𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆.

𝔒𝔫𝔷𝔢: 𝔬 𝔣𝔲𝔯𝔞𝔠ã𝔬 𝔞𝔠𝔞𝔟𝔬𝔲

~𝔑𝔬𝔯𝔞~

E isso não poderia tê-lo irritado mais. Me segurei para não rir da
sua cara de fracote. E quem diria, Petter Pan, sendo derrotado por
uma garota. Ah, resolvi. Acabei rindo em pensamento.E devo ter rido muito mesmo, por que nem pra ouvir ele me chamando eu prestei.
-- Nora?- se exaltou- NORA!
-- Oi peste
-- Dá pra sair de cima de mim?- pediu, com um sorriso malicioso.
Dou de ombros e saio, soltando a respiração. Céus, eu nem percebi que ela estava presa.
-- Ok, qual é o prêmio?- tento falar qualquer coisa que vem na minha cabeça, mas até que a pergunta veio a calhar.
Ele bufou.
-- Você já ganhou- parecia doer admitir aquilo- quer mais o quê?
Revirei os olhos.
-- Desembucha Pan.- falo, com o tom de voz determinado.
Ele parece anuir um pouco, mas mesmo assim, a cara tacho continua ali, pra quem quisesse ver.
-- Tá... ouro, e cinco semanas de serventia. Além de armas novas e... uma fada.
-- Uma fada?
-- Uma fada.- respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
-- Então... tá.- resolvo assumir a postura dele.- quando?
-- Madame, a senhorita acabou de ganhar o jogo. Respira, tá?- murmurou um dos garotos.
Reviro os olhos, mas acabo rindo com eles também. É... eu tô sem ar...
E Petter também, pelo visto. Dou de ombros, cada um tem seus motivos.
Silêncio...
Engraçado, passei tanto tempo tentando ganhar esse jogo, que agora que já ganhei, estou completamente no tédio. Ele parece ter visto essa expressão no meu rosto:
Ergueu uma sobrancelha ironicamente, e me lançou um sorriso. Como se a vitória só valesse a pena pra ele.
Era um sorriso travesso, daqueles de menino, que geralmente deixavam as pernas das mulheres bambas...
O quê minhas pernas tão fazendo?! Sério? Voltem ao normal, voltem...
Não! Não por Petter Pan...

-- Ah- finjo me lembrar de algo, e assumo uma postura destemida- me esqueci de vocês.- digo, desamarrando os meninos.
Eu não ia dar esse gostinho pra ele.
Enquanto desamarro os meninos, penso no que eu tava fazendo da minha vida. Eu fui chegar ali do nada, e nem sequer me explicaram como. E, acho que me distrai do x da questão por um tempo. Eu nem sequer sabia como tinha ido parar ali... e esse jogo, me tirou do meu propósito. Mas o furacão acabou. Posso colocar minha cabeça no lugar de novo, e quem sabe - não, com certeza- eu descubro o que aconteceu, e acontece.
-- Nora? - Tommy me chama.
Pisco os olhos, e tento fazê-los voltar ao foco para olhar para o garoto.
-- Vamos, daqui a pouco é o jantar de comemoração.
-- Jantar de comemoração?- pergunto. Eles inventam cada coisa.
-- É.- ele diz mecanicamente, e sai, junto com os outros garotos. E percebo que eu estou sozinha na caverna.
Suspiro. Tô sempre acompanhada de gente por aqui, e mesmo assim, sempre sozinha.
Guardo minha adaga, que eu tinha usado para cortar as cordas, e ando serena pela ilha. Sorrio. Eu me sentia naturalmente feliz desde que vim pra cá. Era como se eu simplesmente estivesse fugindo esse tempo todo, e agora estivesse na minha casa.É tão diferente, mas tão igualmente acolhedor, que eu não me importo de ser a única garota, ou até mesmo de ter que aturar os costumes deles.
Tudo me completava. Desde o modo em que o vento balançava meu cabelo, ou como as ondas batiam na areia. Desde o modo como o sol batia na minha pele, ou a energia que eu sentia ao olhar para a flora do lugar. Até mesmo o jeito como os passarinhos cantavam ou como eu adorava sentir a terra em meus pés. Tudo.
E eu simplesmente não sabia como eu consegui viver sem tudo aquilo.
E era incrível o jeito como eu me pegava sorrindo atoa, ou como eu sentia a energia fluindo sobre todo o meu corpo. E eu de algum jeito sabia, que isso era um sinal de que ele implorava para ficar onde ele pertencia.
Tiro meus sapatos, e me permito sentir a terra sobre meus pés. Céus, até o cheiro daquele lugar era perfeito. Respiro profundamente, e toco em algumas plantas enquanto passo. O toque, a textura de tudo, era unicamente bom.Me deixo ter um momento comigo mesma, e depois vou para meu quarto.
Fecho a porta, e me jogo na cama. O que eu mais queria... quantas horas seriam? Verifico.
Apenas cinco e meia. O jantar sempre começa às sete horas. Eu tinha tempo.
Me ajeito na cama, e coloco meu cabelo de lado para que não embole. Fecho meus olhos, e me permito sonhar mais um pouco.

Todos merecem, inclusive eu.