꧁𝒕𝒓𝒊𝒏𝒕𝒂꧂

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𝑵𝒐𝒓𝒂 𝑫𝒂𝒓𝒍𝒊𝒏𝒈

Eles me levam para um quarto, em uma tenda que agradeço por ser afastada. Me deixam sozinha, e assim que percebo a merda que eu fiz, grito. Até meus pulmões pedirem paz. Bato a cabeça na cama, indignada comigo mesma. O que eu queria ter feito assim que soube que o capitão era meu tio.
Mas, uou, eu iria morrer sem saber disso. E Petter... ele nunca contou. Era meu tio e nem sequer fez questão. Ele não é muito agradável, confesso, mas eu gostaria de saber. Não se descobre que sua bisavó trepou com James hook.
E quem sou eu pra julgar? Não presumo que exista preservativos em Neverland. E eu transei com Petter Pan. E beijei um pirata.
CARALHO.
Eu tinha me esquecido... eu beijei um pirata. Mas por que tanta culpa? Não é como se eu namorasse ou algo assim. Pra ser sincera, Petter nunca é 100% sincero comigo, tenho certeza disso agora, e nunca houve a porra de um pedido. Eu sou livre, certo? Não sou a cadelinha dele, como costumam pensar.
Abro o armário da tenda.
Não acredito que eles tiveram tempo pra escolher roupas pra visitante.
E das bem decotadas, curtas e justas. Eram bonitas, confesso, os piratas tinham certo estilo. Em cima da minha cama, havia um conjunto tão curto, que eu duvidava se seria uma lingerie.
Reviro os olhos. Jace, provavelmente.
Acabo escolhendo uma mini-saia preta (mini, a definição de tudo ali com certeza era MINI) e só pra brincar com ele, coloco o quase sutiã que Jace tinha escolhido. Eu não costumava me vestir assim, não me sentia confortável com meu corpo. Mas me olhei no espelho e... uau.
Uau é a palavra certa. De qualquer modo, me acostumei a estar rodeada de garotos o tempo todo. Não é como se eu odiasse.
Acho que iriam ter algumas meninas, mas, eu estava no jogo. E eu detesto perder.
Apenas escovo meu cabelo e faço um rabo de cavalo, que bate quase na minha bunda. Convenhamos que tinha um tempo que eu não cortava o cabelo. Encontro a audácia de ter até maquiagem no banheiro, e confesso que não resisti ao usar o delineador. Coloco uma bota que eu
particularmente tinha gostado e vazo em direção à praia.
Era inverno, e estava frio. Mas eu não o sentia. É algo dos piratas, esse calor humano, acho. Sorrio.
Em vários sentidos.
A neve já não caia mais, e eu realmente me preocupo com as estações em neverland. Elas são como a minha menstruação, completamente inesperadas. Graças a Deus, a minha já veio esse mês. Céus, eu realmente preciso ver essa questão dos preservativos em Neverland. Dou uma olhada no espelho, sentindo tudo girar. Seria a droga fazendo efeito?
Paro de ficar pensando no frio e saio. Seria um preço a pagar. Afinal, sempre tia um.
Não seria difícil achá-los. Não eram criaturas quietas e muito discretas. Me disseram que era ao final do acampamento. Vou seguindo e vejo o brilho de uma fogueira acesa, e agradeço a quem quer que seja por isso.
Caminho confiantemente até eles, e as conversas param. Os goles das bebidas também e sinto todas as partes do meu corpo queimarem com os olhares.
Jace deixa a garrafa cair.
-- Ah, oi Nora- ele sorri. Ele parecia... corado? MEU DEUS, não. Não aguento e deixo um riso sarcástico sair da minha boca.
-- Olá- falo calmamente.
Observo todos ao meu redor, e a maioria olhava fixamente de volta. Alguns desviavam. Eu sabia que estava sendo analisada, e não me importava.
De certa forma, era divertido.
Me sento ao lado de Jace na fogueira e pego seu maço de maconha e coloco na minha boca, o indagando a me impedir com os olhos. Não foi o único a me olhar surpreso, mas sorriu maliciosamente em seguida.
Dou uma tragada, e observo enquanto conversam. Vez ou outra alguém tem coragem pra falar comigo, e respondo simpaticamente. Sinceramente, não dou muita atenção.
Dançamos e rodamos envolta da fogueira, eu rindo atoa, falando coisas que não me lembrarei depois e não sendo a garotinha comportada que mamãe gostaria que eu fosse. Algumas coisas passam pela minha boca, passam pela minha volta. Tudo vibra. Os problemas parecem menos atraentes e achar novos mais relevante. As pertencentes ao sexo feminino se juntam e começam a dançar, e me enturmo facilmente com as menos piores que encontro lá. Meninas, não sinto exatamente necessidade, mas a companhia é boa. Quanto tempo tinha que eu não conversava com uma garota?
Não consigo lembrar agora. Talvez esteja chapada demais pra isso.
Me ponho ao lado de Prudence- a única com qual simpatizei logo de cara- e balanço meus quadris ao ritmo do dela. Dançávamos sem preocupação, movimentando partes do corpo que as menininhas costumam esconder. Os meninos logo se juntam, não se controlando. Fazem questão de não manter muita distância, e eu sinceramente não estava me incomodando. Alguém que eu não sabia o nome coloca uma mão em minha cintura, e dançamos juntos. Honestamente, eu dancei com muitas pessoas com as quais eu não sabia o nome. Mas aprendo rápido.
Logo a coisa fica mais intensa naturalmente, como as tradições dos piratas. Prudence sorri para mim, e logo estamos em uma roda frenética, onde todos parecem querer pegar um pedaço de cada um.
Deixo o cheiro mágico da fogueira me alegrar e os acompanho. Apesar da neve no chão, tiramos os sapatos. Eram os piratas praticamente gritando " Quebre o gelo". Tomo a mão da minha colega e enlaço seu pescoço, nossos corpo insinuantes. Eu não era burra o suficiente pra não perceber olhares.
E, não sei por que diabos, olho para Jace. Eu estava de costas para Dence- ela pedira pra eu chamá-la assim- minhas mãos acima da cabeça, a cintura a mostra. Bem, sempre tinha a desculpa das drogas, né?
Ele entende como uma deixa pra se aproximar, e ela pisca pra mim, antes de se dirigir a um garoto que beijou cinco minutos depois. Jace segura minha mão e me puxa para si, nossos rostos bem próximos e corpos também.
-- Está se divertindo? - ele sussurra.
-- Muito- falo com a voz meio rouca.
Ele simplesmente sorri e me convida a dançar com ele, e não fui nenhum anjo. Se atreveu a levar a mão a um pouquinho abaixo da minha cintura. Não fiz objeção, e logo um de seus dedos passeava discretamente por meu seios.
Mordo meu lábio inferior. Seria muito errado? Não me importava.
Rio e mordisco seu lóbulo. Ele coloca uma bala em sua língua, e eu logo a tenho na minha boca roubando um beijo. Antes que ele possa retribuir, me afasto provocantemente, mostrando a língua com a bala. Rimos e dou o dedo do meio pra ele, indo me juntar as meninas. Posso sentir seu olhar sobre todo meu corpo.
Logo um pouco menos da metade já foi pra um lugarzinho mais reservado, imagino.
Nós, os resistentes que sobraram, nos reunimos em uma roda e ficamos conversando. Obviamente nem todas do sexo feminino gostaram de mim, e palpitando pelos olhares que dirigiam a Jace, dava pra saber o motivo. E quando eu recebia uma ou outra alfinetada, respondia com inteligência. Ficamos lá até que só restassem sete pessoas:
Eu, Jace, Prudence, Henry, Nalim, Julian e Átila.
Eu só gravei os nomes por que fomos apresentados quando eu estava... menos pior.
Nalim me passa sua garrafa, aceito, tomando um gole.
-- E aí, Nora? Como vai Petter Pan? Você não parece nenhuma cadelinha dele. Me admira que tenha vindo até aqui sozinha- diz, com um ar distraído. Nalim era loira e tinha uma beleza inocente, embora sua personalidade não fosse. É, na verdade, bem gentil.
-- Esse é o caralho que dizem de mim? que inspirador. - rio, tomando outro gole- eu não tenho a mínima ideia de como ele está, não é como se ele fosse meu dono.
-- Olha, tecnicamente...- Henry começa a falar, mas julian o chuta fortemente.
Franzo o cenho. Já era pra eu ter diminuído meu ranço pelo Julian, mas seu jeito antipático não ajudava.
-- Dono ou não, não é certo te guardar só pra ele. Tem que dividir.- diz Átila. Henry concorda.
Prudence revira os olhos e me abraça, caindo no meu colo de bêbada. Geeente, de onde surgiu essa intimidade?
-- Calem a boca, idiotas. É mais fácil ela comer todos vocês. Aguentou até agora.- não sei se ela teve intenção de falar mais alguma coisa, já tinha praticamente desmaiado. A seguro antes que bata a cabeça no chão. Henry a leva para a tenda dela e logo nos despedimos. Que horas seriam?
-- Anda, você já ficou doida demais, vou te levar pra tenda.- Jace segura levemente meu braço e eu o sigo, indo pra minha tenda.
Praticamente me jogo na cama. Ele ri e se senta ao meu lado.
-- Foi legal, hoje.
Parando pra pensar, meu objetivo era estudá-los. Mas no final:
-- É, foi sim. - sorrio pra ele.
Reviro os olhos e bato de leve na cama.
-- Anda, eu sei que você quer.
Ele se deita e nos viramos, e ficamos nos olhando. Eu estranhamente não estava com medo, me sentia a vontade até. Algo me dizia que eu podia confiar. Mas eu não poderia acabar com tudo por um simples pensamento, então não tinha certeza.
Jace estende sua mão, e eu a pego, a acariciando. Me olha nos olhos, e eu mal posso evitar sentir um arrepio. Umedeço meus lábios, a acaricio seu rosto, sem tirar meus olhos dos seus.
" Você vai me enlouquecer, Nora Darling", ele murmura antes de eu o beijar.
Ele me puxa para seu colo e eu levo meu quadril de encontro ao seu, beijando seu pescoço. Pede espaço para a língua e eu concedo, o deixando explorar minha boca. Puxa meu cabelo, e sua boca desliza até minha clavícula, depositando um beijo ali.
Logo ele está por cima, sua ereção roçando em minha barriga já a mostra. Enlaço minhas pernas ao redor de seu corpo, e volto a beija-lo ferozmente.
-- Não- ele murmura.
-- O quê?
-- Não- ele se senta, bagunçando o cabelo. Toma meu rosto entre as mãos - Não é pra ser assim. Eu quero te foder, Nora. Realmente quero. Quero ver esse seu corpo maravilhoso reagindo a mim e gozar nos seus seios. Mas não assim. Não com você chapada.
E aí percebi. Percebi que Jace não era o monstro que eu pensava. Ou ao menos, não estava sendo. Sorrio e lhe dou um selinho, acariciando seu cabelo.
-- E quando eu foder- ele ri próximo ao meu ouvido- você não vai sentir mais suas pernas por dias.
Ele se levanta e caminha até a saída, sem olhar pra trás.
Talvez... eu devesse confiar mais um pouco.

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.Onde histórias criam vida. Descubra agora