XXIII: Tudo para dar errado

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O sinal ressoava pelos corredores, indicando a troca de salas. Hoje eu não havia visto nenhum rosto conhecido (como se eu conhecesse várias pessoas, né). Fui avisada de que iriamos tirar foto para livro anual, por isso, fui ao banheiro dar um jeito na minha aparência, vejo algumas líderes de torcida com cara de ódio perto de mim, o rosto delas parecia até uma máscara de algum filme de terror.

Quando finalmente me posiciono na arquibancada, vejo o diretor aparecer no púlpito. Aquilo era uma palestra ou o que? Ele bate no microfone e pede silêncio.

– Boa tarde, meus queridos alunos. Vim comunicar que durante está semana o Sr.Evans será substituído, pois o mesmo sofreu um acidente e está internado para recuperação. Tendo em vista sua situação e com muita solidariedade, as duas últimas turmas do ensino médio irão fazer uma visita a ele. Peço que se comportem. – Comunicou ele.

Ai que saco! Por que tudo essa maldita escola tem que estar no meio?

Naquele mesmo momento, todos os alunos do segundo e terceiro anos do ensino médio foram descendo das arquibancadas, indo em direção a saída escolar. De repente, percebo que Charles Melton e seus amigos vinham sentido contrário, pelo visto ele não iria visitar ninguém. O mesmo para diante de mim, me fazendo encarar seu olho roxo.

– Sabe aquele convite que fiz para entrar nas líderes de torcida? Esquece! E espero que não tenha criado esperanças com o que disse ontem, vadias como você não merecem minha atenção. – Diz ele, com seu grupinho rindo atrás.

Antes que ele sumisse do meu campo de visão, dirijo minhas últimas palavras àquele lixo, fazendo-o se virar.

– Dizem que os bêbados sempre falam a verdade, Charles. Não fique se doendo por eu não ter sido mais uma das suas transas, é que eu tinha um cara melhor a minha espera. – Mando-lhe uma piscadela e continuo meu caminho dando uma última olhada para seu rosto de fúria.

Acho que para ele pior do que perder a garota que gosta, é ser desrespeitado em frente aos seus amigos, um escroto mesmo. Segui em direção ao ônibus escolar que nos levaria até o hospital, na esperança que tudo ocorra da melhor e mais calma maneira possível.

Ao chegar no local, descemos do ônibus e ordenadamente passamos pela recepção, a atendente de ontem não estava lá, provavelmente porque o turno dela era a noite, sorte a minha. O diretor vai nos guiando até chegar a sala de espera que ficava em frente ao quarto de Chris, nem um pouco surpresa encontro Bucky lá.

O diretor conversar algo com ele e logo vamos entrando no quarto, como não cabia a todos lá, formavamos grupos de cinco, eu, o diretor, Nikkie Westbrook e mais duas garotas do segundo ano. Quando adentramos aquele ambiente, a primeira coisa que vejo é Chris lendo seu jornal calmamente, seus olhos vão de encontro ao meu, e automaticamente um sorriso cresce em meus lábios, mas antes mesmo que eu pudesse correr para seus braços, as líderes de torcida fazem isso no meu lugar.

Elas começaram a conversar com ele, sem dar uma brecha se quer pra eu poder me aproximar, seus olhos às vezes encontravam os meus e eu percebia o sufoco pelo qual ele estava passando. Seu lindo rosto hoje parecia estar com um pouco mais de vida, era bom poder ver sua recuperação.

Era vez de Nikkie bajular ele, ela sem tempo sentou-se na beira da cara, pondo às mãos em seu cabelo, meu sangue ferveu e eu podia sentir meu rosto queimando. Ela estava pedindo para ser jogada escada a baixo, ver ela dando em cima dele fez meu estômago embrulhar, saio da sala às pressas, indo em direção ao banheiro.

Me encosto na pia de olhos fechados, esperando aquela sensação passar. O banheiro estava vazio, mas comecei a ouvir passos, viro-me para o pequeno corredor que dava pra a saída do corredor e o rosto menos conhecido e esperado apareceu, o médico que ontem estava tratando de Chris. Meu sangue gela, ontem eu tinha dito que era namorada de Chris, e agora estava em uma visita escolar, com certeza ele não iria deixar passar.

– Olha! Se não é você!! Senhorita Dakota. – Diz ele sorrindo.

– Nossa, você se lembra de mim ainda? É... Dr.Calton, sim!? – Digo, tentando ler em seu crachá. – O senhor trabalha aqui a algum tempo, não é?! Deveria saber que esse é o banheiro feminino.

– E eu sei, menina. Mas eu queria poder conversar em particular com você, tem algo que está me intrigando bastante. – Diz o homem que aparentava ter cerca de uns 27 anos.

– Então diga, o que tanto te intriga em mim? – Questiono, querendo que aquilo acabasse logo.

Ele desencosta da parede e da alguns passos até mim, me fazendo recuar nervosamente.

– Sabe... Ontem você disse que era namorada do senhor Evans, e agora está numa visita escolar para vê-lo? Eu não sou burro a ponto de acreditar que você tem 19 anos, né Dakota. E o pior de tudo, é que além de você ser menor de idade, ele é seu professor? Que loucura é essa onde você se meteu, em! – Disse ele com ironia nas palavras.

– N-não é isso que você está pensando Sr.Calton! – Digo começando a tremer. – eu disse que o Sr.Evans era meu namorado só para poder entrar como visita, eu na verdade sou vizinha dele e como o mesmo não tem ninguém além de Bucky Barnes, eu resolvi ajudar.

– Nossa... Que coração bondoso o seu, não!? Mas sinceramente, garota, não acho que sua mãe Lucy iria entender bem essa história. – Falou como uma ameaça.

– Vo-você conhece ela?

– Mas é claro, ela veio para cá só para ser a médica chefe do hospital. Enfim, mas chega de falar disso, sei que a sua situação é difícil, mas posso fazer algo por vc, e vc pode me devolver na mesma moeda.

– Sério? E oque seria? – Pergunto eu, tolamente ingênua.

Vejo suas pupilas dilatarem, quase que tomando todo o castanho claro de seus olhos, lentamente e a sua veia pulsar mais rápido. A medida que ele se aproxima, eu caminho para trás, até que minhas costas embatem contra a parede, sem saída. Seu perfume exagerado escondia seu cheiro de cigarro e ele levanta sua mão para tocar meus cabelos.

– Eu fecho a minha boquinha, e nós entramos ali naquele banheiro, e ai vc escolhe, ou faz meu favorzinho, ou eu conto pra sua mamãe, princesa....

– O que?! Qual é o seu problema? – Digo enfurecida, afastando sua mão imunda de mim.

– Então você não vai ter opção! – Dito isso suas mãos me agarram.

E sem oportunidade de gritar ele amordaça minha boca. Meu primeiro pensamento claro após isso foi Chris, mesmo sabendo que ele não poderia vir, eu rezava mentalmente para alguém aparecer.

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Uma promessa é uma promessa.

•Meu professor, minha obsessão•{Chris Evans}Onde histórias criam vida. Descubra agora