༒⁛𝒒𝒖𝒊𝒏𝒛𝒆༒⁛

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┌𝑷𝒆𝒕𝒕𝒆𝒓 𝒑𝒂𝒏┐
└. .┘

Acordo sentindo uma pressão sobre meu peito. De olhos fechados, me viro de lado, dando de cara com o travesseiro. Passo meus braços por ele, sonolento. Estranho. Eu não me lembrava de ter curvas no travesseiro, mas se encaixava perfeitamente na minha mão, e era muito macio. Desço minha mão direita um pouco, e acabo a apoiando em uma inclinação volumosa.
Abro os olhos.
Cacete. Era um dos seios dela. DELA. E parecia tão certo, bom, meu amigo já não estava como antes, e...
E se ela acordasse e me visse assim, eu acabaria sem ele.
Um lado irracional  dizia para colocar uma mão na região do seu quadril, mas a parte que ainda tinha um pouco de sanidade me fez tirar a mão de lá discretamente.
Me levanto sem fazer barulho e vou até a cozinha. A porta já estava aberta, mas se eu quisesse ganhar a simpatia de alguém...

Nora acorda, e eu entro no quarto gritando "bom dia" e ela me olha com cara de sono, mandando eu me ferrar visualmente.
Quando ela já vai me expulsar do quarto, eu entro com uma bandeja de café da manhã.
Ela ergue uma sombracelha.
—— Que foi? Não posso ser legal agora?- falo, sorrindo
—— Não sei se esse legal é do tipo: tô sendo gentil antes de ser um idiota, como sempre. Ou do tipo: quero alguma coisa de você
Suspiro.
—— Poderia ser o do tipo: simplesmente uma intenção boa?
Ela dá de ombros e balança a cabeça negativamente:
—— Nunca.
—— Qual é, Nora?!
—— A única intenção boa que você poderia ter, é me explicar por que eu tô aqui.- ela diz, com a voz impassível
—— Não- murmuro
—— Não?! Incrível - sussurra,séria.
—— Já disse que não dá, Nora
Ela aperta os lábios, assentindo com a cabeça
—— Tem razão, nunca dá nada que não seja pro seu bem próprio.- fecha os olhos, dizendo em alto e bom tom.
—— PELO AMOR DE DEUS, GAROTA! Dá pra dizer um OBRIGADA?
Nora pega a bandeja e a coloca sobre seu colo, pegando uma uva, sem ao menos olhar pro meu rosto, claramente achando que eu nem merecia isso.
—— Tá. Você não sabe agradecer, saquei
Saio do quarto, enfurecido. Nisso que dá tentar ser legal hoje em dia.
Vou até uma das tribos da ilha, e me encontro com uma índia que já me dava bola a semanas. Era fácil conseguir o que eu queria dela.
Era pra ser a Nora, sempre foi, mas uma parte não está cumprindo com o acordo.

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𝑳𝒐𝒏𝒅𝒓𝒆𝒔, 𝒄𝒂𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝑾𝒆𝒏𝒅𝒚 𝑫𝒂𝒓𝒍𝒊𝒏𝒈, 𝟏𝟗𝟏𝟓

Petter entra sorrateiramente pela janela, sorrindo como o garoto travesso que sempre fora. Wendy nem ao menos se assusta. Suas visitas já eram frequentes, embora fossem mais pra ela do que pra Michael e John. Ele preferia visitá-la enquanto os mesmos dormiam.
Talvez eles não se lembrassem futuramente, da existência de Petter Pan, e era melhor assim. Wendy já se encarregara de contar para seus netos e filhos, pra ele já era suficiente.
Ela já tinha dezesseis anos. Estava quase noiva, e logo iria cumprir com o acordo.
Ele a havia deixado sair da ilha, afinal, com a condição de deixar uma herdeira da família na Terra do nunca, pagando assim muitas vidas dos Darlings. Ele já havia perdido uma querida amiga, Wendy, e sempre havia um preço ao sair de lá.
Seria sua prometida, e eles reproduziriam outro criador. Assim como ele.
Não tinha sido fácil criar Neverland, mas um criador tinha suas vantagens. Tudo ali era dele, incluindo ela.
Wendy olha por cima do ombro de Petter, a procura de alguém mais.
—— Ela não veio. Não vai mais voltar.
Os olhos da garota ficam arregalados, e ela coloca as duas mãos na boca, para abafar o grito, antes que seus pais a ouçam.
—— Que droga, Petter. Sinto muito.
Ele dá de ombros.
—— Um dia teria que acontecer. - diz, mas sua voz vacila.
—— Quem falou?
O garoto abaixa a cabeça.
—— Eu.
Silêncio.
Wendy balanga a cabeça em sinal de negativo, com as mãos massageando a têmpora
—— Não pode ser... por que?
—— As fadas não queriam ajudar a transportar a escolha. Eu tive que dar um susto, e Tink estava perto. Não pude prever. Mas agora elas não me desobedecerão mais.
A garota assente.
—— como vou saber qual é a escolha? Como?
—— Você simplesmente saberá. Continue seu livro, Wendy. Mostre a todos o que realmente aconteceu, e um dia, você vai saber.
Os dois olham pela janela, o sol estava nascendo.
—— Tenho que ir.
Eles se abraçam, e logo depois se vê um garoto voando pelos céus.

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.Onde histórias criam vida. Descubra agora