𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.

𝔑𝔬𝔳𝔢: 𝔧𝔲𝔯𝔞?

PETTER PAN

Os gritos deles me incomodam. Não é como se estivessem sendo torturados ou algo assim.
Reviro os olhos.
Tentavam chamar a atenção de Nora. Embora, ninguém soubesse onde está. Ninguém achou seu esconderijo, muito menos ela.

Resolvo apertar mais as cordas. Menos barulho. Mas quando me abaixo, percebo que o braço de um dos meninos sangra muito. Pego, para analisar o ferimento e ele geme de dor. Provavelmente feito por uma adaga... mas eu nunca deixo os meninos usarem adagas ou facas nesse jogo. Pelo fato de os mais novos não saberem usar e os mais velhos saírem atacando qualquer um pela frente. Mas claro, qualquer outra arma usada com cautela era permitida. Eu que tinha algo sério contra adagas na mão dos outros, embora eu as usasse frequentemente.Injusto, talvez. Mas quem iria contrariar?
-- Quem fez isso?- pergunto.
Sem resposta.
-- Repito: QUEM FEZ ISSO?!
Ele abaixa a cabeça:
-- Não posso, Pan.
Me pego franzindo o cenho. Como assim não pode? O que ele não poderia me contar? E como ele ousava recusar um pedido meu?
-- Diga. AGORA.
Ele inclinou a cabeça para os outros, e reparei que todos tinham a mesma marca. E todos estavam ali... Menos Nora.
Dou um sorriso. Então ela queria brincar? Brincaremos, mas não do jeito dela.
E como...?! Como? Como ela não foi pega ainda?
Não era possível.
Ela estava armando alguma coisa, fato. Eu só não sabia o que era.E isso me deixava com certa raiva.
O propósito do jogo é capturar, se esconder, não ser pego. Mas se eu havia descoberto os esconderijos de todos e meninos, e capturado todos, então ela não tinha tentado pegar nenhum?
Não tinha sentido. Nora Darling não tinha sentido.

Mas ela seria pega. Eu sempre venço, e não vou deixar de vencer hoje. Ela provavelmente sabe que vai ter que me encontrar. Chegou a hora. Sou o obstáculo final.

....

Dois dias. Já se fazem dois dias e ela não aparece. Estaria viva...? Me pego perguntando. Mas logo tiro isso da cabeça. Não me importo.
Mando os garotos calarem a boca. Mas, logo mudo de ideia. Vou até a lareira, e coloco a ponta da minha espada no fogo.
Aponto na direção deles, que logo começam a gritar. Isso.
Continuo os ameaçando, até que escuto passos. Pega na armadilha, Nora se aproxima da caverna em que me escondo.
Direciono mais a espada. Os gritos aumentam. Os passos também.

Descoberto intencionalmente, já estava na hora de eu acabar com esse jogo.