𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.

𝔇𝔬𝔷𝔢: 𝔩𝔦𝔳𝔯𝔢

Pᴇᴛᴛᴇʀ ᴘᴀɴ

Depois de ralhar mais uma vez com o garoto, desisto e volto para meu quarto. Não é possível que eles não consigam fazer nada direito. O que seriam sem mim por aqui?
Suspiro. Eu reclamo, sei, mas a verdade é que me parece simplesmente correto que eu comande tudo. E, sinceramente, até gosto. Não há ninguém a quem eu tenha que obedecer, e esse é um dos privilégios. Não sou preso a nada, nem a ninguém, e me sinto bem assim. Já me apeguei a poucas pessoas, e não deu muito certo. E conforme uma pessoa inteligente faria, aprendo com meus próprios erros. Errar uma vez é humano, cometer o mesmo erro é burrice.
Humano... não. Por Deus- e eu não sei nem se posso pronunciar isso-, NÃO. Tudo, menos ser humano. Bem, pelo menos o tipo de mundano que era o meu pai. Isso nunca.
E os meninos deveriam me agradecer, por torná-los cada vez menos parecidos com aqueles que os abandonaram em outra vida. Ah.
Agora não temos só meninos aqui. Não sei por que diabos tinha que acontecer, mas Nora veio para Neverland. E eu nem sei ao menos se poderá voltar de onde veio. Mas enquanto está aqui, poderia aplicar a ela o mesmo que faço com os meninos...?
Suponho que não. E aí está o problema.
Ela não pode, nem decerto saberá, o que acontece aqui. Me recuso a me rebaixar a isso.
PRA QUÊ UMA MENINA? Para quê??
Elas aparentemente não são tão tolerantes como os garotos. Não daria certo. Elas funcionam de um modo... diferente. E não há outra explicação.
E isso me aborrece. E como aborrece.
Me dará trabalho. E acredito que sou o tipo de sujeito prático que detestaria isso. Mas, embora eu deteste admitir, eu quase que GOSTO disso. É como se eu quisesse que ela realmente passasse mais tempo aqui.
E não, não quero. Que eu seja livre disso.
Livre do cheiro viciante dela, livre do toque ou até mesmo da presença dela.Livre daqueles olhos, ou do raro sorriso. Livre... livre do beijo.
NÃO. Ela precisa sair daqui. E urgentemente. Pelos Céus, ela precisa sair daqui.
E fico me perguntando se EU preciso que ela saia, antes de pegar no sono.