CAPÍTULO 46

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09 De outubro de 2003- Reino
Unido

Arizona

Ver o seu corpo ali naquele caixão, com a pele pálida e lábios rachados, me fazia pensar que a vida pode ser como um sopro, uma hora se estar ali, vivendo, sorrindo e planejando o futuro. E no outro se esta dentro de uma caixa de madeira prestes a ser jogada dentro de um buraco.

Pessoas acompanhavam o enterro até o cemitério do centro da cidade. Muitos ali nunca nem vi, outros eram colegas de trabalho e a maioria parentes da mamãe que a maioria tem anos que eu não via. Callie e eu caminhávamos lado a lado abraçadas dentro de roupas escuras. A garoa e o tempo fechado também se fazia presente deixando tudo ainda mais triste. Apesar de tudo que mamãe fez, eu ainda a amo muito, e juntas tivemos muitos momentos bons e felizes.

Depois da ligação de ontem, dizendo que minha mãe tinha partido, Callie passou a cuidar de mim, e foi muito carinhosa e cuidadora como sempre. A latina ligou para Aps,e seu pai e explicou tudo que estava acontecendo e pediu para que as crianças passassem à noite por lá. Por mais que fosse difícil passar a noite longe das crianças, achei o certo a se fazer, não queria que os gêmeos me vissem desse jeito. Além do mais não tinha condições de dá a atenção que eles merecem... Foi uma noite longa e cansativa, e quando clareou estávamos com o carro na estrada. Os pequenos ficaram com Amy e Aps que propuseram a cuidar deles alegando que cemitério não era um bom lugar para crianças.

Carlinhos, que estava ao lado de papai  passou o braço por sua cintura, enquanto o braço do mais velho estava jogado em cima de seu ombro. Enchia meu coração de orgulho pela atitude de Carlinhos, por querer estar ao nosso lado em um momento como esse... Callie beija minha têmpora quando paramos próximo onde seu corpo seria enterrado.

O padre começou o seu discurso citando versículos bíblicos, e dizendo o quanto mamãe era uma mulher boa, e religiosa e de sua alma caridosa. Me perguntei se ele citaria o quão cruel mamãe também foi nessa vida, do quanto ela errou em ajudar uma mulher que queria prejudicar a própria filha. Mas tentei afastar esses pensamentos, não era o momento para isso, queria enterrar mamãe com as lembranças boas.

- Te amo, pequena -sussurra a morena após deixar um beijo em minha bochecha.

Eu já não tinha mais lágrimas para chorar. Meus olhos se encontravam vermelho, igualmente o meu nariz e bochechas.

Todos estavam concentrados nas belas palavras que tia Rute lia. A mulher de cabelos loiro escuro, baixinha de olhos cor de mel, relembrava momentos de suas infância juntas... Olhei para um canto e ali estava ela, a mulher que a semanas que não vejo, que nem imaginei ver tão cedo, ainda mais aqui em um momento como esse.

- O que ela esta fazendo aqui? - perguntei entre dentes para Calliope. A latina olhou para onde eu apontava.

- Eu não faço idéia. A mama só pode estar doida em querer aparecer aqui assim -diz a mesma.

- Aqui ela não fica -e sem ter as chances da latina dizer alguma coisa, caminho a passos largos até Lúcia Torres.

A senhora se encontra dentro de um vestido justo preto, de luvas e um casaco longo da mesma cor. Seus olhos castanhos, que me lembram de minha namorada me olham de cima a baixo.

- Se retire daqui agora. Você não é bem vinda -as palavras pulam de minha boca carregado de ódio.

Lúcia sabia como despertar raiva em fração de segundos. Nunca detestei alguém em minha vida, como detesto essa megera.

- Me poupe garota -ela tenta passar por mim, mas eu seguro fortemente em seu braço a fazendo parar.

- Se você se aproximar daquele caixão, eu mesma te enterro viva naquele buraco.

Nossas trocas de olhares se torna intensa. E capaz de matar o primeiro que passar em nossa frente. Eu via o ódio da mulher por mim, então era recíproco.

- Meu amor, se acalme - Callie toca em meu braço. As pessoas nos olham. Uns cochicham, outros riam e outros me olhavam com pena. Pena, detesto esse olhar, o que eu menos preciso no momento é disso.

- Mama, o que faz aqui? -pergunta Carlinhos parado ao lado da mulher. Essa era pergunta que todos nós que sabíamos do histórico dela com a mamãe queriam saber.

Dona Lúcia puxa os braços de minha mão com raiva.

- Vim enterrar uma querida amiga da época da faculdade. Não que deva satisfação a vocês. -diz com desdém.

- Mas eu não te quero aqui. Então faça-me um favor de se retirar -aponto para a entrada do cemitério.

Vejo a mulher dá dois passos em minha direção. Sua respiração toca em meu rosto.

- Mama, se retire por favor. Respeito o momento, por sua amiga -a latina entra no meio

A senhora Torres passa a mão no rosto de minha namorada, e vejo a mesma se afastar de seu toque. Calliope senti muita mágoa da mulher, acredito que isso doa nela, ter que rejeitar o toque daquela que a colocou no mundo.

- Farei isso por você queria -a mulher se vira pra Carlinhos -E você venha comigo.

- eu vou ficar, Daniel e a Ari precisam de mim

- Eu sou sua mãe, e mando em você agora venha -a mulher arrasta meu irmão. Callie e papai tentando convencer a mulher a deixá-lo, mas sem chances. Meu irmão é menor de idade, e ainda esta sobre as responsabilidades dela.

Posso ver a tristeza de Carlinhos ao ser arrastado pela mulher... Lúcia ainda pagará por tudo que fez ou eu não me chamo Arizona Robbins.

Callie

Menos de uma semana que tínhamos enterrado o corpo de minha sogra. Voltamos para casa depois de Daniel dizer que ficaria bem. O luto era algo difícil de se passar. Digo por experiência própria, passei quase seis anos de luto, um luto por minha filha que no fim nem estava morta. Então eu estava tentando ser para Arizona seu apoio.

Nos últimos dias temos transado todos os dias, e sempre que Arizona ver uma brecha. Como quando estou no banho, depois de colocarmos as crianças para dormir, ou pela manhã assim que abrimos nossos olhos ela começa a me atacar. Eu amo fazer amor com ela, mas o tempo todo, esta me deixando exausta e indisposta pro trabalho. Addie disse que esse esta sendo o jeito da loira fugir de seu luto.

Eu tentava conversar com ela, mas ela sempre desviava o assunto beijando o meu corpo. Como nesse exato momento quando eu tentei propor que ela conversasse com uma psicologa.

- Eu já te disse que você fica sexy de vermelho? -se senta no meu colo com uma perna de cada lado do meu corpo. - Você é tão gostosa latina

- Amor, vamos conversa um..pou..quinho -tento

- Tenho planos melhores -ela arranca a camiseta jogando para um canto qualquer do quarto deixando o seus seios redondinhos expostos. Minha boca chega a salivar com a bela visão em minha frente.

Eu estava cansada, mas também não sou de ferro.

DESTINO | CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora