CAPÍTULO 23

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Callie


Depois de sair da empresa fui direto pra casa dos meus pais. José Miguel estava com o meu pai, que não tinha ido para empresa hoje.

Estacionei o carro, e desci deixando todos os meus pertences lá dentro. Não demoraria muito ali, seria algo rápido, apenas pegaria meu filho e diria um oi para todos.

- Mommy! - gritou Miguel assim que me viu passar pela sala

- Nem parece que nos vimos pela manhã -brinquei beijando sua cabeça com cheirinho de morango - Você esta mais pesado

O peguei nos meus braços fazendo o mesmo rir. Esse garoto é tudo pra mim, e sempre me pergunto como seria ter os meus gemeos em meus braços. José Miguel e a irmazinha brincando juntos. Com certeza ele seria um irmão protetor, cuidaria da irmã, assim como ele cuida e protege Luna.

Me pergunto se Carolyn teria os meus cabelos, os meus olhos. Eu acho que ela seria uma miniatura minha, assim como José Miguel é. Me dói não ter tido a chance de me despedir dela, e dizer que a amava.

- Mommy, você esta chorando?

A voz doce, e as mãos leves de Miguel em meu rosto me tiraram dos pensamentos. Eu estava tão envolvida em meu mundo, que acabei me desligando por segundos.

- Não estou meu amor. Apenas um bichinho que entrou no meu olho -beijei o seu rosto lhe arrancando um sorriso.

Com o meu filho ainda em meus braços, caminhei até o sofá onde meu pai e Carlinhos nos observava.

Assim como meu pai, Carlinhos me deu um beijo na bochecha. José Miguel logo correu pro chão para terminar de montar o seu quebra-cabeça.

- Como você esta? -perguntou papa deixando seu copo de wisky em cima da mesinha de centro

- Estou bem. E o senhor?

- Levando... Eu preciso conversar com você hija -disse o mais velho me deixando preocupada. Entre nós dois não havia segredo, sempre fomos muito abertos um com outro, e eu carregava um grande fardo em minhas costas por esconder algo tão grande do meu pai.

Pedimos pro Carlinhos ficar de olho em meu filho, e subimos pro seu escritório. Me sentei no sofá de três lugares ao lado da porta, e meu pai se sentou ao meu lado. O seu mistério todo estava me deixando tensa.

- Como você sabe o casamento meu e de sua mãe esta indo de mal a pior. E isso já tem alguns anos -ele se levantou e se serviu com mais wisky - Eu aguentei e aguento esses anos todos, por você e Carlinhos. Não existe mais intimidade entre nós, e eu sinceramente não confio em sua mãe

Eu não sei, mas nos olhos de meu pai eu via que ele de alguma maneira sabia sobre a traição de minha mãe, e talvez só talvez que meu irmão não fosse seu filho.

- Quando ela me apareceu grávida depois de uma briga feia entre nós dois eu não tive escolha a não ser aceitá-la de volta. Ela carregava um filho MEU, eu sempre quis ser pai de novo, e quando peguei seu irmão nos braços, eu me apaixonei pelo aquele menino. Ele era MEU. Lembra quando ele nasceu? -assenti com os olhos lacrimejandos

Lembrava perfeitamente desse dia

[...] Aquele pequeno corpinho de bebê enrolado em uma manta azul. Carlinhos tinha os olhos estalados observando tudo em sua volta.

Ele era um bebê cabeludo, seus cabelos eram tão amarelinhos. Quando eu perguntei o do porque seus cabelos serem tão claros mama disse que ele logo escureceriam.

Me aproximei mais da cama, em uma tentativa de fazer carinho em seu rosto frágil.

- Não toque nele, Calliope. Suas mãos estão sujas -disse a mais velha me afastando

Mesmo papa dizendo que eu havia higienizado as mãos, ela não me deixou tocar em meu irmão. Foram meses assim. Eu sempre o admirava de longe, ele era lindo. Seus cabelos nunca escureceram, sempre foi o meu Sol. [...]

- Ele era tão branco, nem parecia filhos de latinos -riu sem humor e se sentou de novo ao meu lado - eu amo aquele menino. Eu amo vocês. Eu neguei para mim mesmo esses anos todos, o obvio. Carlinhos não é meu filho biológico, ele é fruto de uma traição de sua mãe.

Eu deixei um soluço escapar de meus lábios. Eu já sabia de toda a verdade, mas era tão doído ouvir isso da boca de meu pai. Do homem que foi capaz de passar ,e aceitar tudo isso por amor ao seus filhos.

- Eu já sabia disso, papa -confessei e o mesmo me olhou confuso - acabei descobrindo a alguns dias. Eu ia te contar só não sabia como, me desculpa

Deixei as lágrimas descerem por meu rosto. Era um alívio poder dizer aquilo. O mais velho me abraçou, dizendo que estava tudo bem.

- Eu também preciso te contar uma coisa -confessei mirando os seus castanhos sem vida naquele final de tarde

- pode dizer hija

- Eu sei quem pode ser o verdadeiro pai de Carlinhos

Meu pai estalou os olhos e secou as próprias lágrimas.

- Possivelmente o pai biológico pode ser o Daniel Robbins, o pai de Arizona, minha namorada

Expliquei tudo para o meu pai, o do porque das minhas suspeitas. Ele também concordou que poderia ser,pois Daniel era da cidade que minha falecida avó morava, e quando eles brigaram minha mãe tinha ido pra lá.

Meu pai me pediu para contar nada para Carlinhos por enquanto. O meu irmão tinha um campeonato importante nas últimas semanas, e ele estava empolgada e treinando muito para ganhar essa, e uma bomba dessa só iria deixar desconcentrado. E a questão de Daniel ser o possível pai biológico, era para deixar com ele, pois saberia como lidar com tudo dali pra frente.

Depois da conversa cansativa. Me despedi dos dois, e levei José Miguel pra casa. Falei com Arizona rapidamente ao telefone enquanto meu filho tomava banho com a ajuda de Anna, e combinamos de eu dar um pulo em seu apartamento mais tarde.

Jantamos e contei história para o meu pequeno homem. Miguel tinha uma de suas mãos em meu rosto, enquanto a outra tinha um dinossauro abraçado.

Antes de terminar a história o meu pequeno já estava apagado. Deixei um beijo em sua testa sussurrando "eu te amo"e cobri o seu corpo. Antes de sair fiquei o observando, ele era tão lindo, tão meu.

E foi impossível não pensar em meu pai, e essa história toda. Eu apenas pedia para tudo ficar bem logo.

DESTINO | CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora