᳀ 𝒅𝒆𝒛𝒐𝒊𝒕𝒐᳀

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𝑷𝒆𝒕𝒕𝒆𝒓 𝑷𝒂𝒏𝒏

Olho pra Nora. Ela estava de cabeça erguida, a expressão séria. Mas os olhos tumultuados de desespero e nojo mútuo.
Eu tinha acabado de sair da sede, que ficava ao ponto mais longe ao leste da ilha, e ouvi os gritos. Que não foram nada agradáveis, dizendo de passagem.
Me deparei com essa cena, e com gente que eu realmente, realmente não achava agradável encontrar.
Por Deus, ela não conseguia sair da toca sem que alguma coisa acontecesse?
Suspiro.
Eu que lute.
Aproximo um passo, sem relutância. Faço uma mesura as cordas presas em seus punhos, para soltá-la. Eu não podia demonstrar que me importava, que significava muito. Eu sabia as consequências disso depois.
Mas me importava. Alguma parte de mim gritava internamente, só de pensar o que poderiam fazer. Alguma parte, mesmo que quase inexistente, urrava dizendo que era pra ser eu. Eu, não eles, não ninguém. Será que ela já havia feito antes? Eu não gostaria de saber.
Algo no meu estômago se revira.
Não, esqueça isso. Ela não é nada.
Nada me encarando com os olhos brilhantes, suplicantes. Seria talvez a única vez que eu veria alguma súplica neles.
-- Andem logo com isso. Desamarrem-na, agora.- falo rispidamente.
Minuto de silêncio. Um silêncio decisivo e apesar da situação, nada constrangedor.
Jace hesita um pouco, mas tem a audácia de estufar o peito:
-- Achamos primeiro.
Isso foi o ápice.
Tirei minha espada do cinto e a ergui com firmeza. Me aproximando agilmente e a colocando no pescoço do idiota.
-- Eu disse, AGORA.- aumento o aperto, e ele assente para os companheiros. Eles tiram as cordas, relutantes, mas não a soltam. Pelo canto do olho, posso ver Nora descer a mão um pouco.
Me pergunto o que ela esconderia em algum lugar ali.
-- Não vai querer brincar comigo, Hook- praticamente rosno, pressionando a espada até causar um pequeno sangramento.- ou vai querer o mesmo destino que seu tio?
Os meninos a soltam, e ela arfa de alívio.
Eu rio. Uma risada quase... cruel. Talvez eu me arrependa depois, mas vai ter servido pra alguma coisa.
Jace assume uma expressão de repulsa, e com ódio nos olhos se afasta. Pega a mochila jogada em um canto, e se afasta de vista, sem parar de olhar para mim
Antes de sair, ele se vira para Nora, com puro escárnio estampado no rosto.
-- Sua putinha não vai durar muito tempo, Pann.
Ele sai, sabendo que iria me afetar, e Nora se controla pra não dar o gosto de mostrar pra ele que se importou, segurando a própria mão pra não pegar o que tiver escondido.
A olho novamente. Tinha dor no rosto dela, pela primeira vez, ela não sustenta o olhar, e sai rapidamente. Eu poderia dizer que estava correndo, mas havia certo orgulho em seus passos.
Ela não fugia.
Nora Darling não iria demonstrar que fugiria como uma garota indefesa. Eu conseguia perceber isso em cada pedaço do corpo dela que se mexia. Mas cada osso gritava, um pedido silencioso. E eu soube que ela estava quebrada, como a muralha que era. Conseguiram escalar pedra por pedra, e derrubar os muros.
O pedido que ela orgulhosa demais para demostrar que estava ali.
Quando não a vi mais, soube o que devia fazer.

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