porem em segundos tudo mudou. Apertei o botão para chamar a enfermeira, e em segundos estava sendo levada para uma sala de cirurgia. Eu não vi nada.
O meu estado era grave, tive um ataque cardíaco. E as chances de eu sobreviver eram poucas,mas ali estava o milagre, um mês e meio na UTI eu sobrevivi, e quando procurei pelos meus bebês, apenas José Miguel estava, Carolyn não aguentou, segundo minha mãe, ela nasceu muito pequena e acabou falecendo. A dor foi grande, foram anos de luto, mas eu aprendi a viver com a sua partida, ainda dói, sempre vai doer. […]
Os olhos de minha namorada estavam cheio de lágrimas, e os meus não estavam diferente. A loira beijou minha bochecha e me puxou para os seus braços.
Estavamos deitadas na caçamba da caminhonete do papa vendo as estrelas. Decidi trazer a loira ali, depois de por José Miguel para dormir, e observando o céu tão estrelado decidi me abrir com a mulher que eu amo. Eu já tinha contado por cima para ela, mas contar os detalhes me fez me sentir mais leve.
Ver as estrelas me fez lembrar de minha menina. E eu acabei me emocionando.
— Eu sinto muito por tudo isso -sussurrou me fazendo um cafuné — você é uma mulher muito forte, Calliope. E com certeza Carolyn esta te olhando lá de cima com muito orgulho
Nós duas olhamos para o céu estrelado. E Arizona disse que Carolyn, era a estrela mais brilhante pois naquele momento ela estava sorrindo para mim. E chorar ainda mais foi inevitável.
Passamos a madruga olhando para o céu, até o sol nascer atrás das grandes montanhas verdes. Foi uma das melhores noites que tive ao lado de Arizona Robbins.
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DESTINO | Calzona
Fanfiction[Concluída]"O Destino é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionada a uma possível ordem cósmica. Portanto, segundo essa concepção, o destino conduz a vida de acordo com uma ordem natural, da qual nada que existe...