꧁ᴛʀɪɴᴛᴀ ᴇ ϙᴜᴀᴛʀᴏ꧂

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ɴᴏʀᴀ ᴅᴀʀʟɪɴɢ

Saio de um dos bares piratas e despisto meu acompanhante, dando a desculpa de que iria tomar um banho. Eu estava sempre acompanhada agora, não duvidava que eles desconfiassem de alguma coisa. Entro nos meus aposentos da forma mais rápida que consigo enquanto me esperam na entrada. Reviro os olhos, bagunçando o guarda roupa e deixando a porta dele aberta pra insinuar que eu havia pegado alguma coisa. Dou alguns passos pelo quarto e depois volto ao banheiro, fechando a porta com força e ligando o chuveiro. Eu estava naquele bar pra fingir que estava feliz aqui, e ter piratas como testemunha disso. Mas agora, tinha que ser rápida. Pego minha adaga e corto uma fenda na tenda, pequena de início. Olho pra ver se não passa ninguém ao redor e troco de roupa, colocando uma mais confortável. Abro mais o corte e fica grande o suficiente pra conseguir passar, selando ela por fora com uma fita que tinha achado em uma das gavetas do quarto. Estava mais pra uma corda, e eu não queria nem imaginar pra que isso seria usado entre os piratas normalmente. Pra que seria usado por Jace se aquela noite tivesse continuação.
Mas de qualquer forma, se encaixava com os furos que eu tinha feito na lateral e dava pra "costurar" a abertura. Ouço batidas na porta, e me apresso pra sair dali o quanto antes. Ponho minha mochila nas costas e corro o mais rápido que posso. Até meus pulmões não aguentarem.
As pessoas já ficam extasiadas e posso ouvir o burburinho por onde passo, mas não poderia parar. Seria pior quando se dessem conta e viessem atrás de mim.
Estou quase chegando a entrar na floresta, quando sou barrada e arrastada com força pra dentro do acampamento. Chuto e tento desferir socos ao máximo que posso, até que consigo me libertar e volto a correr, mas dessa vez sou acompanhada. Entro na floresta e me escondo entre as árvores quando passam, indo até onde não iria.
Sul. Estávamos no sul, mas havia certeza? Como eu não ia saber se já havia corrido até sudoeste? O lugar mais seguro, agora, seria para o leste, embora eu ainda não soubesse exatamente o que havia lá. Minha toca estava fora de cogitação, seria muito óbvio. Pense, Nora, pense.
Ouço passos pela floresta e saio do meu esconderijo, correndo ao primeiro lugar que vejo. Olho pra trás e os vejo atrás de mim, e viro uma curva, os deixando mais lentos entre as árvores. Continuo a correr até passar por uma clareira e viro a direita, por que os despistaria.
Mas estava enganada. Dou de cara com a mesma pedra em que Jace havia me pego daquela vez, e sou encurralada lá.

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Sou jogada na sala do capitão, caindo no chão de joelhos.
--- ELA FEZ O QUÊ?- ele grita e me levanta bruscamente, me deixando próxima de seu rosto.- idiota. - ele praticamente cospe na minha cara e me lança ao chão novamente, com Jace observando tudo de longe, recostado na parede.
-- E ninguém a vigiou?? Onde estava o vigia?!- o capitão rosna, desferindo suas palavras como um golpe. Se volta pra mim.- parece que você se superou, lindinha. Agora... não tínhamos um acordo?
Ele se agaixa e fica da minha altura, de onde eu estava no chão. Jace parece um pouco alarmado, e mesmo que inconscientemente, move um passo na nossa direção.
-- Deve ter acontecido algum engano, algum dos homens deve tê-la incomodado...- ele diz, cauteloso.
Me viro para o capitão, o desafiando.
-- Incomodado? INCOMODADO?? Cale-se, Jace. Ou dou um jeito em você também. - o garoto parece se encolher ao menor olhar do chefe. - Essa vadia não deveria nem ao menos passar a barreira. Nós deixamos pra lá por que ela voltou, mas ISSO??
Ele segura meu rosto e me permite ver seus olhos, cheios de ira, fúria. Em um simples movimento de uma das mãos, desfere um tapa que faz meu rosto virar para o outro lado. Sinto uma queimação por toda a região e simplesmente paro de sentir o rosto depois de toda a dor. Ele leva a ponta dos dedos até o ponto crescente de sangue em minha bochecha e leva até os lábios, lambendo os dedos. Em seus olhos, eu podia ver um lampejo vermelho, e soube que a lenda sobre os Hook não se tratava de um mito.
Um lampejo. Me fez pensar sobre como seria vê-los totalmente rubros. O que os faria ficar assim.
Estremeço. Não gostaria.
Olho para Jace, que parecia estar em um conflito com si mesmo e peço socorro com o olhar. Ele apenas me encara, seu rosto se contorcendo em uma careta de dor, os lábios contraídos. O olho uma última vez, com repulsa eminente e friamente volto a olhar para o capitão.
-- Oh, não chore querida- ele ri suavemente e lambe uma lágrima que descia por meu rosto.- Poupe suas lágrimas para mais tarde.- diz rispidamente e seus capangas chutam meu corpo fortemente em seguida, e solto um gemido de dor quando sou arrastada até minha tenda, agora coberta de vigias e com grades nas pequenas janelas.
Me soltam lá dentro e um dos homens me prende a cama, me dando uma última olhada maldosa antes de sair.

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.Onde histórias criam vida. Descubra agora