۞ 𝒗𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔۞

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𝑵𝒐𝒓𝒂 𝑫𝒂𝒓𝒍𝒊𝒏𝒈

Sorrio. Eu amava esse jogo. Sempre que podia, fugia dos olhos vigilantes de minha tia e ia sair pra jogar com meus colegas da escola.
Aqui, eu não tinha que me preocupar com os estudos, mas hora ou outra me bate um peso na consciência e eu busco livros escolares para ler. Não queria ficar pra trás, embora no fundo soubesse que não voltaria. Não importava, eu me acostumaria. Talvez já tenha me acostumado.
-- Cadê a garrafa? - pergunto atrevidamente.
Eles se olham e me entregam uma garrafa de vidro, eu a coloco no centro da "roda". Olho em volta pra ver se estão prestando atenção, e ergo a mão na direção do objeto para girar. Sinto alguém se sentar ao meu lado, mas não me incomodo. Giro.
A garrafa para em Gaull e Kevin. Coitado.
Vejo Gaull dar um sorriso malicioso e dirigir seu olhar pra Kevin. Apoio uma mão no queixo, observando.
-- Verdade ou desafio?- pergunta.
Ele hesita.
-- Desafio- ah, claro. A mania masculina de não querer parecer covarde. Rio. O garoto vai fuder com ele.
Gaull parece pensar por um instante, e em seguida dá de ombros:
-- Te desafio a capturar uma Liam d'água.
Kevin arregala os olhos, e eu franzo a testa. Vendo minha confusão, uma voz sussurra sobre meu pescoço.
-- Uma Liam d'água é um animal que só existe em Neverland. É um espírito aquático antigo e sábio, e se pode fazer uma pergunta sobre qualquer coisa que ele diz a verdade. Não pode mentir. Mas é muito difícil de capturar, então...
Eu estremeço, me assustando. Mas logo meu corpo se dá conta de que é Petter e me acalmo.
-- Tem algum risco?- murmuro.
Ele fica um instante em silêncio antes de acrescentar:
-- Sempre tem.
Gaull era um idiota. Um grande de um filho da p...
-- Ma-mas não saem a noite- gagueja Kevin.
-- Pode ser amanhã, não tenho pressa - diz Gaull maliciosamente.
Reviro meus olhos e giro a garrafa, fazendo um favor pra Kevin.
Para em Petter e James, que estava na outra ponta.
Pan acena com a cabeça, não se dando o trabalho de perguntar o que era óbvio.
-- Verdade.- James responde.
E assim vão aleatoriamente, até que desafiei um deles a se vestir de mulher e dançar sensualmente pra gente. O jogo foi seguindo divertido, tranquilo até, antes da garrafa parar no Gaull e em mim. Suspiro e tomo mais um gole da garrafa que eu bebia- que eu não sabia como tinha ido parar na minha mão, ou o que exatamente era-, a passando adiante.
Não preciso citar todos os palavrões que passaram na minha cabeça na hora.
-- Verdade ou desafio?- ele me analisa de cima a baixo, sorrindo.
EU ME ODEIO, eu sei, mas não me pergunte o que se passou na minha cabeça. Eu simplesmente queria que ele parasse de pegar no meu pé, eu sabia que seria pior se fizesse o contrário. Mas ainda assim, me odeio:
-- Desafio.
Os meninos se entreolham, preocupados, e vejo James me dar um alerta com o olhar. Agora já era. Acho que no fundo, mesmo que inconscientemente, eu já sabia o que iria acontecer.
-- Te desafio a me beijar.
Sinto Petter se contorcer ao meu lado, e não preciso olhar para os meninos pra saber sua reação. Levanto a cabeça.
-- Quê? - sem reação Nora, sem reação.
-- Não sabia que era surda.
-- Você tem demência? Pelo amor de Deus, não podem ver uma garota, é? Achei que teria mais criatividade.
Ele praticamente rosna, e eu evito me encolher sobre seu olhar. Petter segura meu braço quando ameaço me levantar, e Gaull olha pra cena, sorrindo sarcasticamente.
Era isso que eles pensavam de mim? Um brinquedo de Petter Pan?
-- Você não precisa fazer isso - ele fala.
Hesito por um momento.
-- Você não é meu dono, Pan- me levanto bruscamente e escuto as exclamações dos garotos.
Gaull bate no colo dele, e eu me sento, puxando seu rosto pro meu e o beijando. Sua língua pede espaço na minha boca, e eu concedo, e pressiono seu corpo contra o meu enquanto ele explora minha boca, suspirando.
Ele desce minha mão até um pouco acima da bunda, e eu o afasto antes do ato.
-- Pronto- falo, evitando mostrar insegurança. Não consigo desviar meu olhar de Petter, que me olhava friamente, com ódio até. Mas antes que eu possa falar algo, seus ódio se dirige a Gaull, que ri, lambendo os lábios.
Sinto uma mão firme em meu braço, me levando pra longe. Petter me arrasta até meu quarto ao chegarmos na minha toca, apertando meu braço bruscamente.
-- QUE CENA RIDÍCULA FOI AQUELA, NORA?!- ele me prensa na parede, aumentando a pressão no meu corpo. Solto um gemido suave de dor.- QUE MERDA TINHA NA SUA CABEÇA?
-- Não sou sua cadelinha, Petter Pan!- grito.
-- Não viu que ele só queria me afetar, porra?!- ele aumenta o tom, falando perto do meu rosto.
-- E que merda eu tenho a ver com isso?- praticamente cuspo as palavras na cara dele- Você me trata como se eu fosse propriedade sua, pensa que eu não percebo? Eu já cansei!- percebo que ainda segura meu braço- Petter, tá doendo.- ele aumenta o aperto- VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO
Petter coloca meus pulsos acima da cabeça, os pressionando contra a parede.
-- E PENSA QUE NÃO ME MACHUCOU VER VOCÊ SE ENROSCANDO COM OUTRO GAROTO, CARALHO?!- viro meu rosto quando percebo nossa proximidade. Ele o vira para si e o ergue em sua direção, pressionando os dedos contra meu maxilar- Responda. Se ele continuar assim, vamos de discussão para a cama.
-- E... eu não pensei, tá?- murmuro.
-- Você NUNCA pensa, só pensa em si mesma!- acusa
-- TALVEZ SEJA POR QUE EU TÔ NA PORRA DE UM LUGAR DESCONHECIDO SEM SABER EM QUEM CONFIAR!- desabafo. Segurando em seus ombros em um misto de raiva e excitação.
Ele percorre um dedo pelo meu rosto, parando na boca, e pressiona seu corpo contra o meu.
-- Eu ainda não mostrei que pode confiar em mim o suficiente?- sussurra, roçando os lábio contra os meus.
Coloco minhas pernas em volta de sua cintura, juntando nossos corpos, e posso sentir sua excitação contra minha roupa. Levo meu quadril de encontro ao dele, e não protesto quando ele me empurra contra minha cama.

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⇨ um leve fogo no rabo+ um pedido de alguém especial= capítulo vinte e três

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.Onde histórias criam vida. Descubra agora